La - Herencia
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Em primeiro lugar podemos constatar que o<br />
acesso à internet ainda se encontra restrita às<br />
classes mais privilegiadas da sociedade. Nos<br />
países em desenvolvimento, geralmente<br />
apenas uma elite dispõe de acesso à internet.<br />
Desta forma, as chances de desenvolvimento<br />
são mais uma vez limitadas, agravando o ciclo<br />
[1] Uso da internet por região mundial:<br />
"Cisão digital"<br />
Penetração<br />
70%<br />
60%<br />
50%<br />
40%<br />
30%<br />
20%<br />
10%<br />
0%<br />
69,70<br />
America do<br />
Norte<br />
53,50<br />
Australia/<br />
Oceania<br />
38,90<br />
Muitos governos já se alertaram sobre a<br />
necessidade da inclusão digital e hoje<br />
promovem programas para disponibilizar a<br />
TIC para as classes menos privilegiadas,<br />
colocando esta tecnologia a serviço do<br />
desenvolvimento.<br />
Contudo temos que nos alertar sobre o fato<br />
de que as novas tecnologias, não são apenas<br />
instrumentos que nos servem, mas que sua<br />
rápida expansão global também surte grandes<br />
impactos socioculturais. O sociólogo <strong>La</strong>ymert<br />
Garcia dos Santos, escreve sobre o avanço<br />
das novas tecnologias: "Ninguém fica de fora,<br />
nem mesmo quem é excluído do processo<br />
por não querer ou não poder participar. E, no<br />
entanto, em nossas relações com a tecnologia<br />
parece prevalecer uma grande ingenuidade:<br />
como se ainda fosse possível considerá-la<br />
apenas quando ela nos serve".<br />
Neste sentido podemos constatar que a mera<br />
disponibilização de tecnologias de<br />
comunicação, necessariamente, não traz<br />
benefícios para o povo. As grandes<br />
corporações da informação digitalizada<br />
vicioso de exclusão social, econômica e<br />
global. A chamada "cisão digital" enquadra-se<br />
num agravante cenário mundial de<br />
desigualdade, não apenas referente ao acesso<br />
à tecnologia, mas em termos de chances para<br />
o indivíduo desenvolver sua potencialidade<br />
[Ilustração 1].<br />
definem o mainstream 2 da informação da<br />
internet, promovendo uma política de tutela<br />
do usuário, levando-o a informações prédigeridas<br />
e incentivando atos de consumo.<br />
Quando falamos da "inclusão digital", temos<br />
que nos perguntar, qual deve ser afinal o<br />
significado disso? Em qual modelo de<br />
desenvolvimento se insere este conceito, em<br />
que tipo de mundo queremos incluir as<br />
pessoas? Eles devem ser inseridos no<br />
"mainstream" da informação? Devem trocar<br />
sua cultura própria por modas globalizadas e<br />
ser transformados em bons consumidores?<br />
Certamente não queremos isso. E para<br />
podermos evitar esta dinâmica precisamos<br />
ter muita clareza dos objetivos nos quais<br />
pretendemos implementar esta tecnologia e<br />
de que forma ela pode nos ajudar. A<br />
tecnologia de comunicação pode contribuir<br />
com o desenvolvimento sustentável na<br />
medida em que ela for usada de forma<br />
consciente, criativa e pro-ativa, em prol da<br />
autodeterminação das pessoas.<br />
O diplomata Austríaco Walter Lichem<br />
2 Mainstream é algo "que faz sucesso", "que está na moda", "que é popular", "vendável" e "comercial". Dependendo muito do contexto.<br />
17,30<br />
Europa America <strong>La</strong>tina/<br />
Caribe<br />
10,70 10,00<br />
3,60<br />
Asia Oriente Medio Africa