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bruxas e feiticeiras em novelas de cavalaria do ciclo arturiano

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diferent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> como a vida real se apresenta, incumbin<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> preestabelecer uma lógica<br />

que as torna padronizadas e, por isso, eficientes.<br />

Candi<strong>do</strong> inicia a sua investigação no ponto para<strong>do</strong>xal (a personag<strong>em</strong> é um ser fictício). A<br />

proposição <strong>de</strong> a personag<strong>em</strong> ser uma cópia <strong>do</strong> real po<strong>de</strong> ser vislumbrada no <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser fiel<br />

à realida<strong>de</strong>, um <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos básicos para a construção <strong>de</strong> uma personag<strong>em</strong>. Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste<br />

pressuposto, esclarece que a criação oscila entre estas duas possibilida<strong>de</strong>s: “ou é uma<br />

transposição fiel <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los, ou é uma invenção totalmente imaginária” (p. 70). Pon<strong>de</strong>ra que<br />

estes <strong>do</strong>is pólos são os limites da criação literária novelística, no que se refere à personag<strong>em</strong>,<br />

e que cada romancista se vale <strong>de</strong> combinações variadas respeitan<strong>do</strong> estes limites. Este v<strong>em</strong> a<br />

ser o traço distintivo que o <strong>de</strong>fine, b<strong>em</strong> como a cada uma <strong>de</strong> suas personagens. São estas<br />

consi<strong>de</strong>rações que tornam o estu<strong>do</strong> da orig<strong>em</strong> da personag<strong>em</strong> interessante para a técnica <strong>de</strong><br />

caracterização e também para a relação que há entre criação e realida<strong>de</strong>, verda<strong>de</strong>ira essência<br />

da ficção.<br />

A coerência interna é, portanto, um ponto <strong>de</strong>cisivo nesse estu<strong>do</strong>. O fato <strong>de</strong> a personag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r das intenções e escolhas <strong>de</strong> um autor sugere que a observação da realida<strong>de</strong> apenas<br />

transmite a sensação da verda<strong>de</strong> no romance e que, para que esta realmente se instale, to<strong>do</strong>s<br />

os el<strong>em</strong>entos da narrativa <strong>de</strong>vam ajustar-se apropriadamente. Assim sen<strong>do</strong>, a verda<strong>de</strong> da<br />

personag<strong>em</strong> não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, exclusivamente, da relação com a vida ou com a sua orig<strong>em</strong>, mas,<br />

sobretu<strong>do</strong>, da função que exerce na estrutura <strong>do</strong> romance. A personag<strong>em</strong> e tu<strong>do</strong> o que lhe diz<br />

respeito é menos um probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> analogia com a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> que <strong>de</strong> organização interna.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, a verossimilhança termina por <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da estruturação estética <strong>do</strong> romance.<br />

Muito mais importante se faz o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> romance que envereda pelos caminhos da<br />

composição e não da comparação com a realida<strong>de</strong> exterior. Mesmo que o conteú<strong>do</strong> diegético<br />

narra<strong>do</strong> seja uma cópia fiel da realida<strong>de</strong>, só haverá o sentimento <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> para o leitor se a<br />

obra for organizada segun<strong>do</strong> uma estrutura coerente. Assim, a vida <strong>de</strong> uma personag<strong>em</strong> não<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas <strong>de</strong> sua inserção na narrativa, mas da relação que estabelece com os outros<br />

el<strong>em</strong>entos: outros personagens, lugares, duração t<strong>em</strong>poral, ações, idéias. Por isso a<br />

caracterização <strong>de</strong>ve estar sujeita a uma escolha e distribuição conveniente <strong>do</strong>s traços<br />

expressivos das personagens que possam se coadunar na composição geral <strong>do</strong> romance.<br />

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