Vamos ver o Irão olhos nos olhos - Fonoteca Municipal de Lisboa
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Concertos<br />
As actuações ao<br />
vivo da Orchestre<br />
Poly-Rythmo <strong>de</strong><br />
Cotonou perduram<br />
na memória colectiva<br />
com um carácter<br />
mítico<br />
46 • Sexta-feira 25 Junho 2010 • Ípsilon<br />
Pop<br />
<strong>Vamos</strong> lá<br />
apren<strong>de</strong>r<br />
a dançar<br />
Concerto histórico pela<br />
mítica Orchestre Poly-<br />
Rythmo, do Benim. Não há<br />
coisa com mais graça que<br />
ter uns velhotes a pôr<strong>nos</strong><br />
a mexer à séria. João<br />
Bonifácio<br />
Orchestre Poly-Rythmo <strong>de</strong><br />
Cotonou<br />
<strong>Lisboa</strong>. Fundação Calouste Gulbenkian - Anfiteatro<br />
ao ar livre. Av. <strong>de</strong> Berna, 45-A. Dom., 27, às 19h. Tel:<br />
217823700. 10€.<br />
Programa Gulbenkian Próximo<br />
Futuro.<br />
Esperemos que os <strong>de</strong>uses estejam do<br />
<strong>nos</strong>so lado. Se assim acontecer há<br />
uma boa hipótese <strong>de</strong> quem se <strong>de</strong>r ao<br />
trabalho <strong>de</strong> ir à Gulbenkian levar<br />
com peças <strong>de</strong> joalharia como “Gbeti<br />
Mdajro”, em que guitarras<br />
“highlife”, rendilhadas, trepidantes,<br />
encontram o que são<br />
<strong>ver</strong>da<strong>de</strong>iramente “breakbeats” antes<br />
<strong>de</strong> existirem “breakbeats”. Isto é:<br />
uma bomba <strong>de</strong> ritmo frenético.<br />
Nome importante da música<br />
africana dos a<strong>nos</strong> 60 e 70, a<br />
Orchestre Poly-Rythmo editou, a<br />
partir da sua base no Benim,<br />
qualquer coisa como meia centena<br />
<strong>de</strong> “singles” e uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
álbuns, enquanto acumulava<br />
actuações ao vivo que perduram<br />
hoje na memória colectiva com um<br />
carácter mítico — basicamente, eram<br />
os reis da pista, que faziam a cena<br />
rolar, o suor exsudar, a tensão<br />
entesoar.<br />
As coisas manti<strong>ver</strong>am-se neste pé<br />
até que a SoundWay, magnífica<br />
editora <strong>de</strong>dicada à recolha das<br />
melhores jóias da música africana,<br />
editou “The Kings of Benim –—<br />
Urban Groove 1972-80”, objecto que<br />
<strong>de</strong>via ser obrigatório em todas as<br />
casas <strong>de</strong> bem. É certo que estão mais<br />
velhos, mas isto é como andar <strong>de</strong><br />
bicicleta: nunca se esquece. E não há<br />
coisa com mais graça do que ter uns<br />
pares <strong>de</strong> velhotes a pôr-<strong>nos</strong> a mexer<br />
à séria.<br />
O combate<br />
<strong>de</strong> Guillul no<br />
Ateneu<br />
Quando sobe a um palco,<br />
Tiago Guillul quer fazer as<br />
coisas em gran<strong>de</strong>. Mário<br />
Lopes<br />
Tiago Guillul<br />
<strong>Lisboa</strong>. Ateneu Comercial. R. Portas <strong>de</strong> Santo Antão,<br />
110. 4ª, 30, às 21h30. Tel: 213246060. 8€.<br />
Se “V”, o último álbum <strong>de</strong> Tiago<br />
Guillul, vive sob o signo dos a<strong>nos</strong><br />
1980, se é <strong>nos</strong>talgia revista e<br />
actualizada para comentar 2010, faz<br />
todo o sentido que o concerto oficial<br />
<strong>de</strong> apresentação do disco em <strong>Lisboa</strong><br />
acentue essa relação. No Ateneu<br />
Comercial <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, na próxima<br />
quarta-feira, terá lugar “V — A<br />
Batalha Final <strong>de</strong> Tiago Guillul”.<br />
O título dado à celebração foi<br />
retirado da mítica série <strong>de</strong> ficção<br />
científica que <strong>de</strong>ixou os préadolescentes<br />
<strong>de</strong> então (agora jovens<br />
adultos que têm os seus empregos,<br />
os seus filhos e que, por vezes,<br />
Tiago Guillul<br />
chegam mesmo a gravar discos)<br />
aterrorizados com a perspectiva <strong>de</strong><br />
uma invasão do planeta Terra por<br />
lagartos antropomórficos, mas o<br />
ví<strong>de</strong>o promocional, realizado por<br />
Samuel Úria, monta várias cenas<br />
clássicas <strong>de</strong> pugilismo no cinema.<br />
Tudo isto, claro, acentua o mistério.<br />
Que acontecerá nesse dia em que<br />
será apresentado o álbum <strong>de</strong> “São<br />
sete voltas para a muralha cair” ou<br />
“Praia Ver<strong>de</strong>”, o álbum <strong>de</strong> “kuduro”<br />
estilizado, <strong>de</strong> tropicalismo com<br />
“loop” <strong>de</strong> sintetizador antigo e <strong>de</strong><br />
pop para trautear com o sol a bater<strong>nos</strong><br />
na cara?<br />
Guillul não adianta muito. Diz-<strong>nos</strong><br />
que não ha<strong>ver</strong>á uma apresentação<br />
integral do álbum, antes uma festa<br />
em estética <strong>de</strong> combate musical.<br />
Participarão, entre muitos outros,<br />
Joaquim Albergaria, dos Paus e autor<br />
dos trepidantes coros <strong>de</strong> “São sete<br />
voltas...”, Samuel Úria, Ângelo Silva<br />
ou o colectivo <strong>de</strong> hip-hop cristão<br />
Atalaia.<br />
“V”, um dos <strong>de</strong>staques da<br />
discografia portuguesa <strong>de</strong> 2010 é a<br />
<strong>de</strong>sculpa para o concerto, mas a<br />
“batalha” (fraterna, quer-<strong>nos</strong><br />
parecer) é a <strong>ver</strong>da<strong>de</strong>ira razão <strong>de</strong><br />
tudo isto. Dado que Tiago Guillul,<br />
conforme confessa ao Ípsilon, não<br />
prevê uma intensa cadência <strong>de</strong><br />
concertos, quando subir a um palco<br />
quer fazer as coisas em gran<strong>de</strong>. O<br />
Ateneu será o ringue do primeiro<br />
“round”.<br />
Clássica<br />
Uma vida<br />
com Chopin<br />
Jean-Marc Luisada encerra<br />
a programação pianística<br />
do Festival <strong>de</strong> Sintra com<br />
um recital <strong>de</strong>dicado ao<br />
compositor polaco. Cristina<br />
Fernan<strong>de</strong>s<br />
Jean-Marc Luisada<br />
Queluz. Palácio Nacional. Largo do Palácio. 4ª, 30,<br />
às 21h30. Tel: 214343860. 20€.<br />
Festival <strong>de</strong> Sintra 2010.<br />
Jean-Marc Luisada é o último dos<br />
gran<strong>de</strong>s pianistas convidados do 45º<br />
Festival <strong>de</strong> Sintra, este ano <strong>de</strong>dicado<br />
às efeméri<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Schumann e<br />
Chopin, compositores nascidos há<br />
200 a<strong>nos</strong>. Sendo duas figuras<br />
maiores do Romantismo e da<br />
literatura para piano em particular,<br />
vêm directamente ao encontro do<br />
perfil <strong>de</strong> um festival que há décadas<br />
assenta a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> neste<br />
período da história da música e no<br />
seu instrumento por excelência.<br />
Por seu turno, a carreira <strong>de</strong> Jean-<br />
Marc Luisada, que interpreta no dia<br />
30 no Palácio Nacional <strong>de</strong> Queluz<br />
um programa inteiramente <strong>de</strong>dicado<br />
a Chopin, está intimamente ligada<br />
ao compositor polaco. Foi <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
ter vencido o prestigiado Concurso<br />
Chopin <strong>de</strong> Varsóvia em 1985 que este<br />
pianista francês, nascido na Tunísia<br />
em 1958, iniciou uma importante<br />
carreira internacional e foi graças às<br />
gravações da integral das Valsas e<br />
das Mazurcas que cimentou a sua<br />
reputação como intérprete <strong>de</strong><br />
referência <strong>de</strong> Chopin. Na sua<br />
próxima actuação em Portugal<br />
tocará os três Noctur<strong>nos</strong>, op. 9, as<br />
quatro Baladas, as Mazurcas op. 24 e<br />
op. 30 e o “Andante Spianato e<br />
Polonaise Brilhante”.<br />
Em paralelo com a sua carreira <strong>de</strong><br />
concertista <strong>nos</strong> maiores palcos<br />
mundiais, Jean-Marc Luisada foi<br />
construindo ao longo dois a<strong>nos</strong> uma<br />
importante discografia, primeiro na<br />
etiqueta Harmonic Records e mais<br />
tar<strong>de</strong> na Deutsche Grammophon e<br />
na RCA-BMG (actualmente BMG-<br />
Sony). Além da música <strong>de</strong> Chopin<br />
<strong>de</strong>stacam-se as suas gravações dos<br />
Concertos <strong>de</strong> Grieg e Schumann,<br />
bem como <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> Mozart,<br />
Haydn, Liszt, Scriabin, Fauré ou<br />
Dvorák.<br />
Margaret Leng Tan<br />
Música a sério em<br />
pia<strong>nos</strong> <strong>de</strong> brincar<br />
Margaret Leng Tan<br />
Guarda. Teatro <strong>Municipal</strong>-Pequeno Auditório.<br />
R. Batalha Reis, 12. Amanhã, às 21h30. Tel:<br />
271205241. 5€.<br />
Os pia<strong>nos</strong> são <strong>de</strong> brincar, mas a<br />
música e a interpretação são a sério.<br />
Margaret Leng Tan não é uma<br />
curiosa que um dia <strong>de</strong>cidiu criar<br />
“performances” pitorescas a partir<br />
<strong>de</strong> brinquedos, mas uma pianista <strong>de</strong><br />
sólida cultura e formação com<br />
relações estreitas com compositores<br />
<strong>de</strong> vanguarda. Amanhã, às 21h30,<br />
apresenta-se na Guarda num<br />
espectáculo que convoca uma<br />
gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pia<strong>nos</strong> <strong>de</strong><br />
brincar e outros instrumentos, mas<br />
este não é o uni<strong>ver</strong>so exclusivo do<br />
seu percurso artístico. Entre 1981 e<br />
1992, esta original pianista nascida<br />
em Singapura e radicada <strong>nos</strong> EUA<br />
manteve uma colaboração estreita<br />
com John Cage e tem permanecido<br />
como uma das principais