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LIVRO ELIEZER - ta valendo (6 de julho) - Insight

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Éramos um pequeno grupo reunido para ouvir uma exposição <strong>de</strong> Eliezer sobre o Brasil, tema da<br />

comum paixão e obsessão da sua audiência. Sua exposição se funda na lógica dos argumentos, que<br />

<strong>de</strong>svela um raciocínio agudo e uma inteligência superior, e se apóia em um saber enciclopédico que,<br />

ao final, conquis<strong>ta</strong> e submete seus interlocutores.<br />

Ouvi, <strong>de</strong>slumbrado, Eliezer Batis<strong>ta</strong> abordar o tema do <strong>de</strong>senvolvimento brasileiro a partir da<br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> eixos, belts (ou cinturões territoriais), como alavanca para ações estratégicas do<br />

po<strong>de</strong>r público fe<strong>de</strong>ral, a fim <strong>de</strong> que pudéssemos explorar, organizadamente, riquezas potencialmente<br />

existentes. Tudo apoiado em um programa <strong>de</strong> logística capaz <strong>de</strong> permitir que a riqueza explorada<br />

pu<strong>de</strong>sse converter-se em produtos, visando sua colocação no mercado final, <strong>ta</strong>nto interno quanto<br />

externo.<br />

Eliezer antecipou, em 1995, a emergência da nova fronteira agrícola para soja, milho e cana-<strong>de</strong>açúcar,<br />

que, na ocasião, era apenas pressentida. Apontou o futuro do país como produtor <strong>de</strong> carne. E<br />

insistia na importância <strong>de</strong> uma política industrial que agregasse valor aos produtos primários, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

os <strong>de</strong> origem mineral até os <strong>de</strong> origem vege<strong>ta</strong>l, para equilíbrio da balança <strong>de</strong> pagamento e redução <strong>de</strong><br />

nossa <strong>de</strong>pendência externa.<br />

Ele <strong>de</strong>smontou, peça a peça, o conceito do “corredor <strong>de</strong> expor<strong>ta</strong>ção”, que articula uma base produtiva<br />

primária e um mercado consumidor final, no exterior, substituindo-o pelo conceito dos “eixos”.<br />

Ampliou a concepção <strong>de</strong> logística, envolvendo nela todas as operações necessárias a transferir um<br />

produto até o seu <strong>de</strong>stino. Acentuou, no caso brasileiro, a importância <strong>de</strong> o país do<strong>ta</strong>r os seus portos <strong>de</strong><br />

capacida<strong>de</strong> para processar não apenas grãos e minérios, mas contêiner, expressão quali<strong>ta</strong>tiva da natureza<br />

do comércio internacional <strong>de</strong> um país.<br />

Os belts – ou eixos – foram concebidos como espaços econômicos e territoriais concretos, com<br />

cer<strong>ta</strong> harmonia em relação às vocações produtivas, cuja exploração <strong>de</strong>veria presidir a i<strong>de</strong>ntificação<br />

dos principais projetos <strong>de</strong> eliminação dos gargalos <strong>de</strong> logística, para levar a produção aos mercados<br />

<strong>de</strong> forma competitiva – uma política <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento industrial e, ao mesmo tempo, associada a<br />

projetos <strong>de</strong> infra-estrutura, que permitiriam a alocação na produção.<br />

Ao término da longa e <strong>de</strong>sarrumada, mas fascinante exposição, propus a Eliezer Batis<strong>ta</strong> que<br />

levássemos ao candidato Fernando Henrique Cardoso, meu amigo pessoal, cuja candidatura acabara<br />

<strong>de</strong> ser lançada, o estudo sobre os belts <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Eliezer, com cer<strong>ta</strong> relutância, aceitou<br />

apresen<strong>ta</strong>r o seu projeto, que tinha começo, meio e fim, um verda<strong>de</strong>iro programa <strong>de</strong> me<strong>ta</strong>s que<br />

combinava base produtiva concre<strong>ta</strong> com projetos <strong>de</strong> logística.<br />

Mas, me impôs como condição que o encontro se fizesse da forma mais reservada possível, no<br />

profile, como foi sua exigência. E nos encontramos com o candidato, reservadamente, por duas ou<br />

três vezes, até que o futuro presi<strong>de</strong>nte assimilou a essência da concepção e acabou incorporando o<br />

conjunto das iniciativas ao seu programa <strong>de</strong> governo.<br />

Minha fascinação pela propos<strong>ta</strong> fez renascer minha esperança <strong>de</strong> vol<strong>ta</strong>r a participar <strong>de</strong> um projeto<br />

estratégico nacional <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância e vulto que mobilizaria, <strong>de</strong> Eliezer Batis<strong>ta</strong> e <strong>de</strong> mim próprio,<br />

as nossas melhores energias.<br />

Alimentávamos a convicção <strong>de</strong> que o presi<strong>de</strong>nte Fernando Henrique Cardoso ado<strong>ta</strong>ria o projeto<br />

dos belts como base <strong>de</strong> sua obra transformadora, convertendo-o no seu programa <strong>de</strong> me<strong>ta</strong>s, nos mesmos<br />

mol<strong>de</strong>s em que o presi<strong>de</strong>nte Juscelino Kubitschek conduzira o seu programa, à margem da burocracia<br />

pública, confiando a direção do projeto a uma estrutura paralela ancorada no prestígio e no apoio<br />

<strong>de</strong>clarados do próprio presi<strong>de</strong>nte.<br />

12 CONVERSAS COM <strong>ELIEZER</strong>

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