1. CONTEXTUALIZAÇÃO1.1. FORMAS DE OCUPAÇÃO NA AMAZÔNIA, TERRITORIALIDADES E CONFLITOSA história social da Amazônia está repleta de experiências de reordenaçãosocial em decorrência das ocupações e intervenções. Nestas intervenções hásempre uma conotação de que o dinamismo é trazido pelas forças externas,geralmente do colonizador ou pelo governante, restando ao setor interno (ou local)seguir os rumos dados pela definição da ocupação.As ocupações na Amazônia foram em geral consequências das intervençõesdos grupos econômicos, durante o ciclo da borracha, construção de ferrovias, depolíticas estatais; a política de modernização da agricultura com a expansão dafronteira agropecuária para Amazônia: Projetos Integrados Nacionais - PIN,construção de estradas, políticas de incentivos fiscais. Em muitas literaturas sobre aAmazônia, é ainda comum tratar as ocupações como “ciclos”, ou “surtos”. Estanoção, baseada somente em indicadores econômicos e na fixação de populaçõesem áreas novas, omite a importância de outros modos de vida existentes comocamponeses, indígenas e ribeirinhos.A ideia de ciclos ou surtos repousa na concepção preconceituosa de umapopulação acomodada a fartura dos rios e florestas que precisa ser inserida namodernização, através de programas e projetos. Esta foi a marca das ocupações naAmazônia, ocorridas principalmente nos anos 1970 e 1980, com os programasdesenvolvimentistas, a expansão da fronteira agropecuária, a constituição de polosminerais e siderúrgicos, a exploração madeireira; os chamados grandes projetos.Essas formas de ocupações caracterizaram-se por serem decisões tomadas fora doalcance das populações tradicionais e marcadas principalmente pelo controlegeopolítico. A cada etapa intervencionista na história da Amazônia ocorria uma levademográfica em direção às novas oportunidades, gerando a expropriação deribeirinhos e agricultores, invasão de terras indígenas, ilusão de emprego urbano,violência nos conflitos de terra.Na década de 1990, com a discussão ambientalista no cenário internacional erepercutindo no encontro ocorrido no Rio de Janeiro, a ECO 1992, voltaram-se osolhos para o “tradicional”, oposto a modernização. Neste cenário, outros grupos eorganizações emergiram: ONGs, grupos de pesquisa voltados para a pesquisadesenvolvimento e para a pesquisa-ação; o tradicional foi valorizado através da1
participação comunitária: criou-se associações de moradores, bairros, centroscomunitários, regulamentações e formas de controle na apropriação de recursosescassos, especificamente a pesca dos lagos em determinados períodos do ano.Neste período questiona-se a noção de ocupação procurando entender ascaracterísticas das sociedades locais e sua sociabilidade, sob outra expectativa,mas ainda presa ao exótico, ou da natureza intocada (DIEGUES, 1999). ParaDiegues, esta forma de pensar a natureza, se caracteriza por manter as áreaspreservadas, removendo as populações, ou no máximo permitindo que elasconservem faixas de entorno. Essa é uma das críticas dos ambientalistas sociaisaos conservacionistas clássicos. A critica de Diegues dirige-se à muitos dessesprojetos que não consideram a diversidade cultural das populações com suasespecificações e relações com os recursos naturais.Enfatizaremos a seguir a ocupação no Território da Transamazônica e comoao longo da estrada se formaram núcleos de povoamento, marcando uma civilizaçãona beira da estrada.1.2. A CONSTRUÇÃO DA TRANSAMAZÔNICA E A FORMAÇÃO DE UM NOVOPOVOAMANETO A “BEIRA DA ESTRADA”Para o Regime Militar, a Amazônia era um espaço geopolítico importante,contudo desprovido de organização social, com um povo nômade e sem lei. Ogeneral Golbery do Couto e Silva, eminente estrategista militar traduziu muito bemeste pensamento preconceituoso, no livro “Geopolítica do Brasil”, de 1955. Nestelivro são estabelecidas tipologias geográficas de polos estratégicos brasileiros ediscutidas, com base em preceitos geopolíticos internacionais, as maneiras pelasquais o país devia se defender de possíveis invasões de estrangeiros, comunistas e“homens sem lei”.No arco a Noroeste distendido, de Corumbá – ou mesmo mais ao Sul – atéa comarca distante do Amapá, pelos territórios do Guaporé (Rondônia) e doAcre, todo o ocidente amazônico do Juruá, do Javari, do Japurá e doUapés, Rio Branco e a província guianense, sucedem-se as “marcas” semidesertas,instáveis ainda, quase de todo abandonadas, abertas apenetrações de grupos sem bandeira definida e a correrias de nômadessem lei e onde, em torno de um arremedo de organização política poucoadequada, e um rudimentar sistema de guarnições militares tão esparsascomo débeis, se cristalizam nódulos de população ativa, desprevenidosinteiramente do grande, do enorme, do vital papel que de fato lhes incumbe,2
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