fé e ciência: duas linguagens para uma verdade - Centro Loyola de ...
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<strong>de</strong>duções analíticas que fornecem <strong>uma</strong> resposta provisória à pergunta inicial e permitem<br />
geralmente que se façam previsões verificáveis quanto às respostas a outras perguntas<br />
porventura suscitadas pelo mo<strong>de</strong>lo, no <strong>de</strong>correr da investigação. No entanto, por serem<br />
as leis e hipóteses <strong>de</strong> trabalho imposições h<strong>uma</strong>nas feitas pelo investigador, resta ainda<br />
saber se a Natureza "concorda" com a resposta encontrada. Só há um meio <strong>de</strong> sabê-lo:<br />
voltar à experiência, isto é, intervir na Natureza. Somente a experiência permitirá <strong>de</strong>ci-<br />
dir se o mo<strong>de</strong>lo construído estava correto - isto é, se todos os parâmetros relevantes <strong>para</strong><br />
a pergunta feita foram incluídos - e, por outro lado, se as leis ou hipóteses <strong>de</strong> trabalho<br />
impostas ao mo<strong>de</strong>lo estavam corretas. O gran<strong>de</strong> mérito <strong>de</strong> Galileu foi ter entendido que<br />
a chave do método científico estava precisamente na passagem do real inicial - a obser-<br />
vação - <strong>para</strong> o real final - a experiência. Ele foi o gran<strong>de</strong> artesão da libertação da Ciên-<br />
cia das essências aristotélicas, da magia medieval e das qualida<strong>de</strong>s ocultas, que por mais<br />
<strong>de</strong> 2000 anos haviam impedido o seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
Não po<strong>de</strong>mos esquecer que Galileu esten<strong>de</strong>u em muito o ato <strong>de</strong> observar, ao voltar<br />
a recém-inventada luneta <strong>para</strong> o céu e fornecer as primeiras evidências observacionais<br />
da valida<strong>de</strong> do mo<strong>de</strong>lo heliocêntrico <strong>de</strong> Copérnico sobre o sistema geocêntrico <strong>de</strong> Aris-<br />
tóteles. Mais importante, no entanto, do que a construção <strong>de</strong> <strong>uma</strong> nova cosmologia -<br />
que, na <strong>verda<strong>de</strong></strong>, não foi completada por Galileu e sim por Newton quase 80 anos <strong>de</strong>pois<br />
- foi o fato <strong>de</strong> que observações <strong>de</strong> fenômenos novos fizeram-no refutar completamente<br />
<strong>uma</strong> "teoria" já existente, por ser esta absolutamente incoerente e incapaz <strong>de</strong> explicar<br />
estes fatos novos. Esta atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> "corte" caracteriza <strong>uma</strong> mudança profunda na maneira<br />
<strong>de</strong> se estudar a natureza, sendo, como já vimos, a base do método científico que usamos<br />
até hoje.<br />
Com Newton, a Revolução Científica do século XVII atinge seu apogeu. Em me-<br />
nos <strong>de</strong> 50 anos, o gênio <strong>de</strong> um homem consegue alcançar o que 2000 anos <strong>de</strong> esforços<br />
tinham pre<strong>para</strong>do: a formulação <strong>de</strong> <strong>uma</strong> teoria científica. Newton nos fornece o exem-<br />
plo típico <strong>de</strong> um gênio que <strong>de</strong>sabrochou e produziu com extraordinária fertilida<strong>de</strong> apoi-<br />
ado nos "ombros dos gigantes" - conforme sua própria expressão - que o prece<strong>de</strong>ram,<br />
como Copérnico, Kepler e sobretudo Galileu, como legou o seu método científico. Mas<br />
o método científico, sem <strong>uma</strong> teoria <strong>para</strong> sustentá-lo e nutri-lo, era um esqueleto sem<br />
substância. Os mo<strong>de</strong>los construídos exigiam hipóteses <strong>de</strong> trabalho <strong>para</strong> serem capazes<br />
<strong>de</strong> fazer previsões verificáveis experimentalmente. Newton foi o primeiro a encontrar