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fé e ciência: duas linguagens para uma verdade - Centro Loyola de ...

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aristotélica, por sua própria natureza, era incapaz <strong>de</strong> prever fenômenos ainda não obser-<br />

vados, sendo, portanto, estéril. Assim, Aristóteles possuía espírito científico, mas não<br />

método científico. Entretanto, não po<strong>de</strong>mos esquecer o legado que Aristóteles nos <strong>de</strong>i-<br />

xou em sua síntese da filosofia natural grega: a curiosida<strong>de</strong> <strong>para</strong> a observação e o estudo<br />

da Natureza, a convicção que esta Natureza é regida por leis universais, e a <strong>fé</strong> na capa-<br />

cida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na em buscar enten<strong>de</strong>r estas leis.<br />

A obra <strong>de</strong> Aristóteles, praticamente esquecida no mundo oci<strong>de</strong>ntal durante boa<br />

parte da Ida<strong>de</strong> Média, permaneceu viva no mundo árabe e passou a ser difundida na<br />

Europa por volta do ano 1200, principalmente na Espanha e no norte da Itália. Esta di-<br />

fusão <strong>de</strong>spertou mais <strong>uma</strong> vez o interesse pelo estudo das <strong>ciência</strong>s naturais que, <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />

certa forma, tinha permanecido estagnado durante todo este tempo. E, além disso, trou-<br />

xe novamente à tona a discussão sobre a relação entre a filosofia grega e a <strong>fé</strong> cristã, já<br />

surgida com a "cristianização" das idéias <strong>de</strong> Platão por Santo Agostinho no século IV.<br />

Tornou-se imperioso que a filosofia natural aristotélica fosse compatibilizada aos textos<br />

bíblicos, principalmente no que se refere à Criação e à Cosmologia como um todo, Este<br />

papel <strong>de</strong> "cristianização" <strong>de</strong> Aristóteles foi feito, como sabemos, por São Tomás <strong>de</strong> A-<br />

quino, que teve o imenso mérito - entre outros, é claro - <strong>de</strong> ter conseguido a gran<strong>de</strong> sín-<br />

tese entre a <strong>fé</strong> e o conhecimento. Para São Tomás <strong>de</strong> Aquino, não há um <strong>para</strong>doxo irre-<br />

conciliável entre a filosofia, ou a razão, por um lado, e a revelação, ou a <strong>fé</strong> cristã, por<br />

outro. Na <strong>verda<strong>de</strong></strong>, <strong>para</strong> ele havia as "<strong>verda<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> <strong>fé</strong>" como, por exemplo, que Jesus é<br />

filho <strong>de</strong> Deus, e as "<strong>verda<strong>de</strong></strong>s naturais teológicas", que são as <strong>verda<strong>de</strong></strong>s a que po<strong>de</strong>mos<br />

chegar tanto pela <strong>fé</strong> cristã quanto pela nossa razão natural como, por exemplo, a da exis-<br />

tência <strong>de</strong> Deus. São Tomás <strong>de</strong> Aquino acreditava, portanto, que dois caminhos levavam<br />

a Deus: o da <strong>fé</strong> e revelação cristãs, e o da razão e dos sentidos, sendo o mais seguro,<br />

obviamente, o da <strong>fé</strong> e da revelação, já que, muitas vezes, a razão po<strong>de</strong> ser enganosa.<br />

Mas, no fundo, São Tomás <strong>de</strong> Aquino quis nos mostrar que só há <strong>uma</strong> <strong>verda<strong>de</strong></strong>. Uma<br />

parte da <strong>verda<strong>de</strong></strong> po<strong>de</strong>mos reconhecer através da razão e da observação; a outra nos foi<br />

revelada por Deus através da Bíblia - estas <strong>duas</strong> partes se sobrepõe em muitas questões<br />

como, por exemplo, a da existência <strong>de</strong> Deus. De fato, na sua hierarquização do Cosmos,<br />

Aristóteles pressupunha a existência <strong>de</strong> um Deus, ou um Ser Supremo, ou <strong>uma</strong> "causa<br />

primordial", que era responsável pelo "funcionamento" <strong>de</strong> todo o Cosmos, apesar <strong>de</strong><br />

não <strong>de</strong>screver este Deus. Aí, segundo São Tomas <strong>de</strong> Aquino, <strong>de</strong>vemos seguir a Bíblia e<br />

os ensinamentos <strong>de</strong> Jesus. Assim, a nossa razão nos permite reconhecer que <strong>para</strong> tudo

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