La - Herencia
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Artigo V<br />
Tendo em vista a importância e multiplicidade de<br />
funções que os rios amazônicos desempenham<br />
no processo de desenvolvimento econômico social<br />
da região, as Partes Contratantes procurarão<br />
envidar esforços com vistas à utilização racional<br />
dos recursos hídricos.<br />
É evidente que os Tratados e acordos ficam<br />
aquém do trato coletivo de determinado bem<br />
ambiental fronteiriço ou transfronteiriço. O<br />
Direito Internacional apesar de apontar para<br />
encaminhamentos conjuntos entre os países<br />
na forma de administrar estes bens, ainda não<br />
os reconhece como difusos. A par da<br />
contemporânea solicitação em considerar-se<br />
a água um bem comum da humanidade, esta<br />
via ainda não é possível em âmbito<br />
internacional. A guarida internacional de<br />
grupos que ultrapassam normas nacionais<br />
ainda não foi efetivada, restando, assim, a<br />
proclamação de esforços pontuais em prol da<br />
efetivação dos direitos das gentes.<br />
Neste âmbito, é inequívoca a legitimidade dos<br />
movimentos sociais que propõem<br />
encaminhamentos neste sentido, quanto<br />
pleiteiam frente ao Poder Público de cada um<br />
dos países envolvidos a efetivação de um<br />
interesse legítimo, no cômputo de uma<br />
realidade incontestável, a gestão<br />
compartilhada da Bacia Hidrográfica<br />
fronteiriças e transfronteiriças.<br />
O meio ambiente não pode ser<br />
desmembrado, os corpos de água<br />
desconhecem fronteiras geopolíticas, os<br />
povos que vivem em determinado espaço<br />
compartilhado devem receber de seus<br />
Estados e da comunidade internacional um<br />
tratamento equânime, abraçando a visão<br />
sistêmica na condução de políticas públicas.<br />
O CASO DA BACIA DO ALTO RIO<br />
ACRE E A INICIATIVA MAP<br />
A Bacia do Alto Rio Acre situa-se na região de<br />
fronteira de três países da Amazônia sulocidental<br />
(Brasil, Bolívia e Peru), banhando o<br />
departamento peruano de Madre de Dios, o<br />
Estado brasileiro do Acre e o departamento<br />
boliviano de Pando, sendo uma das áreas de<br />
maior biodiversidade do planeta.<br />
A região vem sendo alvo de intensas<br />
transformações, destacando-se a construção<br />
da Estada Interoceânica, destinada,<br />
precipuamente, ao escoamento dos produtos<br />
brasileiros rumo aos mercados<br />
internacionais. Também o aumento<br />
populacional e o crescente desmatamento na<br />
região são fatores que alertam para a<br />
necessidade premente de implementação de<br />
políticas públicas voltadas ao<br />
desenvolvimento sustentável.<br />
Some-se a isso, a existência de fortes<br />
contrastes no uso e ocupação do solo da<br />
região, que inclui terras indígenas, concessões<br />
de madeireiras, assentamentos agroextrativistas,<br />
propriedades particulares,<br />
unidades de conservação, etc.<br />
Nesse contexto, em junho de 1999,<br />
representantes de universidades, centros de<br />
pesquisas e agências de fomento, reunidos em<br />
evento realizado na Universidade Federal do<br />
Acre – UFAC, iniciaram discussões sobre a<br />
necessidade de articulação entre as<br />
instituições regionais dos três países.<br />
Como resultado daquele evento, tem-se a<br />
“Declaração de Rio Branco sobre Mudanças<br />
Globais”, que enfatizou a necessidade de<br />
estreitamento dos laços acadêmicos e<br />
institucionais na região.<br />
A nomenclatura “MAP”, em referência à<br />
região de abrangência formada por Madre de<br />
Dios (Peru), Acre (Brasil) e Pando (Bolívia),<br />
surge apenas em 2000, em workshop<br />
realizado em Rio Branco – Acre, que já<br />
contou com participantes dos três países.<br />
Segundo Vera Reis (REIS, 2006:130), “essa<br />
iniciativa tornou-se um movimento social<br />
mais que institucional, a partir da participação<br />
de cidadãos livres e independentes dos três<br />
países, desenvolvendo suas atividades com<br />
base em princípios de afirmação e defesa dos<br />
direitos econômicos, sociais e culturais das<br />
populações envolvidas”.<br />
A iniciativa MAP se desenvolve em linhas<br />
temáticas que abordam a conservação<br />
ambiental, o desenvolvimento econômico, a<br />
equidade social e políticas públicas e tem<br />
como núcleo básico de estruturação os<br />
chamados “Mini Map”, que reúnem indivíduos<br />
e representantes de instituições para debate<br />
de idéias sobre um determinado ponto, bem<br />
como para proposição de metas e definição<br />
de uma agenda de trabalho. Os “Mini MAP”<br />
são formados a partir da proposição dos<br />
indivíduos ou instituições interessadas em<br />
debater determinado tema e contam com a<br />
participação de representantes dos três<br />
países.