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Untitled - Visão Judaica

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TURISMO<br />

Safed — Alta Galiléia (2)<br />

Antônio Carlos Coelho *<br />

Safed é considerado como um dos<br />

quatro centros de importância espiritual<br />

do povo judeu. Situada na Alta<br />

Galiléia, atrai quase que exclusivamente<br />

visitantes judeus. Esta cidade que<br />

provavelmente teve origem nos tempos<br />

bíblicos, só ganhou importância<br />

espiritual a partir do século 16, quando<br />

chegaram judeus vindos de Sefarad.<br />

Entre eles, estavam notáveis intelectuais<br />

e místicos judeus. Com a<br />

sua presença, intensificou-se a vida<br />

religiosa em Safed, tornando-a o mais<br />

importante centro do misticismo judaico.<br />

Conta-se que na segunda metade<br />

do século 16, Safed tinha uma<br />

população judaica de 14 mil pessoas,<br />

todas ilustradas nos textos sagrados,<br />

de forma que a “luz da Torá resplandecia<br />

sobre a cidade”.<br />

Safed merecidamente é chamada<br />

de “Cidade da Cabala”. Nela viveram<br />

rabinos de grande expressão que formaram<br />

suas yeshivot e sinagogas. Rabi<br />

Yosef Karo (1488-1575), autor do livro<br />

Schulchan Aruch, obra referencial<br />

do judaísmo, estabeleceu sua<br />

pequena sinagoga, situada numa das<br />

ruas mais movimentadas. Nela encontra-se<br />

o rolo da Torá mais antigo de<br />

Israel (é o que se diz). Também vive-<br />

ram e ensinaram em Safed grandes<br />

mestres como o Rabi Moisés Cordovero<br />

(1522-1570), um dos mais importantes<br />

autores da mística judaica.<br />

Cordovero elaborou uma síntese<br />

dos estudos da Cabalah de grande<br />

importância. Rabi Isaac Luria Askenazi<br />

(1534-1572), filósofo refinado,<br />

criou um sistema filosófico complexo,<br />

reservado apenas a alguns iniciados.<br />

Rabi Isaac, já no seu tempo,<br />

falava da origem do universo, atribuindo<br />

a um fenômeno que chamou<br />

de Tzimtzum, muito semelhante à teoria<br />

do Big Bang. O Rabi Chaim Vital,<br />

autor do livro “Árvore da Vida” também<br />

viveu e ensinou em Safed.<br />

Ainda no século 16, judeus vindos<br />

de Lublin, estabeleceram uma<br />

gráfica na cidade, onde foram impressos<br />

os primeiros livros judaicos<br />

de Israel e do Oriente Médio.<br />

Mais tarde, no século 18 os discípulos<br />

de Baal Shem Tov somaramse<br />

à população e, no século seguinte,<br />

chegaram os discípulos do<br />

Rabi Eliahu Gaon de Vilna.<br />

Conta-se que pouco antes do<br />

cair da tarde, nas sextas-feiras, os<br />

jovens iam às portas de Safed para<br />

esperar a “Noiva do Shabat”. Lá cantavam<br />

os seis salmos iniciais da li-<br />

turgia de Kabalat Shabat e depois,<br />

o conhecido poema Lechá Dodi, de<br />

Shlomo HaLevi Alkabetz, irmão de<br />

Rabi Cordovero. Posso imaginar o<br />

que seria um Shabat em Safed. Deveria<br />

ser vivido com intensidade,<br />

com tanto respeito e alegria, que<br />

seria possível experimentar, no presente,<br />

a redenção futura. Em Safed<br />

não havia limites entre casa e sinagoga,<br />

o Shabat cobria a cidade<br />

como um manto e o universo inteiro<br />

repousava no sétimo dia.<br />

Safed, no entanto, passou por<br />

duros momentos. No século 17, em<br />

razão do declínio do governo turco,<br />

a população sofreu graves privações<br />

econômicas, mesmo assim a<br />

vida espiritual se manteve ativa. No<br />

século 19, um terremoto (1837)<br />

matou cerca de 5 mil habitantes,<br />

reduzindo a comunidade judaica<br />

para 400 membros. Só em 1913 ela<br />

voltou a ter um número de membros<br />

significativo, 11 mil. E, novamente,<br />

logo após a Primeira Guerra,<br />

em razão das dificuldades econômicas<br />

o número de judeus reduziu-se<br />

a menos de 2 mil. A partir de<br />

1948, com a independência de Israel,<br />

a população tornou-se exclusivamente<br />

judia e voltou a crescer.<br />

* Antonio Carlos Coelho é professor, colaborador do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> e diretor do Instituto Ciência e Fé.<br />

VJ INDICA<br />

LIVRO<br />

Valores, Prosperidade<br />

e o Talmude<br />

Lições de Negócios dos Antigos Rabinos<br />

Larry Kahaner Tradução: Fernandes, M.C.<br />

Editora Imago, 265 pp<br />

Valores, Prosperidade e o Talmude leva o leitor a repensar sua postura sobre os assuntos dos<br />

negócios que subsistem há milhares de anos e, enquanto os modismos empresariais vêm e<br />

vão, as antigas lições do Talmude são eternas, profundas, éticas e práticas – para todos.<br />

O Talmude trata de uma imensa gama de atividades humanas, concentrando-se propositalmente<br />

nas relações de negócios. O sábio talmúdico Rabá, disse que a primeira pergunta feita<br />

a uma pessoa no julgamento depois da morte é “você conduziu seus negócios com boa-fé?”<br />

Por que esse interesse pelos negócios e, por extensão, pelo dinheiro e pelo lucro? Essa<br />

ênfase certamente parece consolidar o estereótipo de que os judeus se preocupam excessivamente<br />

com o dinheiro. Contudo, essa visão superficial está longe da verdadeira natureza do<br />

judaísmo e do que os rabinos talmúdicos tentavam transmitir.<br />

ERRATA<br />

Na edição nº 41 do <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, na página.... “<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> indica livros”,<br />

por engano, foi publicado como sendo o autor do livro ‘O caçador de<br />

pipas’, Philip Roth, quando na verdade ele é de Khaled Hosseini. Fica a<br />

correção para os leitores de VJ.<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2005 Kislev/Tevet 5766<br />

Uma rua movimentada da parte velha da cidade de Safed<br />

O interior de uma<br />

das tradicionais<br />

sinagogas de<br />

Safed<br />

19<br />

Pintura de Marc Chagall representando uma sinagoga de Safed

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