Cultura de Bancada, 20º Número
Cultura de Bancada, 20º número, lançado a 12 de dezembro de 2023
Cultura de Bancada, 20º número, lançado a 12 de dezembro de 2023
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OS ANOS PASSAM, NÓS NÃO!
78
Será que os anos vividos num
grupo conferem algum tipo de estatuto
dentro do mesmo ou será que sem acção,
com excepção das presenças nos jogos em
casa, esses mesmos anos não passam de um
número? Talvez a resposta mais justa seja
depende. Após alguma ponderação esta é a
minha resposta, e é natural que a vossa possa
ser diferente. Na verdade, e sem mistério,
a resposta depende da maior condição de
todas, de quem responde e sobre quem se
fala. Em vários casos a objectividade parece
relativa e a subjectividade encaminha a dar
uma resposta em função da própria vivência.
Por outras palavras, mesmo nos grupos, não é
estranho que haja formas diferentes de ver o
mesmo problema – no fundo, sem prejudicar
o sentido primário de unidade de um grupo,
cada um vê o mundo com os seus próprios
olhos.
A questão que abre o texto não
é de todo inocente, procurando traçar um
debate entre o SER do grupo e o ESTAR no
grupo. Com isto não procuro encontrar uma
verdade absoluta, apenas abrir a porta a um
tema bastante pertinente que poderá servir
de ponto de reflexão para alguém. Do mesmo
modo, também não pretendo desvalorizar
a história, o trabalho e, por ventura, a
importância de cada um no passado do grupo.
Sem dúvida que posso afirmar que sem
passado não há presente, mas nunca posso
esquecer que sem presente não há futuro.
Neste campo, tudo parece estar conectado.
No parágrafo anterior, acabo
por abrir a cortina ao que suporta a minha
resposta. É claro que os anos que temos de
grupo significam algo de importante, só que
a meu ver o principal destaque deve ser dado
ao sacrifício e esforço apresentado durante
esse tempo. São essas as componentes
que fazem os anos terem outro valor e que
tornam as pessoas em referências do grupo.
Não são heróis, que fique claro, pois acredito
que quem anda muitos anos num grupo e
os leve realmente a sério percebe, como
ninguém, o significado do termo anti-herói.
No entanto, sem a dedicação de quem se
sacrifica, os grupos acabam por perder uma
parte significativa do seu propósito. Para que
não haja desvios na interpretação, ressalvo
que não é sobre líderes que estou a escrever,
mas sim sobre todos os Ultras.
Resumindo, é importante respeitar
o passado, pois é nele que se encontra o
trabalho que precedeu as novas gerações,
mas, se queremos continuar a história, não
podemos descuidar a actividade do presente.
Se é pelo presente que se constrói a história,
então fica fácil de entender que sem esforço
de quem ainda cá está “passaremos à
história”. É agora que as novas gerações têm
que afirmar o seu espaço, passando de ESTAR
a SER, mas o activismo deve continuar a ser
partilhado pelos mais velhos - em teoria, o