O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios em - Repositório ...

com os trabalhos já feitos e contava que continuássemos da mesma forma, pois que o fim que
tinham em vista, encarregando aquelle individuo de inspeccionar a obra, era o que ficou exposto».
Nunca alli vimos o Sr. Aurélio, mas disseram-nos os nossos empregados que elle tinha
comparecido algumas vezes e que a Exma. Meza o tinha dispensado ignorando elles as razões que
houve para isso.
Só em Agosto de 1901 é que tivemos a satisfação de conhecer o Sr. Aurélio, encontrando-nos no
parque dos Remédios, e por elle nos foi dito que os nossos empregados o tinham desconsiderado, e
que para evitar conflitos, receiando que o maltratassem, se retirava da inspecção dos trabalhos do
parque.
Surprehendeu-nos a noticia e dissemos-lhe que escusava de recear qualquer conflito, porquanto
desde o momento que nós éramos sabedores d'um facto que reputávamos tão digno de censura,
queríamos averiguar de como as cousas se passaram e daríamos immediatas providencias para que
tal facto se não repetisse.
Tratando de indagar, como nos cumpria, a origem de tais conflictos, vimos ao conhecimento de que
effectivamente entre o Snr.Aurelio e os nossos empregados tinha havido algumas desintelhgencias.
O Snr. Aurélio desejava que a gruta fosse construída de cantaria, pois assim o tinha concebido e
escripto no programa. Os nossos empregados riram-se de ideia tão extravagante, e com razões
(seja dito á puridade) porque nunca tivemos noticia de grutas de pedra lavrada; e não lhe fizeram a
vontade. O Snr. Aurélio indignado jura vingar-se, procura rodear-se de indivíduos que talvez nunca
vissem um parque, nem mesmo pintado, e consegue incutir-lhes no animo, que tudo aquillo que alli
se estava fazendo era um disparate, que a Senhora dos Remédios estava sendo roubada e que
deveria tornar-se a Exma. Meza a responsável, etc., etc..
Isto sucedeu, como acima fica dito, quando se deu principio á construção da gruta; e lembra-nos
que por essa'occasiâo, n'uma visita que fizemos á obra, um digno Mezario nos disse que «a Meza
não tinha noticias de queixa, pois toda ella estava muito satisfeita com os trabalhos e pela forma
como elles corriam, mas que havia alguém que se tinha incarregado de desacreditar aquellas obras,
fazendo com que a opinião publica lhes fosse desfavorável por causa disso. Que a Meza se achava
possuída d'um grande desgosto por esse facto e portanto que empregássemos todo o nosso
empenho e todos os nossos bons esforços para que se lhes não desse o mais pequeno motivo de
queixa». ._ ...
A este arrasoado respondemos que não conhecíamos o processo de satisfazer a opinião publica,
mas havíamos de executar a obra com tanta perfeição como se fosse de jornal, como até aqui, e
assim iríamos até ao seu completo acabamento.
Continuamos a obra da gruta sempre a contento da Exma. Meza, construindo-a solidamente com
alvenaria grossa, ferro, redes metallicas; revestimol-a com o melhor cimento,ornamentamol-a com
escoras que mandamos do Porto em dous vagões, e a pedido da Exma. Meza demos-lhe maior
altura e mais largura nas entradas; ornamentamos a parte superior e exterior, fazendo alli um bello
ponto de visita e de descanço com bancos rústicos, etc., e finalmente fizemos-lhe uma boa
distribuição d'agua, com bons encanamentos e torneiras reguladoras, sem que para muitas d'estas
obras houvesse consignada alguma verba no tal caderno de encargos.
Concluída a gruta e a parte do parque,desde a casa do Capellão até a mesma gruta, fizemos entrega
da obra á Exma. Meza, que reuniu para esse fim n'aquelle local. Por essa ocasião tivemos o
prazer de sermos louvados pela Exma. Meza, louvor que muito apreciamos, sobretudo porque
representava a satisfação da mesma Exma. Meza por ver realisado nas melhores condições aquelle
melhoramento.
Dos visitantes que n'esse dia e seguintes alli acorreram em grande numero, recebeu a Exma. Meza
os mais rasgados encómios por aquella obra que representava um grande melhoramento, nao so
para o Santuário como também para a cidade de Lamego.
95