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bruxas e feiticeiras em novelas de cavalaria do ciclo arturiano

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Bourneuf & Ouellet (1976) também discut<strong>em</strong> o caráter <strong>de</strong> sucessivida<strong>de</strong> no <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong><br />

uma narrativa, ao afirmar<strong>em</strong> que o romance se organiza “à maneira <strong>de</strong> uma sucessão <strong>de</strong><br />

quadros sobre um fun<strong>do</strong> físico que dá à narrativa a sua configuração própria” (p. 169). Os<br />

personagens <strong>de</strong>scritos <strong>em</strong> um romance <strong>de</strong>pend<strong>em</strong> <strong>de</strong> movimento e andamento e tais<br />

d<strong>em</strong>andam t<strong>em</strong>po e ação. Os autores afirmam também que o t<strong>em</strong>po na narrativa mo<strong>de</strong>rna não<br />

mais se restringe a um el<strong>em</strong>ento da narrativida<strong>de</strong>; é muito mais <strong>do</strong> que isso, chega a ser o<br />

próprio assunto <strong>de</strong> um romance, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> levar à realização <strong>do</strong>s fatos e configuran<strong>do</strong>-se no<br />

próprio herói da história.<br />

Apresentam, ainda, a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> distinções que a palavra t<strong>em</strong>po recorre normalmente. Na<br />

distinção proposta por M. Butor 7 (1969, apud Bourneuf & Ouellet, 1976) exist<strong>em</strong> três t<strong>em</strong>pos<br />

relaciona<strong>do</strong>s ao romance: t<strong>em</strong>po da aventura, t<strong>em</strong>po da escrita e t<strong>em</strong>po da leitura. Reis (1995)<br />

apresenta, contrariamente, o t<strong>em</strong>po da narrativa abarcan<strong>do</strong> três t<strong>em</strong>poralida<strong>de</strong>s autônomas e,<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po, associáveis entre si; são elas: o t<strong>em</strong>po da história, o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> discurso e o<br />

t<strong>em</strong>po da narração. É possível fazer uma analogia <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po da aventura com o t<strong>em</strong>po da<br />

história. Já o t<strong>em</strong>po da escrita po<strong>de</strong>ria ser equipara<strong>do</strong> ao t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> discurso ou ao t<strong>em</strong>po da<br />

narração; no entanto, o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> leitura não parece se aproximar das idéias <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong><br />

discurso ou <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> narração.<br />

Retoman<strong>do</strong> a distinção proposta por Butor, o t<strong>em</strong>po da aventura v<strong>em</strong> a ser a primeira<br />

dimensão t<strong>em</strong>poral que atinge o leitor, isto é, o t<strong>em</strong>po da própria história. É comum as obras<br />

trazer<strong>em</strong> uma referência da época <strong>em</strong> que se situa a aventura narrada. Romances pod<strong>em</strong> tratar<br />

<strong>de</strong> acontecimentos ocorri<strong>do</strong>s, na diegese, no início da Cristanda<strong>de</strong> ou num futuro b<strong>em</strong><br />

distante, além das coisas conhecidas no presente. Segun<strong>do</strong> os autores, essa referência<br />

t<strong>em</strong>poral ou essa duração <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> natureza exterior, cronológica ou, até mesmo,<br />

matizar-se por trás <strong>de</strong> uma duração psicológica, não passível <strong>de</strong> mensuração.<br />

Prosseguin<strong>do</strong> com a discussão acerca <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos narrativos, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>stacar a<br />

focalização. Também conheci<strong>do</strong> por ponto <strong>de</strong> vista ou foco narrativo, constitui-se num <strong>do</strong>s<br />

el<strong>em</strong>entos mais relevantes da estrutura <strong>do</strong> romance. Segun<strong>do</strong> Aguiar e Silva (1973) a<br />

focalização exprime as relações que um narra<strong>do</strong>r possui com o universo diegético e com o<br />

narratário e isso <strong>de</strong>nota sua gran<strong>de</strong> importância na construção discursiva da narração.<br />

7 Michel Butor, Essais sur lê roman, p. 118.<br />

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