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bruxas e feiticeiras em novelas de cavalaria do ciclo arturiano

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ealida<strong>de</strong> (como fonte inspira<strong>do</strong>ra) e a ficção (como representação <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>) veiculada<br />

pelo romance.<br />

Percebe-se daí a forte i<strong>de</strong>ntificação sentida pelo leitor <strong>em</strong> relação a uma personag<strong>em</strong> ou a uma<br />

situação vivida por uma ou mais personagens. A história, seja relatada cronologicamente ou<br />

não, representa uma referência à ficção. Tal assertiva combate os estudiosos que <strong>de</strong>fend<strong>em</strong> a<br />

nítida separação da criação literária <strong>do</strong> ambiente real vivi<strong>do</strong> pelo autor. Por mais que um autor<br />

crie, invente personagens, situações, ações e atitu<strong>de</strong>s completamente originadas por sua<br />

mente, não há como fugir <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los sociais pré-existentes. Apesar da relação intrínseca<br />

entre estas duas esferas, é importante salientar que se trata apenas <strong>de</strong> uma relação. A história,<br />

seja <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> uma pessoa apenas, não constitui matéria real num romance.<br />

Não são a mesma coisa a vida real e o que se reflete na ficção romanesca, entretanto, esta<br />

recebe reflexos daquela que a faz<strong>em</strong> s<strong>em</strong>elhante e passível <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação.<br />

Bourneuf & Ouellet (1976) explicam que a história narrada é fictícia e <strong>de</strong>stacam a habilida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> autor <strong>em</strong> utilizar o verda<strong>de</strong>iro e transformá-lo <strong>em</strong> ficção: “Dificilmente se po<strong>de</strong> conceber<br />

um romance puro, on<strong>de</strong> tu<strong>do</strong> seria fabrica<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong> da realida<strong>de</strong> (...)” (p.31). Do mesmo<br />

mo<strong>do</strong>, questionam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir uma narrativa bruta, <strong>em</strong> que tu<strong>do</strong> fosse conforme<br />

a realida<strong>de</strong>. Ainda assim estaria <strong>em</strong> conformida<strong>de</strong> com a realida<strong>de</strong>, não seria outra forma <strong>de</strong><br />

realida<strong>de</strong>: “(...) o romance atua s<strong>em</strong> cessar na fronteira ambígua <strong>do</strong> real e da ficção. Se o<br />

romancista dá a sua história por verda<strong>de</strong>ira, engana pouco ou muito o seu leitor, mas porque<br />

este o admite e nisso sente prazer...” (p.32).<br />

Ressaltan<strong>do</strong> ainda o papel da história na narrativa romanesca, <strong>de</strong>ve-se, então, constar que nas<br />

literaturas européias medievais, extensas composições romanescas apareceram com bastante<br />

freqüência e contribuíram para a construção da imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma época por <strong>de</strong>scrições e<br />

narrações da vida cotidiana comum, como também da vida da Corte. Aguiar e Silva (1973)<br />

esclarece que se po<strong>de</strong> encontrar duas correntes <strong>de</strong>ssa literatura: o romance <strong>de</strong> <strong>cavalaria</strong> e o<br />

romance sentimental. O romance <strong>de</strong> <strong>cavalaria</strong>, segun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo constituí<strong>do</strong> pelas obras <strong>de</strong><br />

Chrétien <strong>de</strong> Troyes, revela uma vivência nobre e ao mesmo t<strong>em</strong>po guerreira, apresentan<strong>do</strong><br />

uma estrutura pautada <strong>em</strong> duas vertentes: o amor e a aventura.<br />

Vale l<strong>em</strong>brar que Zumthor (1972, apud AGUIAR E SILVA, 1973) <strong>de</strong>fine o significa<strong>do</strong><br />

específico <strong>do</strong> termo “aventura” no romance <strong>de</strong> Chrétien <strong>de</strong> Troyes e <strong>de</strong> outros romancistas<br />

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