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?fe^5"BSo^ - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

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vimento popular, do movimento sindi-<br />

cal. Agora, como ainda somos muito<br />

novos temos muito pouca experiência<br />

para <strong>de</strong>finir com clareza essas relações.<br />

Acho que é um processo.que está se<br />

construindo, que está no início. Pra<br />

você ter uma idéia, o Movimento Na-<br />

cional <strong>de</strong> Meninos e Meninas <strong>de</strong> Rua<br />

surgiu em 85. Cinco anos é muito pou-<br />

co, estamos quase que na fase das ten-<br />

tativas do que está sendo tentado con-<br />

cretamente agora.<br />

CUÍRA -Nesse quadro nacional co-<br />

mo é que se po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>finir as preo-<br />

cupações <strong>de</strong> quem trabalha com a<br />

questão dos meninos, com o atual go-<br />

verno? »<br />

BRUNO : Olha, 6 claro e evi<strong>de</strong>nte<br />

que o atual governo não está absolu-<br />

tamente voltado realmente aos <strong>de</strong>sca-<br />

misados e aos pés-<strong>de</strong>scalços. Nós per-<br />

cebemos isso como reflexo na vida dos<br />

meninos, no sentido <strong>de</strong> que não existe<br />

uma política clara, existe uma política<br />

que até agora pensamos estar se <strong>de</strong>-<br />

monstrando como uma política assis-<br />

tencialista simplesmente.<br />

Agora no momento recessivo^está se<br />

refletindo tremendamente esta posição.<br />

Isso <strong>de</strong>ixa realmente uma preocupação:<br />

em que é que vai dar isso? a vida <strong>de</strong>sses<br />

garotos piorando e não se vê pelo me-<br />

nos uma política clara voltada <strong>de</strong> fato a<br />

atingir as causas do problema que gera<br />

a situação <strong>de</strong>sses meninos. Se a política<br />

salariali é do jeito que é, isso se reflete<br />

contu<strong>de</strong>ntemente na vida <strong>de</strong>sses meni-<br />

nos. Se a política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é o que é,<br />

isso reflete nos meninos. Se a política<br />

"A República não é o Padre<br />

Bruno...e seria um fracasso<br />

se ela não sobrevivesse sem<br />

a minha pessoa".<br />

educacional é do jeito que é, com a<br />

evasão escolar , isto é um reflexo claro<br />

da política educacional elitista do país.<br />

Perspectivas? Não dá pra ver perspec-<br />

tivas <strong>de</strong> real avanço.<br />

CUÍRA • Se não há perspectivas em<br />

relação a esse governo, qual a solução<br />

pra questão dos meninos?<br />

60<br />

CUIRA<br />

BRUNO : Existe um contigente ca-<br />

da vez maior <strong>de</strong> meninos que vive num<br />

reflexo imediato <strong>de</strong> uma política que eu<br />

acredito vai ser <strong>de</strong>sastrosa a nível <strong>de</strong><br />

política salarial, por exemplo. Não há<br />

condições <strong>de</strong> pensar numa melhoria<br />

substancial na vida dos meninos com a<br />

política salarial atual. A questão da<br />

saú<strong>de</strong> é a mesma coisa e da educação,<br />

mais ligada à realida<strong>de</strong> dos meninos, é<br />

um aspecto muito importante aliado às<br />

políticas básicas: trabalho, saú<strong>de</strong>, mo-<br />

radia, e a reforma agrária. Acredito que<br />

se <strong>de</strong>ve continuar fazendo um trabalho<br />

<strong>de</strong> base, procurando não sei... eu não<br />

tenho perspectivas a curto prazo. A<br />

curto prazo não existem perspectivas, a<br />

não ser esta <strong>de</strong> continuar e fortalecer<br />

um trabalho <strong>de</strong> base, um trabalho fun-<br />

damentalmente educativo, <strong>de</strong> uma no-<br />

va mentalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> organização.<br />

CUÍRA - A República hoje é uma una-<br />

nimida<strong>de</strong> na socieda<strong>de</strong>, principalmente<br />

aqui em Belém do Pará, já recebeu<br />

prêmio da UNICEF e tem trânsito livre<br />

com políticos do PT ao PDS, como é<br />

que se conquista essa unanimida<strong>de</strong>?<br />

BRUNO : Eu não sei como se con-<br />

quista isso. Eu faria referência<br />

talvez "a situação das crianças. A tão<br />

chamada questão do menor nunca foi<br />

vista <strong>de</strong> uma forma conflitiva <strong>de</strong>ntro<br />

z-^.<br />

& J<br />

das reiaçoes sociais. Evi<strong>de</strong>nte que não é<br />

tão tranqüila assim a visão que a opi-<br />

nião pública tem sobre o movimento.<br />

Hoje, temos sinais disso. Agora, nós<br />

procuramos fazer um trabalho sério<br />

com os meninos.um trabalho que pu-<br />

<strong>de</strong>sse ganhar muita coisa, pela com-<br />

petência. Isto po<strong>de</strong> ter contribuído.<br />

CUÍRA - Foi preciso passar a imagem<br />

<strong>de</strong> instituição apolítíca, foi preciso tal-<br />

vez oferecer alguma concessão política<br />

ao po<strong>de</strong>r pra essa unanimida<strong>de</strong>?<br />

BRUNO: Não, sempre tivemos<br />

consciência e clareza <strong>de</strong> que este não<br />

seria um trabalho apolítico, seria um<br />

trabalho apartidário, mas não apolíti-<br />

co.<br />

Concessões então, nem falar, pelo<br />

menos que eu me lembre, não foi dada<br />

nehuma concessão, ao contrário, houve<br />

momentos inclusive muito fortes neste<br />

sentido, para que nada que viesse em<br />

forma <strong>de</strong> colaboração pu<strong>de</strong>sse ter al-<br />

gum retorno, seja a nível político, co-<br />

mo a nível mesmo <strong>de</strong> concessões, até<br />

em relação a negócios não muito claros<br />

e fáceis, não aceitávamos recursos que<br />

não fossem claros na sua origem. Nós<br />

já recusamos recursos <strong>de</strong> verbas públi-<br />

cas, tivemos propostas tentadoras e<br />

atentadoras, mas olha, acho que a<br />

questão financeira nunca mepreocupou<br />

e hoje po<strong>de</strong>mos dizer que há muito<br />

tempo não recebemos propostas que

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