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fé e ciência: duas linguagens para uma verdade - Centro Loyola de ...

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isso o que eu tinha a dizer <strong>de</strong> Deus, e suas obras constituem o objeto do estudo da Filo-<br />

sofia Natural (...).<br />

A Mecânica Clássica <strong>de</strong>senvolvida por Newton eliminou qualquer referência ao<br />

finalismo aristotélico, já que, dadas as leis <strong>de</strong> força que regem um dado sistema, os a-<br />

contecimentos resultantes são <strong>uma</strong> conseqüência automática <strong>de</strong> condições iniciais men-<br />

suráveis num dado instante. Assim, a Mecânica Clássica possibilitou um amplo esclare-<br />

cimento das questões <strong>de</strong> causa e efeito. Sabemos como o progresso tremendamente<br />

bem-sucedido da Mecânica, baseado nesta visão <strong>de</strong>terminista e causal, causou <strong>uma</strong> pro-<br />

funda impressão em toda a Ciência contemporânea, chegando-se a atitu<strong>de</strong>s extremas,<br />

como a expressa na famosa concepção <strong>de</strong> Laplace sobre <strong>uma</strong> máquina universal, na qual<br />

todas as interações <strong>de</strong> seus componentes seriam regidas pelas leis da Mecânica. Desta<br />

forma, <strong>uma</strong> inteligência que conhecesse as posições e velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stas partes, num<br />

dado instante, po<strong>de</strong>ria prever todos os acontecimentos subseqüentes do mundo, inclusi-<br />

ve o comportamento dos animais e dos homens. Esta concepção mecanicista da Nature-<br />

za tornou-se um i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> explicação científica em todos os campos do conhecimento,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do modo <strong>de</strong> obtenção do conhecimento. Além disso, o <strong>de</strong>senvolvi-<br />

mento <strong>de</strong>sta concepção foi <strong>uma</strong> - senão a mais - importante das causas do <strong>verda<strong>de</strong></strong>iro<br />

cisma entre Religião e Ciência ocorrido a partir do Renascimento europeu. Por um lado,<br />

muitos fenômenos até então explicados pela intervenção da Província Divina foram<br />

i<strong>de</strong>ntificados como conseqüência <strong>de</strong> leis gerais e imutáveis da Natureza, Por outro lado,<br />

os métodos e pontos <strong>de</strong> vista da Física eram, muitas vezes, bastante distintos da ênfase<br />

nos valores e i<strong>de</strong>ais h<strong>uma</strong>nos, essenciais à Religião. Assim, prevaleceu <strong>uma</strong> atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

distinção entre o conhecimento objetivo e a crença subjetiva.<br />

Em seu campo <strong>de</strong> aplicação, a <strong>de</strong>scrição objetiva apresentada pela Mecânica Clás-<br />

sica aos fenômenos da vida cotidiana utiliza, entretanto, conceitos que transcen<strong>de</strong>m em<br />

muito suas i<strong>de</strong>alizações básicas. Assim, o uso a<strong>de</strong>quado das noções <strong>de</strong> espaço e tempo<br />

absolutos, tão arraigados no nosso senso-comum e tão fundamentais <strong>para</strong> a formulação<br />

da Mecânica Clássica, está intrinsecamente ligado à propagação instantânea da luz, que<br />

nos permite localizar - observar - os corpos em nosso redor, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> sua<br />

velocida<strong>de</strong>, e dispor os acontecimentos n<strong>uma</strong> seqüência temporal única. Mas a tentativa<br />

<strong>de</strong> elaborar <strong>uma</strong> explicação coerente <strong>para</strong> os fenômenos eletromagnéticos e óticos, a<br />

partir do enunciado das leis <strong>de</strong> Maxwell no final do século XIX, revelou que diferentes

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