Cultura de Bancada, 20º Número
Cultura de Bancada, 20º número, lançado a 12 de dezembro de 2023
Cultura de Bancada, 20º número, lançado a 12 de dezembro de 2023
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A bancada do grupo era a sul, ou seja, atrás de
uma das balizas. As bancadas estavam muito
bem preenchidas para o início da partida,
tendo a assistência ficado acima dos 11 mil
espectadores, num recinto com lotação para
menos de 17 mil. Iam-se colorindo entre o azul
e o branco, com a particularidade de grande
parte do público estar de boné branco, uma
vez que estavam a ser distribuídos à entrada.
Destaque, também, para muitos adeptos de
várias bancadas apresentarem pequenos
cartazes com a imagem do seu treinador, José
Bordalás, figura muito acarinhada por lá.
Estava um calor monumental, e
três das quatro bancadas eram descobertas
(incluindo aquela em que eu fiquei) e o sol
incidia sem piedade. Nem uma brisa soprava e
era quase impossível estar sequer de camisola
vestida. As várias dezenas de elementos dos
Comandos iam preenchendo a parte inferior
central dessa bancada e, um pouco acima,
juntavam-se muitos jovens de camisola
do Getafe. Também tive oportunidade de
ver um grupo chamado “Cachorros” que,
segundo entendi, não adoptava o estilo
do movimento ultra, mas sim algo mais à
imagem de uma típica “peña”. Confirmava-se
a ideia que já tinha dos espanhóis. Os grupos
são relativamente pequenos e restritos,
acabando por ter uma percentagem muito
mais reduzida que em Portugal no que toca
à quantidade representada num estádio em
relação à assistência total, mas conseguem
firmar bem o seu respeito e comandar as
operações e qualquer ritmo ou cântico. Do
lado visitante, como seria expectável, eram
muito poucos os simpatizantes presentes do
Villarreal.
A partida foi de sentido único,
com o Getafe praticamente sempre por
cima, sendo que a meio da primeira parte
os forasteiros ficaram reduzidos a menos um
jogador. Curiosamente, depois disso, a veia
atacante da formação da casa até decresceu
um pouco. Ainda assim, apesar das várias
tentativas, não houve qualquer golo. O
apoio não foi mau, com os cânticos simples
e típicos do que estamos habituados a ouvir
no mundo ultra espanhol. Reforço que o calor
era claramente uma condicionante, e era
difícil ter capacidade e resistência de estarem
sem esmorecer em ritmos mais eufóricos. O
público que estava sentado acompanhava
apenas nos cânticos mais fáceis e “populares”,
principalmente depois dos lances de perigo.
Convém referir que, perto dos 90 minutos,
já iam saindo alguns adeptos, especialmente
da bancada nascente, originando algumas
“bocas” de quem estava junto a mim,
fazendo questão de gritar que estavam mais
preocupados em sair mais cedo para verem
o Real Madrid [iam jogar em Girona pouco
depois daquele encontro terminar].
Tive novamente curiosidade em
reparar no comportamento das forças de