Untitled - Visão Judaica
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ma das melhores palestras<br />
dos últimos<br />
tempos em Curitiba,<br />
aconteceu no CIP, na<br />
tarde do dia 4/12, durante<br />
o “Domingo da<br />
Cultura”, feita pelo professor e historiador<br />
Nachman Falbel, da USP,<br />
sobre a vida e obra de David José<br />
Pérez, ocasião em que também lançou<br />
seu mais novo livro, “David<br />
José Pérez, uma biografia”, pela<br />
Editora Garamond. O evento foi em<br />
comemoração à doação de livros —<br />
a coleção completa do Zohar —<br />
pela Confederação Israelita do Brasil<br />
– Conib, por intermédio do Centro<br />
de Cabala do Brasil à Biblioteca<br />
do Instituto Cultural Judaico<br />
Bernardino Schulman.<br />
O evento foi prestigiado pelo<br />
deputado federal Max Rosenmann,<br />
pela presidente do Centro Israelita<br />
do Paraná/Kehilá, Martha Schulman;<br />
pelo presidente da Federação Israelita<br />
do Paraná, Isaac Baril; pela diretoria<br />
do Instituto Cultural Judaico<br />
Bernardo Schulman, Sara Schulman<br />
(presidente); Célia Galbinsky<br />
(vice presidente), Boris Sitnik (secretário);<br />
pelo professor convidado,<br />
Nachman Falbel; pelo rabino da comunidade<br />
Sami Goldstein, além de<br />
dirigentes das entidades judaicas do<br />
Paraná e um bom número de membros<br />
da comunidade.<br />
Em sua brilhante apresentação, o<br />
professor Nachman Falbel fez uma síntese<br />
da vida singular do mestre, advogado,<br />
jornalista, pedagogo, lingüista,<br />
historiador e ativista David<br />
José Pérez, e da pesquisa na qual<br />
mergulhou para escrever o livro que<br />
resgatou a memória daquela ilustre<br />
personagem que está intrinsecamente<br />
ligada à presença judaica no Brasil<br />
e realizador de feitos memoráveis para<br />
a época e para o local em que viveu,<br />
como por exemplo, lançar e manter o<br />
primeiro jornal judaico em língua portuguesa,<br />
a partir de janeiro de 1916,<br />
“A Columna”, que, no entanto para<br />
sua tristeza, durou cerca de dois anos.<br />
Pesquisador meticuloso, Falbel<br />
teve acesso não só à coleção completa<br />
da publicação como também a<br />
muito material do arquivo pessoal de<br />
Pérez, e também de outros locais,<br />
como o do lendário Colégio D. Pedro<br />
II, do Rio de Janeiro, onde Pérez<br />
foi professor catedrático, e com<br />
os quais foi possível desvendar uma<br />
vida repleta de atividades profissionais,<br />
culturais, judaicas, de natureza<br />
familiar e de seu círculo de amizades.<br />
“Foi sem dúvida uma personalidade<br />
de destaque no judaísmo brasileiro<br />
pelo seu porte intelectual,<br />
representatividade e atuação pessoal<br />
em benefício da comunidade<br />
judaica e da sociedade brasileira”,<br />
observou Falbel, relatando,<br />
entre outras coisas que ele tivera<br />
participação na fundação da primeira<br />
escola judaica do Rio de Janeiro,<br />
assim como participara ativamente<br />
da estruturação do movimento<br />
sionista no Brasil.<br />
Dono de uma vasta cultura, a<br />
ponto de defender uma tese com o<br />
título “Influência do hebraico na língua<br />
latina”, o que lhe possibilitou<br />
vencer o concurso da cátedra de latim<br />
no Colégio Pedro II, assim como<br />
inúmeros artigos e conferências<br />
como “o direito penal na legislação<br />
hebraica”, demonstram a amplitude<br />
e a vastidão dos conhecimentos daquele<br />
judeu brasileiro, cuja família<br />
originária do Marrocos imigrou para<br />
a Amazônia, como tantas outras famílias<br />
judaicas que constituíram um<br />
dos primeiros núcleos de colonização<br />
no Brasil no tempo do Império.<br />
David J. Pérez nasceu na cidade<br />
de Breves, no interior do Pará em<br />
1º de março de 1883, mas em 1906<br />
já se encontrava no Rio de Janeiro,<br />
vivendo com dificuldades. Em 1911<br />
cursava a Faculdade de Direito, onde<br />
pouco mais tarde foi convidado para<br />
assumir um cargo de professor. Pérez<br />
já demonstrava talento jornalístico<br />
antes mesmo de fundar A Columna,<br />
pois colaborava freqüentemente<br />
com alguns jornais do Rio de Janeiro.<br />
Quando decidiu-se pela criação<br />
da primeira publicação judaica em<br />
português no Brasil, e do qual foi<br />
seu redator, tinha como companheiro<br />
de redação um amigo inseparável, Álvaro<br />
de Castilho. Outros poetas, escritores,<br />
professores e jornalistas<br />
judeus e não judeus passaram a colaborar<br />
com o jornal, como José Benedicto<br />
Cohen, Etyenne Brasil, Ambrozio<br />
Ezagui e etc. Uma das primeiras<br />
questões vivenciadas por Pérez,<br />
e que torturava sua alma judaica, era<br />
o fato — tabu durante anos — da<br />
existência de certos indivíduos, que<br />
classificava de miseráveis, que exploravam<br />
o lenocínio e que se diziam<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2005 Kislev/Tevet 5766<br />
Nacham albel lança livro<br />
e fala sobre a vida de David José Pérez<br />
O pofessor Nachman Falbel, antes de lançar seu novo livro em<br />
Curitiba, proferiu palestra sobre a vida de David José Pérez<br />
judeus e prostitutas que nunca se<br />
recusavam a confessá-lo. E, ao tratarem<br />
deste sujo assunto, os jornais<br />
cariocas generalizavam, classificando<br />
os judeus de cáftens e as judias<br />
de prostitutas e Falbel contou que<br />
foi isso que levou Pérez a lançar seu<br />
jornal em português, para explicar a<br />
todos que existe o judaísmo são e<br />
que por isso chamou Álvaro de Castilho,<br />
um não-judeu, um espírito altamente<br />
esclarecido e suficientemente<br />
ilustrado para conhecer a gloriosa<br />
história do povo judeu. Ele<br />
ainda ajudou a fundar o Sindicato<br />
dos Professores no Rio de Janeiro,<br />
a Confederação do Professorado Brasileiro.<br />
Em 1928 lecionava hebraico<br />
na Faculdade Evangélica de Teologia<br />
Seminário Unido, lecionando<br />
depois em diversos colégios e faculdades.<br />
Em 1951 foi nomeado<br />
para a cátedra da língua e literatura<br />
hebraica da Universidade do Brasil.<br />
Em 20 de novembro de 1959 recebeu<br />
na Câmara Municipal do Rio<br />
o título de “Cidadão Carioca”. Faleceu<br />
em 14 de abril de 1970.<br />
foto: Szyja Lorber<br />
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