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La - Herencia

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44<br />

Artigo V<br />

Tendo em vista a importância e multiplicidade de<br />

funções que os rios amazônicos desempenham<br />

no processo de desenvolvimento econômico social<br />

da região, as Partes Contratantes procurarão<br />

envidar esforços com vistas à utilização racional<br />

dos recursos hídricos.<br />

É evidente que os Tratados e acordos ficam<br />

aquém do trato coletivo de determinado bem<br />

ambiental fronteiriço ou transfronteiriço. O<br />

Direito Internacional apesar de apontar para<br />

encaminhamentos conjuntos entre os países<br />

na forma de administrar estes bens, ainda não<br />

os reconhece como difusos. A par da<br />

contemporânea solicitação em considerar-se<br />

a água um bem comum da humanidade, esta<br />

via ainda não é possível em âmbito<br />

internacional. A guarida internacional de<br />

grupos que ultrapassam normas nacionais<br />

ainda não foi efetivada, restando, assim, a<br />

proclamação de esforços pontuais em prol da<br />

efetivação dos direitos das gentes.<br />

Neste âmbito, é inequívoca a legitimidade dos<br />

movimentos sociais que propõem<br />

encaminhamentos neste sentido, quanto<br />

pleiteiam frente ao Poder Público de cada um<br />

dos países envolvidos a efetivação de um<br />

interesse legítimo, no cômputo de uma<br />

realidade incontestável, a gestão<br />

compartilhada da Bacia Hidrográfica<br />

fronteiriças e transfronteiriças.<br />

O meio ambiente não pode ser<br />

desmembrado, os corpos de água<br />

desconhecem fronteiras geopolíticas, os<br />

povos que vivem em determinado espaço<br />

compartilhado devem receber de seus<br />

Estados e da comunidade internacional um<br />

tratamento equânime, abraçando a visão<br />

sistêmica na condução de políticas públicas.<br />

O CASO DA BACIA DO ALTO RIO<br />

ACRE E A INICIATIVA MAP<br />

A Bacia do Alto Rio Acre situa-se na região de<br />

fronteira de três países da Amazônia sulocidental<br />

(Brasil, Bolívia e Peru), banhando o<br />

departamento peruano de Madre de Dios, o<br />

Estado brasileiro do Acre e o departamento<br />

boliviano de Pando, sendo uma das áreas de<br />

maior biodiversidade do planeta.<br />

A região vem sendo alvo de intensas<br />

transformações, destacando-se a construção<br />

da Estada Interoceânica, destinada,<br />

precipuamente, ao escoamento dos produtos<br />

brasileiros rumo aos mercados<br />

internacionais. Também o aumento<br />

populacional e o crescente desmatamento na<br />

região são fatores que alertam para a<br />

necessidade premente de implementação de<br />

políticas públicas voltadas ao<br />

desenvolvimento sustentável.<br />

Some-se a isso, a existência de fortes<br />

contrastes no uso e ocupação do solo da<br />

região, que inclui terras indígenas, concessões<br />

de madeireiras, assentamentos agroextrativistas,<br />

propriedades particulares,<br />

unidades de conservação, etc.<br />

Nesse contexto, em junho de 1999,<br />

representantes de universidades, centros de<br />

pesquisas e agências de fomento, reunidos em<br />

evento realizado na Universidade Federal do<br />

Acre – UFAC, iniciaram discussões sobre a<br />

necessidade de articulação entre as<br />

instituições regionais dos três países.<br />

Como resultado daquele evento, tem-se a<br />

“Declaração de Rio Branco sobre Mudanças<br />

Globais”, que enfatizou a necessidade de<br />

estreitamento dos laços acadêmicos e<br />

institucionais na região.<br />

A nomenclatura “MAP”, em referência à<br />

região de abrangência formada por Madre de<br />

Dios (Peru), Acre (Brasil) e Pando (Bolívia),<br />

surge apenas em 2000, em workshop<br />

realizado em Rio Branco – Acre, que já<br />

contou com participantes dos três países.<br />

Segundo Vera Reis (REIS, 2006:130), “essa<br />

iniciativa tornou-se um movimento social<br />

mais que institucional, a partir da participação<br />

de cidadãos livres e independentes dos três<br />

países, desenvolvendo suas atividades com<br />

base em princípios de afirmação e defesa dos<br />

direitos econômicos, sociais e culturais das<br />

populações envolvidas”.<br />

A iniciativa MAP se desenvolve em linhas<br />

temáticas que abordam a conservação<br />

ambiental, o desenvolvimento econômico, a<br />

equidade social e políticas públicas e tem<br />

como núcleo básico de estruturação os<br />

chamados “Mini Map”, que reúnem indivíduos<br />

e representantes de instituições para debate<br />

de idéias sobre um determinado ponto, bem<br />

como para proposição de metas e definição<br />

de uma agenda de trabalho. Os “Mini MAP”<br />

são formados a partir da proposição dos<br />

indivíduos ou instituições interessadas em<br />

debater determinado tema e contam com a<br />

participação de representantes dos três<br />

países.

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