O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios em - Repositório ...
O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios em - Repositório ...
O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios em - Repositório ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
DOC. N° 1<br />
1734<br />
Conflito entre os padres Loyos e a Irmanda<strong>de</strong><br />
A.I.N.S.R.L. - José Pinto Teixeira - "Livro <strong>de</strong> Inventário <strong>de</strong> To<strong>dos</strong> os Bens da Capella <strong>de</strong> <strong>Nossa</strong><br />
<strong>Senhora</strong> <strong>dos</strong> <strong>R<strong>em</strong>édios</strong> anno <strong>de</strong> 1740", fis. 91v.-92v.<br />
«No anno <strong>de</strong> 1734 principiaram a dar início às obras que <strong>de</strong> prezente serv<strong>em</strong> e dantes nam avia os<br />
Padres Loyos <strong>de</strong> Sancta Cruz nam s<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> mágoa <strong>de</strong> todo o povo, porque principiando os ditos<br />
padres a mandar abrir as suas arcas <strong>de</strong> agoa que ficam perto da fonte velha <strong>de</strong> <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong>, as<br />
rebateram <strong>de</strong> sorte que acodio a ellas toda a agoa da dita fonte <strong>de</strong> <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> ficando esta <strong>de</strong><br />
todo seca ainda que os olhos <strong>dos</strong> <strong>de</strong>votos da <strong>Senhora</strong> e moradores da cida<strong>de</strong> cheyos <strong>de</strong> lagrimas<br />
vendo extinguindo o refugio <strong>dos</strong> doentes e acabada a racreação <strong>dos</strong> Saons no cristalino das suas<br />
aguas quando corriam <strong>em</strong>pr<strong>em</strong>indo esta falta tal magoa nos coraçoins <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> que a nam acodir a<br />
mesma <strong>Senhora</strong> a sosegar os ânimos <strong>de</strong> tantos queixozos se seguiria hum notável dano aos mesmos<br />
padres; e nam obstante alguma <strong>de</strong>ligencia que <strong>de</strong>spois fes o Juis e mordomos que entam serviam a<br />
confraria s<strong>em</strong> requerer vestoria (1); foi esta tam froyxa da parte da confraria e tao equivalente e<br />
solicitada por parte <strong>dos</strong> padres que no mesmo dia <strong>em</strong> que se fez <strong>de</strong>ram primeiramente <strong>de</strong> gentar no<br />
mesmo convento ao Nosso Juiz <strong>de</strong> Fora que entam era o qual veyo comer parte e requerer a favor<br />
délies, e nam se dando ouvi<strong>dos</strong> ao que por parte da Confraria e alguns poucos do povo a rezavam<br />
por ser feita como <strong>em</strong> segredo e alguns que serviam cargo na Republica por lhe nam convir<br />
articular a favor da Confraria e povo por ter<strong>em</strong> na mesma religiam filhos, e outros o preten<strong>de</strong>riam;<br />
ficou a fonte seca como estava e os padres b<strong>em</strong> servi<strong>dos</strong> e contentes justos motivos porque se<br />
entrou a dar principio a huma obra <strong>de</strong> tanto custo como foy a <strong>de</strong> nova fonte passa<strong>dos</strong> alguns<br />
t<strong>em</strong>pos, sendo para advertir que ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que os padres ficaram com vitória por se lhe<br />
nam mandar tornass<strong>em</strong> a fazer repor a agoa como <strong>de</strong>viam, mandou o Juis da confraria abrir hua<br />
mina principiando do fundo das escadas a por bayxo do ladrilho a qual se seguio por entre a<br />
cappela e caza athe parte don<strong>de</strong> hoje he jardim, a procurar agoa, a qual se nam conseguio; e ficou a<br />
dita mina aberta, e só se mandou atupir no princípio por baixo das escadas do ladrilho por on<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Inverno costuma sahir agoa da chuva; E he para advertir que antes da indolência <strong>dos</strong> Padres<br />
costumava da mesma fonte vella correr da sua agoa hum anel <strong>de</strong>lia para a arca <strong>dos</strong> mesmos Padres<br />
cujo direito t<strong>em</strong> perdido por hum acordam ou sentença que está na câmara que diz que todas as<br />
vezes que boliç<strong>em</strong> na agoa per<strong>de</strong>riam a posse, motivo por que vay por coatro annos que dito cano<br />
por on<strong>de</strong> corria o anel da agoa se atupio (sic) e nam tomou a correr para a sua arca cuja<br />
advertência e l<strong>em</strong>brança fasso para que daqui <strong>em</strong> diante <strong>em</strong> m<strong>em</strong>oria para os senhores que<br />
governar<strong>em</strong> esta confraria saybam o que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os aos ditos padres; e por nenhum principio lhe<br />
tomar<strong>em</strong> a consentir o tal anel, e muito menos o dar lhe entrada por mayor conveniência que<br />
fassam à confraria na agoa da fonte nova como já intentaram nos seus princípios.<br />
E para tal nam suceda n<strong>em</strong> ainda da fonte velha; advirto que a mesma fonte velha he pertença <strong>de</strong>sta<br />
Confraria porque asim se julgou por sentença quando os moradores <strong>de</strong> cazal <strong>de</strong> Naboa e<br />
principalmente Francisco da Costa intentaram que fosse sua cuja sentença se acha no inverno <strong>de</strong>ste<br />
livro a folha 10 verso.<br />
(1) digo nam se requerer vestoria mas licenças por parte <strong>dos</strong> padres s<strong>em</strong> o povo ser ouvido».<br />
10