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fé e ciência: duas linguagens para uma verdade - Centro Loyola de ...

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inteligibilida<strong>de</strong> lógico-matemática. O conceito <strong>de</strong> natureza, cientificamente consi<strong>de</strong>rado,<br />

resulta da a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong>ssa <strong>duas</strong> or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> inteligibilida<strong>de</strong>. Essa a<strong>de</strong>quação torna-se<br />

possível, como vimos, através das regras <strong>de</strong> interpretação que permitem substituir fe-<br />

nômenos empíricos aos objetos abstratos das operações formais. O caso clássico, porque<br />

inaugura a <strong>ciência</strong> mo<strong>de</strong>rna, é o processo <strong>de</strong> formulação, por Galileu, da lei da queda<br />

dos corpos, expressa por um formalismo algébrico. Como o domínio formal é um domí-<br />

nio essencialmente operatório a explicação científica interpreta a natureza segundo um<br />

tipo <strong>de</strong> inteligibilida<strong>de</strong> operatória. Ora, a <strong>verda<strong>de</strong></strong> não é senão a enunciação da inteligi-<br />

bilida<strong>de</strong> do objeto. Portanto, a <strong>verda<strong>de</strong></strong> científica é também, essencialmente operatória,<br />

ou seja, ligada intrinsecamente às operações formais e empíricas que permitem exprimir<br />

o objeto atrav's <strong>de</strong> teorias, leis e conceitos empíricos-formais.<br />

Vê-se, pois, que a <strong>verda<strong>de</strong></strong> científica é <strong>uma</strong> <strong>verda<strong>de</strong></strong> perfeitamente correlata à lin-<br />

guagem científica acima <strong>de</strong>scrita. É, por conseguinte, <strong>uma</strong> <strong>verda<strong>de</strong></strong> h<strong>uma</strong>na, estrutural-<br />

mente a<strong>de</strong>quada ao modo <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r da nossa inteligência na sua tentativa <strong>de</strong> compre-<br />

en<strong>de</strong>r o mundo. Não teria sentido, evi<strong>de</strong>ntemente, dizer que Deus compreen<strong>de</strong> o mundo<br />

segundo o modo da <strong>ciência</strong> empírico-formal, das suas leis e teorias, ou dizer, como o<br />

filósofo i<strong>de</strong>alista Leon Brunschvicg, que o Deus <strong>verda<strong>de</strong></strong>iro é o Deus das equações dife-<br />

renciais. Sendo Criador, ele compreen<strong>de</strong> o mundo no seu em-si numenal, como diria<br />

Kant, não relativamente ao próprio mundo mas absolutamente nos arquétipos do mundo<br />

na inteligência divina. A <strong>ciência</strong> h<strong>uma</strong>na é, <strong>para</strong> Deus, um modo <strong>de</strong> existir do homem<br />

no mundo, não <strong>uma</strong> compreensão do mundo. Isso não quer dizer que a <strong>verda<strong>de</strong></strong> científi-<br />

ca nada tenha a ver com o em-si ontológico do mundo. Sendo <strong>verda<strong>de</strong></strong>, ela tem um<br />

componente ontológico como toda <strong>verda<strong>de</strong></strong>, ou seja, ela é <strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> manifestação<br />

do ser à inteligência. Não é <strong>uma</strong> simples convenção nem mesmo <strong>uma</strong> <strong>verda<strong>de</strong></strong> apenas<br />

dos fenômenos, como queria Kant. Mas, avançar nessa dimensão ontológica da <strong>verda<strong>de</strong></strong><br />

científica nos levaria <strong>para</strong> longe do nosso tema presente. vamos apenas pressupô-la,<br />

<strong>para</strong> garantir o estatuto <strong>de</strong> <strong>verda<strong>de</strong></strong> ao conhecimento científico.<br />

Convém ainda incluir aqui <strong>uma</strong> referência ao problema da técnica na sua relação<br />

com o problema da <strong>verda<strong>de</strong></strong> na <strong>ciência</strong> empírico-formal. Justamente por seu caráter es-<br />

sencialmente operatório, a <strong>ciência</strong> empírico-formal mostrou-se como o mais po<strong>de</strong>roso<br />

instrumento <strong>de</strong> transformação da natureza e <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> objetos or<strong>de</strong>nados à utilida-<br />

<strong>de</strong> individual e social. Essa or<strong>de</strong>nação do saber ao fazer levou finalmente à conjugação

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