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LIVRO ELIEZER - ta valendo (6 de julho) - Insight

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O APELO DA MISSÃO<br />

IMPOSSÍVEL<br />

Para<br />

Alexan<strong>de</strong>r Pope, em qualquer hipótese, todo patrio<strong>ta</strong> é um tolo. Não sei se o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

remon<strong>ta</strong>r o Brasil <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado uma tolice ou um ato <strong>de</strong> patriotismo. Sei apenas que foi este o<br />

objetivo que me impeliu a acei<strong>ta</strong>r o convite para integrar o governo Collor, em 1992. Era um momento<br />

crítico da República. Eivado por <strong>de</strong>núncias que partiam da oposição, da situação, da imprensa e da<br />

própria família, o presi<strong>de</strong>nte Fernando Collor <strong>de</strong> Mello procurou mon<strong>ta</strong>r um ministério que lhe <strong>de</strong>sse<br />

cer<strong>ta</strong> dose <strong>de</strong> susten<strong>ta</strong>ção, prestígio público e, principalmente, gravi<strong>ta</strong>s – a serieda<strong>de</strong> que os governos<br />

romanos sempre arvoravam para si. Decidiu-se, num gesto híbrido <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero e bom senso, cercar-se <strong>de</strong><br />

nomes como Célio Borja, Adib Jatene, entre outros. O convite para que eu participasse do ministério<br />

chegou a mim verbalizado por Jorge Bornhausen. Não veio como uma espécie <strong>de</strong> pedido ou ofer<strong>ta</strong>, mas<br />

quase como um chamamento, dado o momento <strong>de</strong> ingovernabilida<strong>de</strong> por que passava o país. Foi uma<br />

convocação para a guerra.<br />

Não obs<strong>ta</strong>nte a dramaticida<strong>de</strong> do caráter cívico-político <strong>de</strong>s<strong>ta</strong> convocação, o que me motivou foi<br />

a natureza pública do cargo que viria exercer. A Secre<strong>ta</strong>ria <strong>de</strong> Assuntos Estratégicos me foi oferecida<br />

como uma trincheira, a partir da qual po<strong>de</strong>ria colocar em prática não políticas temporãs daquele<br />

governo, mas sim projetos que acredi<strong>ta</strong>va – e, por sagrada teimosia ou por luci<strong>de</strong>z pagã, ainda acredito<br />

– serem fundamen<strong>ta</strong>is para o futuro do Brasil. Aquela era uma convocação que eu jamais po<strong>de</strong>ria<br />

recusar, sob pena <strong>de</strong> es<strong>ta</strong>r sendo <strong>de</strong>sonesto intelectualmente comigo mesmo.<br />

Minha missão prioritária era a<strong>ta</strong>car os gran<strong>de</strong>s inibidores do crescimento econômico, no<strong>ta</strong>damente<br />

na área <strong>de</strong> infra-estrutura. Já havia algum tempo, para não dizer quase uma vida, que eu me afogava em<br />

estudos sobre os gargalos estruturais do Brasil, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a divisão territorial até os problemas nas áreas <strong>de</strong><br />

energia e transporte.<br />

Diante do curso que o Brasil tomava naquele momento, <strong>ta</strong>lvez a Secre<strong>ta</strong>ria <strong>de</strong> Assuntos Estratégicos<br />

(SAE) tenha sido o mais impor<strong>ta</strong>nte dos ministérios no crepúsculo do Governo Collor. Procuramos<br />

fazer da SAE uma espécie <strong>de</strong> bunker, um enclave on<strong>de</strong> o interesse público se sobrepujasse à efervescên-<br />

150 CONVERSAS COM <strong>ELIEZER</strong>

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