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Cultura de Bancada, 20º Número

Cultura de Bancada, 20º número, lançado a 12 de dezembro de 2023

Cultura de Bancada, 20º número, lançado a 12 de dezembro de 2023

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E podíamos continuar. Em todo o congresso,

foi talvez o único momento que nos marcou

pela negativa e não podíamos deixar de

esconder a nossa crítica.

Em todo o restante primeiro dia

de evento, e não querendo propriamente

terminar com esta nossa nota em tom mais

duro, podemos assinalar que todos os painéis

tiveram como tónica uma abordagem positiva

e hospitaleira. Sem descurar os pilares de

safety e security, não há como ter recintos

desportivos em harmonia sem o pilar de

serviço.

Para terminar, e precisamente

neste sentido, salientamos a fantástica (mas

curta) apresentação subordinada ao tema

“Receber bem e ser bem recebido” pelo

Professor Michael Humann, do Centro de

Desenvolvimento e Apoio Educacional da

Universidade de Liverpool. Uma intervenção

que em todos os segundos captou a nossa

atenção. Os seus minutos tiveram como foco

um ponto-chave que é por muitos ignorado

– comunicação. Comunicação, compreensão,

diálogo.

Eu, polícia, entendo a pergunta e o

objectivo do que me está a ser comunicado?

De forma integral, sem subterfúgios ou

anticorpos? Eu, promotor, entendo porque

querem os adeptos uma marcha? Isso

prejudica a segurança? Ou pode ser feito,

com segurança? Então porque não? Todos

nós, adeptos, já fomos confrontados com

o não porque não. Porque “eu não quero”,

“porque é assim”, “porque é a lei”. “Porque,

porque, porque... não”. E conseguimos nós,

adeptos, se nos compreenderem, também

compreender o outro lado? Esta seria uma

intervenção que faria todo o sentido ser

repetida e, quem sabe, levada aos próprios

promotores. Esta é, sem dúvida, daquelas

que é para nós uma das mais importantes

abordagens que a Convenção nos apresenta.

Os restantes painéis do dia,

moderados pelo experiente e sempre

empático Carlos Daniel, marcaram pontos

pela forma leve como assuntos sérios foram

conduzidos – que levaram, muitas vezes, a

que o público se sentisse emocionado pelo

modo como o futebol toca a todos de forma

tão diferente, mas sempre de forma tão

profunda.

Por fim, mencionar a presença de

uma figura muito acarinhada do desporto,

Cândido Costa, que falou do seu trabalho

como Embaixador da Liga 3, e Jorge Reis,

Presidente do Caldas SC, que tem devolvido

o Clube à cidade e aos seus adeptos, criando

um sentimento incrível de pertença.

O foco está, e esteve muito bem,

aqui – mais serviço, menos anticorpos,

mais disponibilidade para ouvir outras

experiências. Mais disponibilidade,

igualmente, para querer absorver outras

realidades, sem a arrogância de achar que

estamos sempre no carro da frente, porque

claramente não é o caso do nosso panorama

– pelo menos no que diz respeito à forma

como são tratados todos os que frequentam

as nossas bancadas.

Por Martha Gens, Presidente da Associação

Portuguesa de Defesa do Adepto

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