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bruxas e feiticeiras em novelas de cavalaria do ciclo arturiano

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significa<strong>do</strong> diverso. Relaciona-se mais à questão da autenticida<strong>de</strong> ou sincerida<strong>de</strong> <strong>do</strong> autor <strong>de</strong><br />

ficção <strong>do</strong> que com o próprio senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> real, inerente aos fatos ocorri<strong>do</strong>s com os seres<br />

humanos. Desta forma, essa verda<strong>de</strong> refere-se à atitu<strong>de</strong> subjetiva <strong>do</strong>s escritores ou à<br />

verossimilhança, isto é, a a<strong>de</strong>quação ao que po<strong>de</strong>ria ter aconteci<strong>do</strong> e não ao que realmente<br />

aconteceu. Rosenfeld (1985) afirma que não seria correto aplicar critérios <strong>de</strong> veracida<strong>de</strong><br />

cognoscitiva a enuncia<strong>do</strong>s fictícios. Pareceriam falsos e essa visão <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong> não se aplica<br />

as esferas que, <strong>em</strong>bora inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, sejam tão distintas.<br />

Destaca o fato <strong>de</strong> que os romances buscam, através da energia expressiva da linguag<strong>em</strong>,<br />

particularizar, concretizar e individualizar os contextos representacionais (objectuais)<br />

mediante aspectos varia<strong>do</strong>s e uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes e minúcias que pretend<strong>em</strong><br />

revestir <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> uma situação que é imaginária. Precisamente, é esta aparência <strong>de</strong><br />

realida<strong>de</strong> que caracteriza a intencionalida<strong>de</strong> ficcional. Devi<strong>do</strong> à inserção <strong>de</strong> tantos <strong>de</strong>talhes, à<br />

veracida<strong>de</strong> <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s insignificantes, à coerência interna <strong>do</strong>s fatos, à lógica <strong>do</strong>s móbeis das<br />

personagens e ao caráter causal <strong>do</strong>s acontecimentos, a verossimilhança se instala <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

imaginário para o real. Note-se que, mesmo um texto que não tenha to<strong>do</strong>s esses el<strong>em</strong>entos,<br />

ainda assim po<strong>de</strong> alcançar força <strong>de</strong> convicção; haja vista textos <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> fantástico ou<br />

alegórico que se impõ<strong>em</strong> como reais.<br />

Segun<strong>do</strong> Rosenfeld (1985), a personag<strong>em</strong> é a criatura que possibilita o a<strong>de</strong>nsamento e a<br />

cristalização <strong>do</strong> imaginário na mente <strong>do</strong>s leitores. A personag<strong>em</strong> torna nítida a ficção no seu<br />

termo mais literal: aquilo que po<strong>de</strong>ria acontecer e não o retrato <strong>de</strong> algo que aconteceu. O autor<br />

compara esse caráter da personag<strong>em</strong> <strong>de</strong> ficção com a personag<strong>em</strong> lírica, que exprime esta<strong>do</strong>s<br />

e não contornos marcantes. Já a personag<strong>em</strong> <strong>de</strong> romance é <strong>de</strong>finida pelo efeito contínuo <strong>do</strong><br />

t<strong>em</strong>po sobre os fatos e as ações, d<strong>em</strong>onstran<strong>do</strong> seus aspectos sobrepujantes através <strong>do</strong><br />

conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e aventuras que <strong>de</strong>senvolve durante a narração. Por isso, o teórico<br />

conclui que a personag<strong>em</strong> é a manifestação mais viva da ficção e, por conseguinte, a sua<br />

função é mais sobrelevante na literatura narrativa.<br />

Salienta também o aspecto lingüístico que <strong>de</strong>fine a narrativa literária. O discurso da narrativa<br />

permite uma liberda<strong>de</strong> ao escritor que não ocorre, por ex<strong>em</strong>plo, com o discurso lírico: o<br />

narra<strong>do</strong>r lírico confun<strong>de</strong>-se com o “eu” <strong>do</strong> monólogo; já o narra<strong>do</strong>r <strong>de</strong> romance, <strong>em</strong> geral,<br />

finge se distinguir das outras personagens. Apenas no gênero narrativo é que formas <strong>de</strong><br />

discurso ambíguas pod<strong>em</strong> aparecer, projetan<strong>do</strong> o discurso por meio <strong>de</strong> duas visões diferentes<br />

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