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?fe^5"BSo^ - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

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zações do tipo sindicato, partido, igreja<br />

(salvo as pentecostais) etc. É também<br />

preciso buscar novas formas <strong>de</strong> organi-<br />

zação. Os jornais divulgam mais o<br />

jogo <strong>de</strong> bastidores das campanhas do<br />

que as idéias dos candidatos. Isto por-<br />

que o que ven<strong>de</strong> mais é a tramóia, o ar-<br />

dil. E os politicamente marginalizados,<br />

os setores populares e progressistas or-<br />

ganizados,não percebem a importância<br />

<strong>de</strong>sse fato, e marginalizam-se cada vez<br />

mais sem divulgar as suas idéias.<br />

Cabral, o ministro, <strong>de</strong>ixa a<br />

Anistia Internacional esperando para<br />

aten<strong>de</strong>r Cláudia Raia e isso quase passa<br />

<strong>de</strong>spercebido. Collor manda processar<br />

a Folha <strong>de</strong> São Paulo por revelar a ver-<br />

da<strong>de</strong> sobre a contratação <strong>de</strong> agências<br />

<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> sem concorrência, e os<br />

sindicatos não participam da <strong>de</strong>fesa<br />

com peso. Provavelmente, se não for<br />

ampliado o entendimento da luta polí-<br />

tica para muito além da luta econômica,<br />

o gueto será líquido e certo. Isso vale<br />

para os partidos, sindicatos, asso-<br />

ciações etc.<br />

Educação Paralela<br />

Mas, nem tudo é sombra e <strong>de</strong>-<br />

solação: eis que surge uma iniciativa<br />

das mais felizes e inteligentes dos últi-<br />

mos tempos. O lançamento do Pro-<br />

grama Educação Urgente do governo<br />

paralelo organizado a partir do PT.<br />

Uma iniciativa que rompe com a tra-<br />

dição da oposição <strong>de</strong> esquerda que li-<br />

mita-se ao embate econômico e dá um<br />

salto <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> na disputa política,<br />

colocando em xeque o governo Collor,<br />

<strong>de</strong>safiando a sua coerência e se colo-<br />

cando <strong>de</strong> igual para igual.<br />

O fato do primeiro programa<br />

ser sobre Educação acerta em cheio<br />

um dos focos <strong>de</strong> nossa crise, propondo<br />

medidas concretas e viáveis, além <strong>de</strong><br />

servir <strong>de</strong> exemplo ao conjunto do mo-<br />

vimento popular e sindical, propondo<br />

talvez que as associações e sindicatos<br />

passem a levar tão a sério a questão da<br />

educação quanto levam a questão sala-<br />

rial. Absurdo? Que bom seria se cada<br />

sindicato tivesse uma escolhinha <strong>de</strong> al-<br />

fabetização ou capacitação pfofissiona<br />

para a categoria, revolucionando a sua<br />

relação com os trabalhadores através<br />

<strong>de</strong> metodologias participativas, dialéti-<br />

cas, para a formação <strong>de</strong> indivíduos crí-<br />

ticos e criativos.<br />

26<br />

CUIRA<br />

Talvez seja necessário que a<br />

esquerda não seja tão "esquerda", co-<br />

mo é vista pela maioria da socieda<strong>de</strong>,<br />

para perceber, como nos sugeriu Luís<br />

Roberto Alves, professor da ECA-<br />

USP, em recente seminário oromovido<br />

pelo CELADEC.que "na verda<strong>de</strong>,<br />

quando um eleitor troca o seu voto por<br />

um par <strong>de</strong> sapatos, é porque esta c a<br />

sua forma <strong>de</strong> reagir, na medida em que<br />

conclui que a política, da maneira co-<br />

mo é feita, faz, <strong>de</strong> fato, com que o seu<br />

voto não valha muito mais do que um<br />

par <strong>de</strong> sapatos". Devemos perceber<br />

ainda que esta postura não <strong>de</strong>ve rece-<br />

ber o rótulo fácil da "alienação", por-<br />

que no universo concreto daquele in-<br />

divíduo, aquela era a melhor conduta<br />

diante <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> constituída. Às<br />

^ret >^'<br />

vezes, quando se taxa uma postura co-<br />

mo esta <strong>de</strong> "alienada", não compreen-<br />

<strong>de</strong>mos que trata-se <strong>de</strong> uma alienação<br />

em relação aos que se gostaríamos que<br />

a realida<strong>de</strong> fosse, mas não é. Ao seu jei-<br />

to, o chamado "senso comum", muitas<br />

vezes <strong>de</strong>monstra muito mais conexão<br />

com a realida<strong>de</strong> do que muitos <strong>de</strong> nós.<br />

Logo, é preciso perceber que quando<br />

confundimos a realida<strong>de</strong> com o que<br />

gostaríamos que ela fosse, aí sim en-<br />

contramos a "alienação". É, não vai re-<br />

solver culpar o povo pelos nossos insu-<br />

cessos.<br />

João Cláudio Airoyo é educador popular, Coor<strong>de</strong>nador do nú-<br />

cleo <strong>de</strong> Editoração e Comunicação da UNIPOP.

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