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Cultura de Bancada, 20º Número

Cultura de Bancada, 20º número, lançado a 12 de dezembro de 2023

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O FUTURO DO PAÇOS DE FERREIRA

76

Ao longo dos seus 73 anos de

história, o FC Paços de Ferreira foi gerido

seguindo o modelo “tradicional” de gestão

de clubes desportivos: gente da terra

emprestando o seu tempo, conhecimento

e dinheiro em prol do clube. Ano após ano,

os cêntimos eram angariados com recurso a

todo o tipo de atividades: rifas, janeiras, porco

no espeto, etc. Tudo isto para complementar

o dinheiro de quotas dos associados e

patrocínios das empresas e autarquia locais.

Durante anos, o Paços sobreviveu à custa dos

mecenas locais que, apaixonados pelo clube e

pela sua terra, contribuíam para que o futuro

do clube nunca estivesse em causa.

Mesmo em 2013, quando surge a

obrigação legal de constituir uma sociedade

desportiva, os sócios optaram por manter

o clube fechado à entrada de “forasteiros”

que pudessem desvirtuar toda a história do

clube e mantiveram o controlo total através

da criação de uma SDUQ. SDUQ essa que

foi sendo gerida por membros que eram

concomitantemente diretores do clube e

da sociedade desportiva e, por isso mesmo,

sabiam defender os interesses do clube nas

decisões tomadas pela sociedade.

Seguiram-se anos de sucesso

desportivo e, por consequência, financeiros.

A SDUQ não caiu na tentação de investir

os milhões que a Champions ou a venda

do Diogo Jota trouxeram em jogadores de

renome. Preferiu-se apostar nas melhorias

das instalações que, tornam hoje a Mata Real,

num dos melhores locais para os profissionais

de futebol desenvolverem a sua profissão.

Contudo, enquanto o Paços trilhava

este caminho, outros clubes começavam a

abrir-se a capital estrangeiro e o fosso para a

realidade de clubes como o Paços começava a

ser cavado. Nos últimos anos assistimos a um

Boom de entrada de investidores estrangeiros

no futebol português. E não apenas no futebol

profissional. Começamos a ver clubes de Liga

3, CP e até distrital a serem comprados. A

terem fundos que nunca conseguiriam ter

através dos modelos tradicionais de gestão…

mesmo que cantassem as janeiras todos os

meses!

É preciso perceber que o futebol

que muitos de nós aprenderam a amar, não

existe. A defesa da camisola, o orgulho de

ostentar um símbolo, os sacrifícios em prol

de um clube são coisas do passado (salvo

raras excepções). O futebol tornou-se uma

indústria, cada vez mais profissionalizada. Aos

clubes não basta hoje ter um plantel, com um

treinador e um preparador físico, um roupeiro

e um massagista. Há nutricionistas, analistas,

psicólogo, médico, mental coach, team

managers, departamentos de comunicação,

scouting… e por isso, as estruturas de clubes

profissionais são cada vez mais pesadas.

E notem que nem toquei na questão dos

agentes…

Toda esta evolução nos últimos

anos colocam clubes como o Paços numa

posição muito complicada: manter-se no

modelo atual e perder competitividade ou

abrir a porta ao “diabo” e conseguir manterse

no futebol profissional?

Chega a ser caricato pensar que

o Paços que desceu na última temporada

da Primeira Liga, apresente este ano um

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