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LIVRO ELIEZER - ta valendo (6 de julho) - Insight

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Não com a mesma proximida<strong>de</strong>, conheci <strong>ta</strong>mbém o xá Reza Pahlevi, com quem privei em diversas<br />

oportunida<strong>de</strong>s. Uma das primeiras vezes foi em uma reunião com Willy Korf para discutir a ins<strong>ta</strong>lação<br />

<strong>de</strong> uma si<strong>de</strong>rúrgica no Irã. Entre outros encontros, <strong>de</strong>s<strong>ta</strong>co uma ocasião em que estivemos em Teerã<br />

acompanhados do presi<strong>de</strong>nte da Fundação Krupp, Berthold Beitz. Mais uma vez, tentávamos abrir um<br />

flanco si<strong>de</strong>rúrgico no país, mas a Revolução Islâmica já se avizinhava. No lugar, do aço, o país teria,<br />

em breve, armas e orações. Uma das últimas vezes em que estive com o xá foi em Paris, quando<br />

tivemos um almoço na companhia do embaixador brasileiro Hugo Gouthier. Do Irã para o seu ruidoso<br />

vizinho. Na mesma época, estive em algumas ocasiões com Saddam Hussein, no Iraque. Ia muito a<br />

Bagdá com Murilo Men<strong>de</strong>s – naquele período, a sua construtora, a Men<strong>de</strong>s Jr., e a Petrobras es<strong>ta</strong>vam<br />

muito ativas no país.<br />

Conheci <strong>ta</strong>mbém empresários que eram verda<strong>de</strong>iros es<strong>ta</strong>dis<strong>ta</strong>s em suas corporações. Assim era<br />

Akio Mori<strong>ta</strong>, fundador da Sony e um dos homens mais espe<strong>ta</strong>culares que tive o prazer <strong>de</strong> conhecer.<br />

Era o perfeito japonês; <strong>de</strong>tinha o equilíbrio da força e da sabedoria. Conversávamos sobre tecnologia,<br />

que era a essência da sua alma. De uma oficina ins<strong>ta</strong>lada nas ruínas <strong>de</strong> uma loja <strong>de</strong> <strong>de</strong>par<strong>ta</strong>mento,<br />

<strong>de</strong>struída na Segunda Guerra Mundial, Mori<strong>ta</strong> gerou a Sony. Foi um dos gran<strong>de</strong>s pioneiros na miniaturização<br />

dos componentes e equipamentos eletrônicos. Uma <strong>de</strong> suas principais <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong><br />

amiza<strong>de</strong> foi ter me levado para visi<strong>ta</strong>r seu apar<strong>ta</strong>mento em Tóquio. Só quem conhece bem a cultura<br />

japonesa sabe o significado <strong>de</strong>sse gesto. Abrir as por<strong>ta</strong>s <strong>de</strong> casa é uma das reverências somente fei<strong>ta</strong>s<br />

a gran<strong>de</strong>s amigos ou personalida<strong>de</strong>s. Mori<strong>ta</strong> <strong>ta</strong>mbém estimava muito o Roberto Campos, o que só nos<br />

aproximava ainda mais. Tivemos alguns encontros memoráveis em Londres quando Campos ocupava<br />

a Embaixada do Brasil.<br />

De um modo ou <strong>de</strong> outro, conviver com es<strong>ta</strong>dis<strong>ta</strong>s, empresários, car<strong>de</strong>ais, celebrida<strong>de</strong>s, peões,<br />

lagartixas e jacarés – sejam as amiza<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma vida, sejam os encontros passageiros – fez parte do meu<br />

eixo profissional. Porém, nes<strong>ta</strong> Ilíada mineral pelo mundo, acabei vivendo situações surreais. Como na<br />

vez em que cruzei o Atlântico ao lado <strong>de</strong> Salvador Dalí. Era um vôo muito ruim <strong>de</strong> Nova York para<br />

Madri, em um daqueles aviões antigos e menores. Dalí tinha um medo danado <strong>de</strong> avião e, para<br />

comple<strong>ta</strong>r, o tempo es<strong>ta</strong>va tenebroso. Tanto eu quanto ele nos entregamos ao copo, o único remédio<br />

possível contra temores aéreos. Começamos a conversar e, após meia dúzia <strong>de</strong> palavras – e goles – já<br />

estávamos nos chamando <strong>de</strong> Dom Batis<strong>ta</strong>, para lá, e Dom Salvador, para cá. Lá pelo quinto copo <strong>de</strong><br />

uísque, não me contive. “Dom Salvador, vamos esquecer esse vôo ruim. Quero aprovei<strong>ta</strong>r para lhe fazer<br />

uma pergun<strong>ta</strong>. Confesso francamente que não consigo enten<strong>de</strong>r seus quadros”, disse a ele. “No te<br />

preocupes, Dom Batis<strong>ta</strong>, <strong>ta</strong>mpoco yo!” Próximo a chegar a Madri, quando já parecíamos amigos <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a infância, nas acanhadas ruas <strong>de</strong> Figueres, na Ca<strong>ta</strong>lunha, perguntei a ele: “Dom Salvador, por quê você<br />

usa esses bigo<strong>de</strong>s can<strong>ta</strong>ntes?”. “Eso, Dom Batis<strong>ta</strong>, és para pasar <strong>de</strong>spercibido!”<br />

CIDADÃO DO MUNDO<br />

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