Cultura de Bancada, 20º Número
Cultura de Bancada, 20º número, lançado a 12 de dezembro de 2023
Cultura de Bancada, 20º número, lançado a 12 de dezembro de 2023
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por lá.
Deu para conhecer a zona
envolvente ao estádio, onde se concentram
muitos bares e onde se vão reunindo os
adeptos do Atleti. Esta partida tinha a
particularidade de envolver duas formações
apoiadas por grupos de ideologias políticas
opostas, o que em Espanha é sempre
sinónimo de faísca. Ainda assim, não houve
qualquer presença das Brigadas Amarillas,
grupo dos forasteiros, ao contrário de
cerca de duas centenas de ‘aficionados’ do
Cádiz, nada relacionados com a cena ultra e
perfeitamente identificados com as camisolas
do clube. Muitos deles foram passando
por mim desde cedo, tanto a pé como
anteriormente nos transportes públicos.
Curiosamente, nenhum deles teve algum
olhar mais intimidatório de qualquer adepto
mais fanático do Atlético, percebendo-se
facilmente que, por lá, as hostilidades ficam
apenas e só para com os grupos rivais. Os
simpatizantes “normais” são tratados todos
da mesma maneira, independentemente de
serem do mesmo clube ou de um rival.
Nota também para um cenário
idêntico ao do dia anterior a nível de presença
policial nas imediações. Podia passar uma
carrinha ou outra, mas nada de vigílias quase
ofegantes perante adeptos de futebol nas
determinadas áreas em que os mesmos se
encontravam. Também como em Getafe,
era facilmente perceptível distinguir-se, no
exterior, malta do movimento e outro tipo de
apoiantes.
O tempo corria e deu para ir
bebendo mais umas cervejas durante largas
horas para disfarçar o calor. Pelo meio
consegui a recente fanzine da Frente Atlético,
a “Super Atleti”, que voltou a ser feita muito
tempo depois da anterior. Não é grande, mas
é dedicada ao clássico da semana anterior
contra o Real Madrid e tem um bom valor
simbólico pelo regresso à actividade do grupo
a este tipo de escrita.
Foi tempo de ir para o estádio já
com uma multidão a preparar-se para entrar,
neste encontro em que estiveram presentes
mais de 53 mil espectadores. Não foi casa
cheia, mas esteve naturalmente muito bem
composto. Era interessante também reparar
que praticamente todas as camisolas do
Atlético vestidas pelos adeptos tinham o
símbolo antigo, ou melhor, o símbolo antigo
e que agora se tornará novamente no oficial.
Convém salientar que, no passado mês de
Junho, os ‘colchoneros’, depois de cerca de seis
anos de luta contra a direcção, conseguiram
que o seu símbolo voltasse ao que era antes,
tendo sempre rejeitado o último. Depois de
muita insistência, conseguiram-no através de
um referendo, em que várias figuras muito
conhecidas da vida do clube se manifestaram
a favor do regresso, juntando-se à luta dos
adeptos.
O bilhete era destinado para uma
parte superior da bancada sul, ou seja,
por cima de onde fica a Frente Atlético.
O ambiente foi naturalmente agradável,
sendo que, nos cânticos mais fáceis ou até
nos mais sentimentais (caso do hino), o
restante público juntava-se e ajudava a criar
um ambiente frenético, em que as próprias
condições do estádio moderno ajudavam. O
Cádiz já vencia por 0-2 quando ainda nem
meia-hora do encontro estava realizado.