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bruxas e feiticeiras em novelas de cavalaria do ciclo arturiano

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significa<strong>do</strong>s. Ela é <strong>de</strong>sprovida <strong>do</strong>s principais el<strong>em</strong>entos que a i<strong>de</strong>ntificavam, como a<br />

fisionomia, a crônica familiar e as minúcias <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> caráter, apresentan<strong>do</strong>-se s<strong>em</strong> o<br />

nome próprio, el<strong>em</strong>ento fundamental da particularização <strong>do</strong> indivíduo. Como ex<strong>em</strong>plos<br />

pod<strong>em</strong> ser cita<strong>do</strong>s o herói <strong>de</strong> O castelo, <strong>de</strong> Franz Kafka, <strong>em</strong> que é <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> apenas por<br />

“K.”; a personag<strong>em</strong> central <strong>de</strong> Finnegans que James Joyce <strong>de</strong>nomina H.C.E.; e Clau<strong>de</strong><br />

Simon, na La bataille <strong>de</strong> Pharsale, <strong>de</strong>nomina 0 para o protagonista, que se apresenta ora<br />

hom<strong>em</strong>, ora mulher. Neste último ex<strong>em</strong>plo, não se esclarece o 0 (“zero” ou uma letra <strong>do</strong><br />

alfabeto).<br />

Enten<strong>de</strong>-se que, imerso nesta socieda<strong>de</strong> tecnoburocratizada, on<strong>de</strong> o hom<strong>em</strong> é carente <strong>de</strong><br />

motivações éticas e i<strong>de</strong>ológicas, o romance seria incapaz <strong>de</strong> retratar personagens com reflexos<br />

<strong>de</strong> valores das socieda<strong>de</strong>s antece<strong>de</strong>ntes. É compreensível que as personagens sejam<br />

apresentadas nos mol<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> que o escritor se insere, refletin<strong>do</strong>, através da forma<br />

<strong>de</strong> sua apresentação, as características inerentes ao hom<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>rno, com seus conflitos e<br />

lutas interiores.<br />

Chega-se, aqui, a um outro ponto fundamental: a construção da personag<strong>em</strong>. De que maneira<br />

um autor concebe suas personagens, ou ainda, como o romancista constrói esses seres que<br />

circularão na sua história narrada?<br />

Aguiar e Silva (1973) apresenta a proposta <strong>de</strong> E. M. Forster 8 , <strong>em</strong> que as personagens <strong>do</strong><br />

romance pod<strong>em</strong> ser planas ou re<strong>do</strong>ndas. As personagens planas são aquelas que apresentam<br />

características comportamentais padronizadas durante toda a narrativa. São traçadas por um<br />

fio ininterrupto, s<strong>em</strong> oscilações aparentes, o que equivale a dizer que não apresentam<br />

mudanças no <strong>de</strong>curso <strong>do</strong> romance. São previsíveis <strong>em</strong> suas atitu<strong>de</strong>s; não têm o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

surpreen<strong>de</strong>r o leitor. Em inúmeros romances, tend<strong>em</strong> a constituir-se num tipo, numa<br />

caricatura e, por vezes, apresentam perfis cômicos. Ocorre que, no <strong>de</strong>senvolver da narrativa,<br />

essas personagens não são influenciadas pelos fatos a ponto <strong>de</strong> sofrer<strong>em</strong> alterações <strong>de</strong> caráter.<br />

O autor esclarece que elas não conhec<strong>em</strong> as transformações íntimas que po<strong>de</strong>riam torná-las<br />

individualizadas e passíveis <strong>de</strong> anular seu aspecto típico. Para o seu cria<strong>do</strong>r, ao caracterizá-las<br />

inser<strong>em</strong>-se imediatamente na narração e apresentam um comportamento fixo <strong>do</strong> início ao<br />

final da obra. São personagens propensas a representar<strong>em</strong> papéis secundários.<br />

8 E.M. Forster, Aspeetti Del romanzo, Milano, Il Saggiatore, 1963, apud AGUIAR E SILVA, 1973.<br />

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