Cultura de Bancada, 20º Número
Cultura de Bancada, 20º número, lançado a 12 de dezembro de 2023
Cultura de Bancada, 20º número, lançado a 12 de dezembro de 2023
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homem desenvolva as suas aptidões físicas
e assim se possam obter gerações mais
fortes, capazes, portanto, de melhor realizar
as grandes tarefas de paz que as condições
sociais lhes hão-de de propor”, um discurso
muito “atrevido” em pleno salazarismo.
A ligação de Redol ao futebol fez-se
ainda mais forte em duas ocasiões: foi o autor
dos diálogos do filme “Bola ao Centro”, longa
metragem que tem como pano de fundo o
futebol e a história da ascensão e queda de
um jogador-operário, que se deixa corromper
pelas “sereias” do sucesso e do dinheiro, mas
sobretudo como Diretor do periódico “Goal”,
um semanário ribatejano de desporto, arte e
literatura.
A produção do Goal era assegurada
por desempregados, com conhecimento em
tipografia, como era referido insistentemente
nas suas páginas. Apostava numa política
de baixo preço de venda (avulso 3 tostões),
provavelmente para não pesar nos magros
rendimentos dos seus potenciais leitores:
o povo de Vila Franca de Xira e da região
envolvente. Saíram 10 números entre janeiro
e março de 1933.
No editorial do primeiro número
(11.1.1933) considerou que o periódico
vinha suprir a ausência de um jornal nessa
matéria. Prometeu “vitalidade moça, cheia
de entusiasmo, repleta de espírito moderno”
e “independência crítica”. Finalmente,
assumiu que no semanário “só conheciam
uma ambição e só lutavam por uma causa:
o Desporto”, cuja prática considerava ter
virtudes revolucionárias na formação do
carácter humano. O semanário estabeleceu
como desígnio “auxiliar todos os clubes
ribatejanos que se dediquem à prática do
desporto”.
Os clubes do Ribatejo, o futebol
e as diferentes modalidades desportivas
constituíram a temática dominante do
novo periódico que assumiu, desde logo,
a necessidade da defesa e divulgação do
desporto por ser um “espectáculo sublime
da força física que garante a consolidação da
força moral”.
Ainda hoje, o legado do Alves Redol
é vivo no Ribatejo e na sua Vila Franca de Xira,
onde a biblioteca da UD Vilafranquense tem o
nome de uma das suas maiores figuras.
Por Eupremio Scarpa
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