Os Sentidos da Democracia e da Participação - Polis
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nesse governo. Mas qual é o limite dessa participação, de que maneira essa<br />
participação vem se <strong>da</strong>ndo? Não é só o fato de que em alguns setores essa<br />
participação não ocorre, como é o caso do setor econômico. Mas de que maneira<br />
estamos construindo, efetivamente, uma participação que é uma democracia<br />
participativa? Ou ela é uma participação regula<strong>da</strong>, ou é controla<strong>da</strong>. Esse é o<br />
limite. Eu não sou dos frustrados, sou provavelmente dos mais realistas que estão<br />
nesse plenário, sei dos limites e <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des. Mas a minha questão é: de<br />
que maneira esse governo está usando a participação como uma força social<br />
de mu<strong>da</strong>nça? Eu pergunto isso <strong>da</strong>ndo um exemplo. Nós, ABONG, Inte-redes,<br />
uma série de movimentos sociais, nos envolvemos fortemente com o processo<br />
<strong>da</strong> PPA. Esse processo gerou debates em todos os Estados; nós mobilizamos a<br />
socie<strong>da</strong>de para isso e chegamos a certos acordos. No final, esses acordos não<br />
foram cumpridos. Esses acordos poderiam de fato avançar sobre o processo de<br />
pressão, de participação de uma democracia efetiva, em que os setores sociais<br />
poderiam manter o controle e a pressão sobre o Estado. São acordos básicos,<br />
de formação de grupos de trabalho paritário, de construção de parcerias com<br />
a socie<strong>da</strong>de civil nos monitoramentos, na revisão anual, acordos de acesso a<br />
informações, de elaboração de indicadores de agregados por gênero, raça, etnia,<br />
certos acordos que nós fechamos, que não foram encaminhados e que não<br />
movem as coisas para que essa democracia participativa possa avançar.<br />
Então, a minha questão é: até que ponto esse limite vai se <strong>da</strong>r? Quer dizer, a<br />
nossa deman<strong>da</strong> é para avançar, para usar a força social como força de mu<strong>da</strong>nça,<br />
e não a participação regula<strong>da</strong> e controla<strong>da</strong>.<br />
Beto Cury Acho que a coisa que a gente precisa compreender é que os movimentos<br />
trabalham com um ideal, e isso é correto. Eu sou de um dos movimentos, do<br />
movimento sindical, e governo com o possível. O desafio de um governo democrático<br />
popular é fazer esse possível avançar ao máximo para se aproximar<br />
do ideal. Agora, isso é processo.<br />
Quando a Moema diz que esse governo avançou em relação aos outros, mas<br />
está muito aquém do que se esperava dele, primeiro, precisamos compreender<br />
que estamos com 18 meses de governo. Eu gostaria – o Presidente já falou isso<br />
– que esse governo fosse julgado ao final dos seus quatro anos de man<strong>da</strong>to.<br />
Com certeza nós chegaremos ao final do man<strong>da</strong>to com muitos avanços, mas<br />
com a nossa tarefa inconcluí<strong>da</strong>. Porque é impossível resolver os problemas que<br />
o Brasil tem em quatro anos de governo. Alguém imaginar isso é muita ingenui<strong>da</strong>de,<br />
eu sei que aqui ninguém imagina isso. O que podemos fazer nesses<br />
quatro anos para fazer o possível chegar mais próximo do ideal?<br />
Com relação ao PPA – que fomos nós que coordenamos junto com a ABONG<br />
– testemunho, publicamente, que a participação <strong>da</strong> ABONG foi muito, muito<br />
importante, além de outras enti<strong>da</strong>des, Inter-redes, INESC, que participaram<br />
de forma muito decisiva. Nós tínhamos uma contradição no ano passado. O<br />
PPA é elaborado no primeiro ano de governo, vale para os três últimos, e para<br />
o primeiro ano do governo seguinte. Portanto, tínhamos que elaborar o PPA<br />
com prazos estabelecidos; até agosto tínhamos que man<strong>da</strong>r a peça para o<br />
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