LIVRO ELIEZER - ta valendo (6 de julho) - Insight
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JOÃO AGRIPINO<br />
VASCONCELOS MAIA<br />
Há<br />
dois momentos cruciais na minha vida, momentos que <strong>de</strong>terminaram meu curso<br />
para todo o sempre. O primeiro se dá em 1949, quando João Paulo Pinheiro abre as por<strong>ta</strong>s da Vale do<br />
Rio Doce para aquele jovem engenheiro <strong>de</strong> Nova Era. O segundo ocorre em 1961, ainda no governo<br />
Jânio Quadros, quando o então ministro <strong>de</strong> Minas e Energia, João Agripino, convida-me para assumir a<br />
presidência da CVRD. Além do fator genético, que <strong>de</strong>termina quem somos a nossa revelia, sou o que<br />
sou fundamen<strong>ta</strong>lmente por causa <strong>de</strong>stes dois episódios. Se Pinheiro me permitiu fler<strong>ta</strong>r com a Rainha<br />
do Rio Doce, foi João Agripino que me possibilitou subir ao al<strong>ta</strong>r da companhia.<br />
Tenho por Agripino uma enorme gratidão que o tempo jamais apagou ou nem sequer esmaeceu.<br />
Este sentimento se <strong>de</strong>ve não apenas pela indicação à presidência da Vale, mas <strong>ta</strong>mbém pelo apoio que<br />
ele sempre nos <strong>de</strong>u. Durante o período em que permaneceu no Ministério, em 1961, Agripino mostrouse<br />
um ferrenho <strong>de</strong>fensor <strong>de</strong> todos os projetos que elaborávamos para a expansão da companhia. Jamais<br />
recebi <strong>de</strong>le um “<strong>ta</strong>lvez” ou um “po<strong>de</strong> ser”. Ele trazia no sangue a firmeza do paraibano.<br />
Agripino era o típico nor<strong>de</strong>stino. Antes <strong>de</strong> tudo, um forte; antes <strong>de</strong> um forte, um brasileiro. Era<br />
muito severo na administração dos recursos públicos. Foi assim <strong>ta</strong>nto no Ministério <strong>de</strong> Minas e Energia<br />
quanto no Governo da Paraíba. Ele sempre cobrava resul<strong>ta</strong>dos e queria conhecê-los nos mínimos <strong>de</strong><strong>ta</strong>lhes.<br />
Obstinado, agarrava-se às suas convicções e com elas chegava aon<strong>de</strong> queria. Era proprietário <strong>de</strong><br />
uma monumen<strong>ta</strong>l von<strong>ta</strong><strong>de</strong> política.<br />
A característica que mais me fascinava em João Agripino era o seu pragmatismo, na sua mais pura<br />
etimologia. O alemão é que costuma falar “zur sache”, isto é, “vamos à coisa”. Infelizmente, nossos<br />
governantes <strong>de</strong>ram um novo significado ao termo pragmatismo. No “Aurélio da política nacional”, a<br />
palavra virou sinônimo <strong>de</strong> fisiologismo, para não usar termos menos elegantes. Uma pena que João<br />
Agripino não tenha feito escola<br />
200 CONVERSAS COM <strong>ELIEZER</strong>