bruxas e feiticeiras em novelas de cavalaria do ciclo arturiano
bruxas e feiticeiras em novelas de cavalaria do ciclo arturiano
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italiana que a novela irradiou-se pela Europa. Da mesma forma como Jolles explica a<br />
sensação <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> transmitida pela novela, também Bourneuf & Ouellet (1976) expõ<strong>em</strong> o<br />
fato <strong>de</strong> a novela apresentar histórias curtas, a complexida<strong>de</strong> da vida que o autor busca<br />
transparecer torna-se mais <strong>de</strong>nsa e edificada.<br />
Em relação ao conto, há controvérsias quanto a sua caracterização, b<strong>em</strong> como as suas<br />
s<strong>em</strong>elhanças e diferenças com a novela. Exist<strong>em</strong> autores que não diferenciam essas formas<br />
literárias, atribuin<strong>do</strong> as possíveis varieda<strong>de</strong>s a uma terminologia apenas. Entretanto, há outros<br />
estudiosos que procuram <strong>de</strong>limitar certas características à novela inexistentes no conto ou<br />
vice-versa. Paul Zumthor (1972, apud AGUIAR E SILVA, 1973) esclarece que a novela,<br />
narrativa curta, como <strong>de</strong>signação literária, provém <strong>do</strong> italiano novella, que significa<br />
“novida<strong>de</strong>, notícia”. No século XIII a palavra “nova” aparece com o significa<strong>do</strong> <strong>de</strong> “narrativa<br />
feita <strong>de</strong> alguma matéria tradicional, arranjada <strong>de</strong> novo”.<br />
Enten<strong>de</strong>-se que a novela <strong>de</strong>dica-se à cont<strong>em</strong>plação, não oferecen<strong>do</strong> matéria à interrogação, à<br />
intriga, ao exercício intelectual da leitura. Mesmo estan<strong>do</strong> próxima à realida<strong>de</strong> cotidiana, por<br />
suas características ingênuas e vulgares, torna-se uma literatura mais apropriada ao leitor<br />
menos exigente, que apenas procura por distração. Por esse motivo, a t<strong>em</strong>ática maravilhosa e<br />
fantástica adapta-se b<strong>em</strong> à cont<strong>em</strong>plação e satisfaz este leitor.<br />
Retoman<strong>do</strong> a narrativa romanesca, suas implicações e seus principais el<strong>em</strong>entos constitutivos<br />
e históricos, Aguiar e Silva (1973) aponta uma estreita ligação entre o romance surgi<strong>do</strong> no<br />
perío<strong>do</strong> barroco, no século XVII, e o romance medieval, caracterizan<strong>do</strong>-se pela exuberante<br />
imaginação e pela quantida<strong>de</strong> vasta <strong>de</strong> situações aventurosas, fantásticas e inverossímeis, tais<br />
como “naufrágios, duelos, raptos, confusões e personagens, aparições <strong>de</strong> monstros e gigantes,<br />
etc.” (p.252). Mas, ao mesmo t<strong>em</strong>po, o romance barroco v<strong>em</strong> preencher o gosto e respon<strong>de</strong>r<br />
às exigências requintadas <strong>do</strong> público leitor daquele século, que consumia vorazmente esta<br />
literatura romanesca, repleta <strong>de</strong> narrativas longas e complicadas, principalmente, aventuras<br />
sentimentais.<br />
Ainda no quadro das literaturas européias <strong>do</strong> século XVII, ocupa lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque Dom<br />
Quixote, <strong>de</strong> Cervantes, posicionan<strong>do</strong> a Espanha no cume <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio da criação romanesca. A<br />
obra constitui uma espécie <strong>de</strong> anti-romance pautada na crítica aos valores cavaleirescos,<br />
representan<strong>do</strong> uma sátira aos romances <strong>de</strong> <strong>cavalaria</strong>. À literatura espanhola também pertence<br />
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