fé e ciência: duas linguagens para uma verdade - Centro Loyola de ...
fé e ciência: duas linguagens para uma verdade - Centro Loyola de ...
fé e ciência: duas linguagens para uma verdade - Centro Loyola de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
físico-matemático H. Poincaré. O objeto científico não seria, no caso, simplificando, é<br />
<strong>verda<strong>de</strong></strong>, senão a soma das convenções que permitem a experimentação e o cálculo.<br />
- A linguagem da <strong>ciência</strong> é, pois, <strong>uma</strong> linguagem artificial, que consta essencial-<br />
mente <strong>de</strong> <strong>uma</strong> parte <strong>de</strong>scritiva na qual os fatos científicos a serem explicados recebem<br />
os predicados observacionais resultantes da experimentação, e <strong>de</strong> <strong>uma</strong> parte teórica na<br />
qual se incluem o formalismo matemático, o sistema <strong>de</strong>dutivo e as regras <strong>de</strong> interpreta-<br />
ção que articulam a <strong>de</strong>scrição empírica ao sistema <strong>de</strong>dutivo. Desta sorte, o uso da lin-<br />
guagem científica (ou sua dimensão pragmática) é estritamente controlado e a significa-<br />
ção dos seus termos univocamente <strong>de</strong>terminada. Esse caráter <strong>de</strong> rigor da linguagem ci-<br />
entífica levou alguns cientistas e filósofos da <strong>ciência</strong> reunidos primeiramente no chama-<br />
do Wiener Kreis ou Círculo <strong>de</strong> Viena, posteriormente Escola <strong>de</strong> Chicago (com a transfe-<br />
rência <strong>para</strong> aquela Universida<strong>de</strong> dos seus principais representantes, que se aliaram ao<br />
chamado operacionalismo do físico americano Percy W. Bridgman) a consi<strong>de</strong>rá-la a<br />
única linguagem portadora <strong>de</strong> sentido (Sinn, meaning) objetivo nas suas proposições,<br />
sendo as outras <strong>linguagens</strong>, com a p. ex. a religiosa, expressões apenas <strong>de</strong> sentimentos<br />
subjetivos. No caso <strong>de</strong> se adotar essa posição haveria um abismo intransponível, em<br />
termos <strong>de</strong> <strong>verda<strong>de</strong></strong>, entre a linguagem da <strong>ciência</strong> e a linguagem da <strong>fé</strong>. Mas esse tipo <strong>de</strong><br />
reducionismo se mostrou, finalmente, injustificável. Des<strong>de</strong> já, no entanto, po<strong>de</strong>mos ver<br />
que a linguagem da <strong>ciência</strong> apresenta características que a tornam um mundo lingüístico<br />
específico ao qual correspon<strong>de</strong> <strong>uma</strong> forma também própria <strong>de</strong> <strong>verda<strong>de</strong></strong>.<br />
- A <strong>verda<strong>de</strong></strong> da <strong>ciência</strong> - A <strong>verda<strong>de</strong></strong> da <strong>ciência</strong> ou dos seus resultados teórico-<br />
experimentais resi<strong>de</strong> no seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> explicação do mundo real da nossa experiência e<br />
ao qual, na medida em que po<strong>de</strong> ser compreendido pela nossa <strong>ciência</strong>, abrangemos sob<br />
o nome e o conceito <strong>de</strong> natureza. A <strong>verda<strong>de</strong></strong> da <strong>ciência</strong> é, pois, a <strong>verda<strong>de</strong></strong> da explicação<br />
científica enquanto acesso à realida<strong>de</strong> da experiência que se apresenta a nós como inte-<br />
ligível. Essa inteligibilida<strong>de</strong> do real físico é um dado pressuposto pela <strong>ciência</strong> e que<br />
provocava a reflexão <strong>de</strong> A. Einstein, <strong>de</strong> que o admirável no mundo não é que exista mas<br />
que possa ser compreendido. A <strong>verda<strong>de</strong></strong> científica apresenta, pois, as características da<br />
explicação científica e é estritamente correlata à estrutura da linguagem científica, que é<br />
a sua forma <strong>de</strong> expressão. Ora, o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> explicação da <strong>ciência</strong> resi<strong>de</strong> essencialmente<br />
na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transpor <strong>para</strong> o mundo empírico a inteligibilida<strong>de</strong> dos sistemas for-<br />
mais ou <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar <strong>uma</strong> à outra, <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong> maneira, a inteligibilida<strong>de</strong> do mundo e a