17.04.2013 Views

bruxas e feiticeiras em novelas de cavalaria do ciclo arturiano

bruxas e feiticeiras em novelas de cavalaria do ciclo arturiano

bruxas e feiticeiras em novelas de cavalaria do ciclo arturiano

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

INTRODUÇÃO<br />

As <strong>novelas</strong> <strong>de</strong> <strong>cavalaria</strong>, representantes <strong>do</strong> gênero narrativo da Era Medieval, são aventuras<br />

guerreiras que exaltam a valentia, a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao soberano e a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s fracos. O cavaleiro,<br />

personag<strong>em</strong> concebida segun<strong>do</strong> os padrões da Igreja Católica, revela castida<strong>de</strong>, fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e<br />

<strong>de</strong>dicação, apresentan<strong>do</strong>-se s<strong>em</strong>pre disposto a qualquer sacrifício para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a honra cristã.<br />

Des<strong>de</strong> o t<strong>em</strong>po das Cruzadas, está diretamente liga<strong>do</strong> à luta <strong>em</strong> <strong>de</strong>fesa da Europa oci<strong>de</strong>ntal<br />

contra os inimigos da cristanda<strong>de</strong>. Por outro la<strong>do</strong>, essa concepção opõe-se à <strong>do</strong> cavaleiro da<br />

corte, geralmente sedutor, galantea<strong>do</strong>r, dividi<strong>do</strong> entre os prazeres da luta e os prazeres da<br />

carne, freqüent<strong>em</strong>ente envolvi<strong>do</strong> <strong>em</strong> relacionamentos ilícitos.<br />

Nas obras selecionadas para este trabalho A D<strong>em</strong>anda <strong>do</strong> Santo Graal e Amadis <strong>de</strong> Gaula,<br />

ambas as concepções <strong>do</strong> cavaleiro medieval são encontradas. Esses aspectos servirão <strong>de</strong> base<br />

à investigação das personagens f<strong>em</strong>ininas tidas como <strong>bruxas</strong>, presentes nas <strong>novelas</strong> e na vida<br />

<strong>do</strong>s cavaleiros. As concepções acerca <strong>do</strong> cavaleiro i<strong>de</strong>al po<strong>de</strong>rão se tornar índices na<br />

construção das personagens f<strong>em</strong>ininas, que provocam diferentes efeitos na recepção <strong>de</strong><br />

leitura. Segun<strong>do</strong> Cândi<strong>do</strong> (1985), essa carga <strong>de</strong> efeitos (ou <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s) parte da relação<br />

existente entre o ser vivo e o ser fictício, isto é, a manifestação da personag<strong>em</strong> que concretiza<br />

a comunicação e/ou interação que ocorre, no ato da leitura, entre o leitor e as personagens <strong>de</strong><br />

uma <strong>de</strong>terminada história. As ações e o enre<strong>do</strong> traduz<strong>em</strong> ao leitor a capacida<strong>de</strong> ou não <strong>de</strong><br />

aceitação da verda<strong>de</strong> transmitida pela personag<strong>em</strong> numa obra <strong>de</strong> ficção.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a personag<strong>em</strong> um ser fictício, o probl<strong>em</strong>a da verossimilhança no romance<br />

acaba por <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da possibilida<strong>de</strong> da personag<strong>em</strong> <strong>de</strong> ficção criar a impressão da mais pura<br />

realida<strong>de</strong>. Cândi<strong>do</strong> expõe claramente as s<strong>em</strong>elhanças entre o ser vivo real e o ser fantástico,<br />

ficcional, cria<strong>do</strong> pela mente <strong>de</strong> um escritor, não <strong>de</strong>scartan<strong>do</strong> a inserção <strong>de</strong> um mun<strong>do</strong> no<br />

outro, como troca <strong>de</strong> essências que fortalece o real e o imaginário. Ressalta também o caráter<br />

fragmentário da personag<strong>em</strong>, por meio da comparação com o ser humano, ao esclarecer que o<br />

conhecimento <strong>do</strong> autor sobre a personag<strong>em</strong> criada é limita<strong>do</strong> e que esta característica é<br />

comum ao hom<strong>em</strong>.<br />

Na vida real esta é uma condição inerente ao ser humano, porque não é da<strong>do</strong> ao hom<strong>em</strong><br />

conhecer por completo a essência <strong>de</strong> outro, n<strong>em</strong> mesmo saber o que lhe acontecerá até o fim<br />

7

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!