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Vamos ver o Irão olhos nos olhos - Fonoteca Municipal de Lisboa

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aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente<br />

para ser gran<strong>de</strong>, tem <strong>de</strong> ser<br />

terrorista, ir ao fundo das carnes<br />

exangues da <strong>nos</strong>sa cultura.<br />

Roth viria mais tar<strong>de</strong> a escre<strong>ver</strong><br />

“Património”, “Pastoral Americana”<br />

e “O Teatro <strong>de</strong> Sabbath”. Não<br />

precisava <strong>de</strong> ter escrito mais nada.<br />

A natureza<br />

do <strong>de</strong>sejo<br />

Um romance magistral que<br />

narra a estranha e trágica<br />

história do primeiro e<br />

único amor do poeta do<br />

romantismo alemão, Novalis,<br />

o autor <strong>de</strong> “Hi<strong>nos</strong> à Noite”.<br />

José Riço Direitinho<br />

A Flor Azul<br />

Penelope Fitzgerald<br />

Tradução José Miguel Silva<br />

Relógio d’ Água, 15€<br />

mmmmm<br />

Será possível terem<br />

sido escritos bons<br />

romances no século<br />

XX como se não<br />

tivessem existido<br />

“gran<strong>de</strong>s escritores”<br />

durante as décadas<br />

prece<strong>de</strong>ntes? Como<br />

se as influências dos<br />

nomes “incontornáveis” pu<strong>de</strong>ssem<br />

ser <strong>de</strong>spiciendas em alguma da boa<br />

literatura produzida em finais do<br />

século XX? Serão essas obras uma<br />

espécie <strong>de</strong> romances anacrónicos?<br />

Talvez. (Mas isso interessa muito?)<br />

A resposta às duas primeiras<br />

questões parece ser “sim”, e a<br />

inglesa Penelope Fitzgerald (1916-<br />

2000) — quatro vezes finalista do<br />

Booker Prize e uma <strong>de</strong>las vencedora<br />

(com “Offshore”, 1979) — arriscou<br />

escre<strong>ver</strong> um que o prova, e <strong>de</strong> que<br />

maneira. “A Flor Azul” foi publicado<br />

ooriginalmente g a e teeem 1995 995— et e três êsa a<strong>nos</strong> os<br />

<strong>de</strong>pois<br />

distinguido<br />

com o<br />

American<br />

National<br />

Book<br />

Critics<br />

Award<br />

— e bem<br />

po<strong>de</strong>ria ter<br />

sido escrito<br />

no século XIX, mas não vem<br />

nenhum mal ao mundo literário ter<br />

aparecido cem a<strong>nos</strong> <strong>de</strong>pois.<br />

Em “A Flor Azul”, Penelope<br />

Fitzgerald (que escreveu o primeiro<br />

dos seus nove romances aos 60<br />

a<strong>nos</strong>) narra-<strong>nos</strong>, em jeito <strong>de</strong><br />

biografia romanceada, os a<strong>nos</strong> do<br />

começo da ida<strong>de</strong> adulta do barão<br />

Friedrich von Har<strong>de</strong>nberg (1772-<br />

1801), que ficou para a história da<br />

literatura com o pseudónimo<br />

Novalis, um dos mais importantes<br />

poetas do Romantismo Alemão do<br />

século XVIII. O romance abrange os<br />

a<strong>nos</strong> da formação intelectual do<br />

poeta e filósofo Novalis, a sua<br />

passagem pelas uni<strong>ver</strong>sida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Iena, Leipzig e <strong>de</strong> Wittenberg, e os<br />

seus encontros com os pensadores<br />

que o marcaram intelectualmente, J.<br />

Gottlieb Fichte e Friedrich von<br />

Schlegel, isto para além <strong>de</strong> Goethe,<br />

cujo espírito romântico tutela o<br />

romance apesar <strong>de</strong> ter apenas uma<br />

aparição fugidia como personagem.<br />

Mas “A Flor Azul” é sobretudo a<br />

história <strong>de</strong> um amor estranho e<br />

trágico, o <strong>de</strong> Novalis por Sophie von<br />

Kühn (a quem ele chama a “humana<br />

perfeição e graça moral” e por causa<br />

<strong>de</strong> quem escreveu a sua obra mais<br />

famosa, “Hi<strong>nos</strong> à Noite”), que à<br />

época em que ambos se conheceram<br />

tinha apenas 12 a<strong>nos</strong> <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (e, ao<br />

que parece, uma inteligência<br />

igualmente reduzida), tendo por isso<br />

que esperar que ela festejasse os 14<br />

para que as promessas <strong>de</strong> casamento<br />

fossem oficializadas com o<br />

cumprimento dos tradicionais<br />

rituais pelas respectivas famílias (à<br />

época, Novalis tinha 23 a<strong>nos</strong>).<br />

Fitzgerald conta a história numa<br />

prosa extraordinariamente <strong>de</strong>licada<br />

e elegante, em capítulos curtos, por<br />

vezes cada um <strong>de</strong>les <strong>de</strong>dicado<br />

apenas a uma personagem (ou<br />

melhor, à maneira como ela pensa a<br />

história do seu “ponto <strong>de</strong> vista”) ou<br />

a um acontecimento. Tudo <strong>de</strong>corre<br />

entre dois ou três lugares perdidos<br />

nas terras da aristocracia da Saxónia<br />

do século XVIII, no exacto ambiente<br />

histórico stó co e espírito esp to da<br />

época, tudo<br />

cuidado cuidado pela autora aao<br />

pormenor,<br />

incluindo as subtis ref referências<br />

literárias românticas qque<br />

iluminam a<br />

história do amor <strong>de</strong> Novalis N por<br />

Sophie, como a referência referê profética<br />

feita (como se Fitzgerald Fitzgera fosse uma<br />

sibila) à personagem Mignon, M <strong>de</strong> “Os<br />

A<strong>nos</strong> <strong>de</strong> Aprendizagem<br />

<strong>de</strong> Wilhelm<br />

Meister”, <strong>de</strong> Goethe: “Ela “ é apenas<br />

uma criança, ou melh melhor, um<br />

espírito, ou uma vi<strong>de</strong>n vi<strong>de</strong>nte. Ela morre<br />

porque o mundo nã não é<br />

suficientemente suficientemente ppuro<br />

para a<br />

acolher.”<br />

É sobretudo sobretud na errância<br />

<strong>de</strong> alguns pensamentos<br />

p<br />

quase impenetráveis imp <strong>de</strong><br />

Novalis qque<br />

muitos dos<br />

capítul capítulos se centram,<br />

na espiritualida<strong>de</strong><br />

e<br />

do d poeta-<br />

Penelope Fitzgerald foi quatro vezes fi nalista do filósofo, f na sua<br />

Booker. Ganhou o prémio uma vez, em 1979<br />

eterna<br />

tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir a natureza das<br />

coisas, e na génese da “flor azul” —<br />

que se tornaria num dos símbolos<br />

mais fortes do movimento<br />

romântico, e sobre a qual Novalis<br />

escre<strong>ver</strong>ia o romance (que <strong>de</strong>ixaria<br />

incompleto) “Heinrich<br />

d’Ofterdingen” (o tradutor usa, e<br />

bem, a edição portuguesa do<br />

romance, tradução <strong>de</strong> Luiza Neto<br />

Jorge, “Tertúlia do Livro”): “estou<br />

longe <strong>de</strong> sentir a mínima cupi<strong>de</strong>z;<br />

mas quanto à Flor Azul, essa sim,<br />

anseio por <strong>de</strong>scobri-la! Não me sai<br />

da cabeça, não consigo pensar ou<br />

imaginar outra coisa além <strong>de</strong>la.<br />

Nunca nada me impressionou <strong>de</strong>sta<br />

maneira: (…) tão insólita paixão por<br />

uma flor única.”<br />

A natureza trágica <strong>de</strong>ste amor <strong>de</strong><br />

Novalis parece já anunciada na sua<br />

vida, em variadas situações, mesmo<br />

antes <strong>de</strong> ele conhecer Sophie; é<br />

nessa espécie <strong>de</strong> jogo <strong>de</strong><br />

adivinhação, <strong>de</strong> iluminar o caminho<br />

para um <strong>de</strong>stino igualmente trágico,<br />

que o talento <strong>de</strong> Penelope Fitzgerald<br />

mostra a sua exuberância<br />

transformando uma história que<br />

po<strong>de</strong>ria ser lamechas numa obraprima.<br />

A poesia<br />

da <strong>de</strong>cepção<br />

Um romance que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong><br />

logo na primeira frase que<br />

a infelicida<strong>de</strong> é inevitável.<br />

Pedro Mexia<br />

O Desfile <strong>de</strong> Prima<strong>ver</strong>a<br />

Richard Yates<br />

Tradução Nuno Guerreiro Josué<br />

Quetzal, 14,95€<br />

mmmnn<br />

“Nenhuma das<br />

irmãs Grimes estava<br />

<strong>de</strong>stinada a ser<br />

feliz”, assim começa<br />

“O Desfile <strong>de</strong><br />

Prima<strong>ver</strong>a”, e<br />

quando terminamos<br />

a última página<br />

lembramo-<strong>nos</strong><br />

<strong>de</strong>ssa frase inicial como uma<br />

maldição cumprida. O quarto<br />

romance <strong>de</strong> Richard Yates, cujo<br />

título original é “The Easter Para<strong>de</strong>”,<br />

saiu em 1976, e foi consi<strong>de</strong>rado um<br />

regresso à boa forma, aos tempos <strong>de</strong><br />

“Revolutionary Road” (1961).<br />

Os elogios parecem exagerados,<br />

não apenas porque Yates nunca<br />

igualou a qualida<strong>de</strong> da sua estreia,<br />

mas também porque os seus sete<br />

romances são bastante parecidos<br />

uns com os outros, quase só variam<br />

na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concisão. Aqui,<br />

Yates é sucinto e rápido, e<br />

percorremos as décadas <strong>de</strong> 1940 a<br />

1960 numa sucessão <strong>de</strong> cenas com<br />

várias elipses narrativas.<br />

SÃO<br />

LUIZ<br />

JUN~1O<br />

SÃO<br />

LUIZ<br />

JUN~1O<br />

24, 25 E 26 JUN<br />

QUINTA, SEXTA<br />

E SÁBADO ÀS 22H00<br />

JARDIM DE INVERNO M/12<br />

AUTORIA<br />

NUNO COSTA SANTOS<br />

INTERPRETAÇÃO<br />

DINARTE BRANCO<br />

DIRECÇÃO ARTÍSTICA<br />

NUNO COSTA SANTOS<br />

DINARTE BRANCO<br />

REALIZAÇÃO E<br />

EDIÇÃO DE VÍDEO<br />

PAULO ABREU<br />

SONOPLASTIA<br />

SÉRGIO GREGÓRIO<br />

LUZ<br />

FELICIANO BRANCO<br />

PRODUÇÃO EXECUTIVA<br />

PRODUÇÕES FICTÍCIAS<br />

PRODUÇÃO<br />

TEATRO MICAELENSE<br />

SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL<br />

BILHETEIRA DAS 13H ÀS 20H<br />

RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO, 38; 1200-027 LISBOA T: 213 257 650; BILHETEIRA@TEATROSAOLUIZ.PT<br />

GERAL@TEATROSAOLUIZ.PT / T: 213 257 640<br />

BILHETES À VENDA NA TICKETLINE E NOS LOCAIS HABITUAIS<br />

Cláudia Galhós<br />

João Salaviza<br />

António Mega Ferreira<br />

José Sasportes<br />

Luísa Taveira<br />

Fernando Lopes<br />

3O JUN<br />

PINA<br />

BAUSCH<br />

UM ANO DEPOIS<br />

Toda a programação em<br />

www.teatrosaoluiz.pt<br />

© josé fra<strong>de</strong><br />

Ípsilon • Sexta-feira 25 Junho 2010 • 41<br />

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