que o menino 6 quem vai para a rua trabalhar, enquanto a menina perma- nece cuidando dos irmãos menores, dos serviços domésticos e algumas vezes, até freqüentando a escola. Assim, o que se verifica na realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>sses meninos é que o trabalho é a via <strong>de</strong> acesso às "oportu- nida<strong>de</strong>s" <strong>de</strong> participação socialj já que eles não po<strong>de</strong>m competir em igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições numa socieda<strong>de</strong> altamen- te competitiva. Logo, o trabalho é a contingência a que estão sujeitos para sobreviver, e não uma forma <strong>de</strong> terapia ou <strong>de</strong> saída para a <strong>de</strong>liqiíência, como muitos acreditam. "O trabalho torna-se uma contingência necessária à sobrevivência 34 "Experimentado uma vida <strong>de</strong> aventura, riscos e fnseguran* ça...os menores adquirem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conviver habil- mente entre os limites da lega- lida<strong>de</strong> e da contravenção." <strong>de</strong>sse grupo <strong>de</strong> residência localizado, que compartilha o que é possível com- partilhar - o produto <strong>de</strong> seu trabalho em níveis ínfimos, tais como a ativida<strong>de</strong> No Ver-o-peso, cartão postal <strong>de</strong> Belém do Pará, centenas <strong>de</strong> meninos e meninas disputam a sobrevivência enfrentando a indiferença e a violência policial CUIRA realizada pelos meninos na rua, o <strong>de</strong>- sempenho das tarefas domésticas pelas meninas ou, ainda, o trabalho realizado pela mulher, notadamente em 'casas <strong>de</strong> família' como empregadas domésti- cas". (4) As famílias <strong>de</strong>sses meninos, alijadas do processo <strong>de</strong> produção,lalém da condição <strong>de</strong> pauperização em que vivem, vêem-se na situação <strong>de</strong> sobre- vivência a qualquer custo, lançando mão <strong>de</strong> estratégias: para superar os obstáculos sociais que impe<strong>de</strong>m a sua inserção na divisão social do trabalho. Assim, o sistema social permite que es- sas crianças fiquem impedidas <strong>de</strong> ter o direito a uma infância normal, sendo levadas a trabalhar em condições pre- judiciais e incompatíveis com sua con- dição <strong>de</strong> crianças, sendo indiferente a essa situação. "...direito e moral náo po<strong>de</strong>m fazer parte do universo <strong>de</strong> preocupações dos menores <strong>de</strong> rua, porque Isso impediria o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sua capa- cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobrevivência a qualquer custo". Dessa forma, o que se verifica é que esses meninos, vivendo em situa- ção <strong>de</strong> penúria^buscam na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rua a satisfação <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s básicas e <strong>de</strong> sobrevivência em uma so- cieda<strong>de</strong> que os conduz a uma vida <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> e insegurança, não apre- sentado-lhes nenhuma perspectiva <strong>de</strong> participação social mais digna. Noèmia Freitas Cavalcanti e Jair Gomes da Silva sáo Bacharéis em Serviço Social pela UFPa 1 Veja em Manoel losa Bcrlmek Marginalida<strong>de</strong> Social e re- lações <strong>de</strong> classe em São Paulo Petrópolis, Vozes. 1975, p, 18 19 2 CHEN1AUX, Sônia. Trapaceados e Trapaceiros - O menor <strong>de</strong> rua e o Serviço Social Cortez Editora. Sáo Paulo, 1982. p.27 3- FISCHER FERREIRA. Rosa Maria. Meninos <strong>de</strong> Rua. São Pau Io. CEOt C. 1980. p 88 4 CHENIAUX. Sônia. Ibid ■ p.36
Pôster Integrante evista CUÍRA n 0 4 « . | * Wííf-y' :í: - ■'■ t-wtm -".. ■