La - Herencia
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descreve esta relação entre desenvolvimento,<br />
autodeterminação e comunicação da seguinte<br />
forma: "O desenvolvimento é um processo de<br />
mudança possível, na medida em que pessoas<br />
disponham de liberdade e condições para<br />
exercer sua autodeterminação. Nesta nova<br />
sociedade, em que a participação e a<br />
autodeterminação ganham importância, as<br />
necessidades de interação e diálogo são<br />
crescentes, o que exige cidadãos informados,<br />
capazes de se comunicar, e de tomar decisões<br />
coletivamente."<br />
Qual seria então este uso criativo e proativo?<br />
Para entender isso melhor, vale a pena<br />
dar uma olhada em alguns marcos históricos<br />
do surgimento desta tecnologia e as<br />
motivações que levaram a construção desta<br />
rede.<br />
O nascimento da idéia da rede mundial pode<br />
talvez ser datada do ano de 1960, quando o<br />
sociólogo americano Ted Nelson teve o<br />
sonho de unir todos os textos literários da<br />
humanidade através de uma rede de<br />
computadores em um único texto que ele<br />
chamou de "hipertexto". Ele imaginou um<br />
mundo paradisíaco virtual, de memória e<br />
liberdade literária, que ele chamou de<br />
"Xanadu" 3 , inspirado numa poesia inglesa do<br />
século dezoito 4 .<br />
A tecnologia avançava. No ano de 1969 o<br />
Ministério de Defesa norte-americano criou<br />
a primeira rede computadorizada chamada<br />
ARPAnet, para o acelerado repasse de<br />
informações militares. Em 1981, a IBM lançou<br />
o "Computador Pessoal" (PC), dando início a<br />
um amplo processo de assimilação da<br />
tecnologia pela população, e um avanço à<br />
indústria de produção de computadores e<br />
software para o grande consumo.<br />
O hipertexto, ou seja a técnica de interligar<br />
textos eletronicamente, ganhou realidade<br />
apenas no ano de 1989, 29 anos após a visão<br />
de Nelson, através de um projeto de caráter<br />
bem mais técnico-científico, do analista de<br />
sistemas britânico Tim Berners-Lee, para o<br />
<strong>La</strong>boratório Europeu de Pesquisas Nucleares<br />
- CERN. A idéia de poder conectar-se através<br />
dos computadores, interconectar e<br />
compartilhar textos foi reconhecida e<br />
adotada por institutos de pesquisa,<br />
universidades e pessoas. Na década de 90<br />
foram lançados os web-browsers da Netscape<br />
3<br />
4<br />
http://www.xanadu.net<br />
1798, Samuel Taylor Coleridge, "Kubla Khan or, a vision in a dream".<br />
e Microsoft. Provedores de internet se<br />
tornaram negócios lucrativos e se instalaram<br />
no mundo inteiro. A rede abriu possibilidades<br />
de negócios, velocidade de transferência dos<br />
dados e o número de pessoas conectados<br />
aumentou, cada vez mais, até a atual rede<br />
mundial com mais de um bilhão usuários.<br />
Este pequeno panorama do surgimento da<br />
rede nos permite distinguir duas tendências<br />
bastante divergentes, que facilitaram sua<br />
construção. De um lado temos a motivação -<br />
como aquela de Nelson - de compartilhar<br />
informação em prol de um processo criativo<br />
e não-lucrativo, procurando promover a<br />
evolução humana. Do outro lado existe uma<br />
forte intenção de usar a tecnologia para<br />
ganhar controle sobre populações e<br />
territórios, tanto por parte de governos, para<br />
finalidades militares; quanto do mercado,<br />
procurando criar e controlar hábitos de<br />
consumo.<br />
Tendo em mente estas duas tendências -<br />
colaboração e livre fluxo de idéias de um lado<br />
e monopolização e controle do outro lado -<br />
e entendendo a urgência da humanidade em<br />
encontrar soluções coletivas para os<br />
crescentes desafios globais, mostra-se a<br />
necessidade de explorar este último<br />
elemento, ou seja, o potencial criativo e<br />
democrático da internet. Neste sentido,<br />
vamos em seguida mencionar alguns<br />
exemplos, mostrando como a rede, no curto<br />
período da sua existência, deu início a um<br />
grande número de iniciativas e movimentos<br />
sociais.<br />
[2] Símbolos do livre fluxo de idéias na Internet:<br />
Linux, GNU, Wikipedia e Indymedia<br />
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