Untitled - Visão Judaica
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ara aqueles que nunca<br />
tinham visto ou ouvido<br />
um palestino dizer que<br />
eles estão errados em relação<br />
a Israel, a lúcida entrevista<br />
do ativista pelos direitos humanos<br />
Bassem Eid à revista Veja, na<br />
qual diz “também temos culpa“ e que<br />
“a ocupação israelense virou desculpa<br />
para os próprios erros dos palestinos”<br />
causou profunda repercussão.<br />
O coro de vozes quase monolítico de<br />
acusações — muitas delas sem o menor<br />
fundamento — desmoronou. A<br />
outra face do conflito ficou exposta<br />
de tal maneira que se enxerga hoje,<br />
claramente que quem viola os direitos<br />
humanos dos palestinos são os<br />
próprios palestinos. E Bassem Eid<br />
confirmou isso. Antes da entrevista<br />
à Veja, ele já havia falado também<br />
ao Programa Terceiro Milênio, transmitido<br />
pelo canal GNT da Net.<br />
Vivendo nos territórios ocupados,<br />
Bassem Eid, ocupa-se da monitoração<br />
e denúncias das violações de<br />
direitos humanos cometidas pelos<br />
próprios palestinos. Jornalista, ele<br />
trocou sua carreira pela de ativista<br />
de direitos humanos em 1988, quando<br />
ingressou no Bet Selem, ONG israelense<br />
que investiga abusos das tropas<br />
de Israel nos territórios ocupados.<br />
Mas em 1996, indignado com a<br />
arrogância ditatorial da Autoridade<br />
Palestina criou o Grupo Palestino de<br />
Monitoramento de Direitos Humanos,<br />
com a ajuda de doadores europeus.<br />
O comportamento “rebelde” de Eid<br />
já lhe causou muitos aborrecimentos:<br />
foi preso pela polícia palestina<br />
e interrogado durante 24 horas. Foi<br />
também acusado de traição e ameaçado<br />
por grupos terroristas. Mas nem<br />
por isso parou de continuar denunciando<br />
a corrupção no governo palestino<br />
e os abusos da polícia e dos<br />
grupos armados, como o Hamas.<br />
Eis um resumo de suas declarações:<br />
“A sociedade palestina divide-se<br />
em três categorias. A primeira, a maioria,<br />
é formada pelos cidadãos que têm<br />
medo da Autoridade Palestina e dos<br />
grupos armados. A segunda inclui os<br />
que defendem apenas seus interesses<br />
pessoais – e perderam o interesse público.<br />
A última é a dos alienados, que<br />
não se importam se vivemos numa ditadura<br />
ou numa democracia. Nenhum<br />
desses grupos se propõe a denunciar<br />
os abusos cometidos pela Autoridade<br />
Palestina e pelos bandos armados. Também<br />
não vejo uma articulação pela democracia<br />
no meio acadêmico ou na imprensa<br />
palestina”.<br />
“Os palestinos fazem parte do mundo<br />
árabe. Jamais estudam na escola<br />
conceitos como democracia, liberdade,<br />
pluralismo e direitos humanos. A<br />
única referência são os regimes autoritários<br />
da região. No que se refere à<br />
humilhação imposta às mulheres e ao<br />
desrespeito aos direitos individuais,<br />
não há diferença entre o que ocorre<br />
em Damasco e na Faixa de Gaza”.<br />
“Se algo mudou após a retirada<br />
dos israelenses de Gaza foi para pior.<br />
Por incrível que pareça, os palestinos<br />
tinham mais segurança. As tropas<br />
israelenses impediam que os grupos<br />
armados agissem livremente. Depois<br />
da retirada, os terroristas do<br />
Hamas impuseram a lei do terror aos<br />
moradores de Gaza”.<br />
“Yasser Arafat, o presidente da<br />
Autoridade Palestina até morrer, em<br />
2004, foi um ditador. Ele usou a<br />
ocupação israelense como desculpa<br />
para seus erros. Aliás, a mania<br />
de responsabilizar os outros pelos<br />
próprios fracassos é uma característica<br />
da sociedade palestina. O<br />
que os israelenses têm a ver com as<br />
violações de direitos humanos cometidas<br />
por palestinos contra palestinos<br />
em nossas prisões? Nada,<br />
mas insistimos em culpá-los”.<br />
A intifada foi um desastre, a pior<br />
coisa que poderia ter nos acontecido.<br />
Não conseguimos nada e ainda<br />
perdemos o pouco que havíamos conquistado<br />
no passado. Tudo por culpa<br />
de Arafat, que governava de acordo<br />
com seus interesses pessoais, e<br />
não com os do povo palestino. Ele<br />
comandava pessoalmente os grupos<br />
armados que alimentavam a intifada.<br />
Até sua morte, mais de 80% dos<br />
palestinos apoiavam a intifada. Hoje,<br />
esse índice não passa de 40%”.<br />
“Arafat tomou posse como presidente<br />
da Autoridade Palestina em<br />
1996, mas já era corrupto desde que<br />
assumiu a liderança da Organização<br />
para a Libertação da Palestina, trinta<br />
anos antes. Desde 1996, estimase<br />
que mais de 60% da ajuda financeira<br />
internacional aos palestinos<br />
tenha sido desviada”. “Os israelenses<br />
acreditam que Abu Mazen é mais<br />
democrático, o que facilitaria um<br />
diálogo direto. O problema é que ele<br />
tem o DNA ideológico de Arafat.<br />
Ambos fazem parte da mesma geração<br />
de líderes palestinos que surgiu<br />
e cresceu sob regimes autoritários<br />
do Egito, Síria, Argélia, Iraque e<br />
Jordânia. Esses políticos nunca<br />
praticaram nenhum tipo de democracia,<br />
e agora não seria diferente<br />
com Mazen. Para fechar um acordo<br />
com Sharon, ele terá de desarmar o<br />
Hamas e a Jihad Islâmica, entre<br />
outros grupos terroristas. Se tomar<br />
essa iniciativa, ele correrá o risco<br />
de cair. Como nenhum palestino<br />
quer perder o emprego, muito menos<br />
Abu Mazen, as coisas devem<br />
continuar como estão”.<br />
“A população israelense sabe que<br />
um acordo de paz traria segurança a<br />
Israel e, por isso, apóia uma solução<br />
negociada. Por causa do sofrimento<br />
acumulado por tantos anos de ocupação,<br />
o palestino comum não tem<br />
tão claro esse desejo de paz. Ele olha<br />
para o país vizinho e vê que os israelenses<br />
têm liberdade de movimento<br />
e levam vida normal. Enfim, tudo o<br />
que não pode fazer ou nem sequer<br />
sonhar. Essa diferença colossal toca<br />
fundo nos palestinos. Tivemos várias<br />
oportunidades fechar um acordo<br />
definitivo, inclusive os que contemplavam<br />
a criação de um Estado<br />
independente. Mas o rancor pelo sofrimento<br />
vivido e o orgulho sempre<br />
falaram mais alto, e acabamos desperdiçando<br />
todas essas chances”.<br />
“O direito de retorno dos refugiados<br />
ao território que hoje constitui<br />
Israel é uma bandeira usada mais<br />
pela Autoridade Palestina do que<br />
pelos próprios refugiados. A insis-<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2005 Kislev/Tevet 5766<br />
Palavras corajosas de um palestino<br />
Bassem Eid<br />
Bassem Eid denuncia violações dos direitos humanos, corrupção e ignorância<br />
tência de incluir essa exigência<br />
como questão inegociável foi um<br />
artifício utilizado por Arafat em<br />
2000 para irritar os israelenses e<br />
mantê-los sob pressão. O que realmente<br />
interessa a esses refugiados<br />
e descendentes é obter emprego,<br />
moradia digna, hospitais e escolas<br />
para os filhos. Não se fala mais em<br />
direito de retorno. A maioria dos<br />
palestinos esqueceu o assunto”.<br />
“O mundo acredita que o Oriente<br />
Médio será um paraíso se houver<br />
paz entre israelenses e palestinos.<br />
Não é bem assim. O ex-premiê<br />
israelense Shimon Peres acertou<br />
quando disse que o desenvolvimento<br />
econômico da região, e não um<br />
acordo de paz ajudaria a criar um<br />
novo Oriente Médio”.<br />
Calendário de Eventos<br />
Keilá do Paraná<br />
Dezembro/05<br />
Segunda a sexta-feira<br />
dias 19 a 23 – das 14 as 18h<br />
5<br />
Colônia de Férias do CIP<br />
Oficina de pipa, oficina de bijuterias,<br />
atividades esportivas, cinema, artes,<br />
jogos na piscina e muita diversão!<br />
Para crianças de 4 a 8 anos - Vagas<br />
Limitadas!<br />
Preço: R$ 25,00 por dia ou R$100,00 a<br />
semana<br />
Inscrições na secretaria do CIP.<br />
Local: CIP - Trav. Agostinho Macedo, 248.<br />
Terça-feira – dia 27 – 19h<br />
Festa de Chanuká na Praça 29 de<br />
Março<br />
Oficina de Chanukiá, atividades para as<br />
crianças, brinquedos, jogos, música,<br />
comidas típicas e acendimento da<br />
grande chanukiá às 20h15.<br />
Local: Praça 29 de março.