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LIVRO ELIEZER - ta valendo (6 de julho) - Insight

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A DESCOBERTA<br />

DO JAPÃO<br />

Es<strong>ta</strong>mos<br />

no início da década <strong>de</strong> 1960. Longe <strong>de</strong>s<strong>ta</strong>s terras, o mundo ten<strong>ta</strong> remon<strong>ta</strong>r o seu mapa<br />

geopolítico e i<strong>de</strong>ológico estilhaçado pela Guerra Fria. Aqui, em algum lugar entre Vitória e I<strong>ta</strong>bira, este<br />

mo<strong>de</strong>sto brasileiro entrega-se ao dificultoso ofício <strong>de</strong> mon<strong>ta</strong>r o quebra-cabeças e encontrar um novo<br />

mercado para a Vale do Rio Doce. Des<strong>de</strong> o fim da Segunda Guerra Mundial, os Es<strong>ta</strong>dos Unidos vinham<br />

reduzindo, gradativamente, as impor<strong>ta</strong>ções <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro até que, no início dos anos 60, nossas<br />

vendas para o mercado norte-americano ficaram muito reduzidas. Era chegada a hora <strong>de</strong> a CVRD<br />

<strong>ta</strong>mbém re<strong>de</strong>senhar seu mapa e buscar novas fronteiras. O Quadrilátero Ferrífero e o litoral capixaba<br />

não podiam mais ser os limites do mundo.<br />

O homem não tropeça nas oportunida<strong>de</strong>s apenas pela engenharia do acaso. Oportunida<strong>de</strong>, já dizia<br />

Francis Bacon, é algo que não se encontra; cria-se. Começamos, então, a buscar que país, naquele<br />

momento, po<strong>de</strong>ria tornar-se um gran<strong>de</strong> e duradouro comprador <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro da Vale. Fizemos<br />

uma longa avaliação dos potenciais mercados e chegamos a uma conclusão: a mesma guerra que nos<br />

tirara os Es<strong>ta</strong>dos Unidos nos daria este precioso parceiro. Todos os caminhos apon<strong>ta</strong>vam na direção do<br />

Japão. Enquanto o senador Joseph McCarthy caçava seus comunis<strong>ta</strong>s – os reais e os imaginários – os<br />

Es<strong>ta</strong>dos Unidos controlavam com seus cordéis a economia dos <strong>de</strong>rro<strong>ta</strong>dos na Segunda Guerra. Os norteamericanos<br />

não queriam permitir o soerguimento da indústria si<strong>de</strong>rúrgica japonesa. Temiam que por<br />

trás <strong>de</strong>ssa ressurreição estivesse o renascimento da indústria armamentis<strong>ta</strong> local. O próprio McCarthy<br />

teve o cuidado <strong>de</strong> costurar uma nova constituição para o Japão que bloqueava qualquer ativida<strong>de</strong><br />

econômica <strong>de</strong> caráter bélico.<br />

Naquele momento, no en<strong>ta</strong>nto, os japoneses não necessi<strong>ta</strong>vam nem <strong>de</strong> balas nem <strong>de</strong> canhões, mas<br />

sim <strong>de</strong> prédios, pontes e ferrovias. Sobre o mesmo aço, que vinte anos antes havia ajudado o país a<br />

fazer a guerra, aquele povo reconstruiria sua auto-estima e sua história. Mais do que nunca, o Japão<br />

precisava <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro; mais do que nunca, a Vale precisava <strong>de</strong> um novo comprador.<br />

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