Os Sentidos da Democracia e da Participação - Polis
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quanto à utili<strong>da</strong>de do mecanismo –, leis contra a violência doméstica gesta<strong>da</strong>s<br />
na Conferência de Belém do Pará, ou a criação de mecanismos de elevação<br />
social <strong>da</strong>s mulheres nos países <strong>da</strong> região comprovam essa importância.<br />
A riqueza <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social e cultural se expressa na arena política como a ponta<br />
de um iceberg, e “devemos começar a considerar o social ver<strong>da</strong>deiramente<br />
como ‘a outra cara <strong>da</strong> moe<strong>da</strong>’, como aquela parte de nossa vi<strong>da</strong> comum que<br />
pressiona constantemente para sair à luz e que nos lembra dos limites de nosso<br />
mecanismo de representação e de nossos processos decisórios” (MELUCCI, 2001).<br />
A democracia vista deste ângulo é medi<strong>da</strong> precisamente por sua capaci<strong>da</strong>de de<br />
fazer aflorar os conflitos, para torná-los públicos e coletivos.<br />
Segundo o relatório do PNUD, “os sistemas de partidos tendem a ser instrumentais<br />
e operacionais, enquanto que o que se necessita é fortalecê-los para<br />
ampliar a eficácia, a transparência e a responsabili<strong>da</strong>de. Esta é, na opinião do<br />
relatório, a melhor maneira de reafirmar o papel indispensável de representação<br />
<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de que eles expressam. Nesse sentido, os partidos políticos teriam<br />
que compreender melhor as mu<strong>da</strong>nças nas socie<strong>da</strong>des contemporâneas, propor<br />
novos projetos de socie<strong>da</strong>de e promover debates públicos”.<br />
Quais debates os partidos deveriam promover? Que novos projetos de socie<strong>da</strong>de<br />
precisamos para fortalecer a democracia e a participação ci<strong>da</strong>dã?<br />
Compartilhando desse diagnóstico, talvez devêssemos colocar ênfase na<br />
ação política como patrimônio de múltiplos atores e nesta dinâmica que se<br />
estabelece entre o existente e o desejável. Tem se repetido que a atual globalização<br />
econômica diminui a ação dos Estados Nacionais e suas capaci<strong>da</strong>des<br />
de exercício de soberania, como afirma Held “a globalização econômica de<br />
nenhuma maneira se traduz necessariamente em uma diminuição do Estado,<br />
mas está transformando as condições sob as quais o poder do Estado é exercido”.<br />
Entretanto, temos que reconhecer que os novos padrões de mu<strong>da</strong>nça regional<br />
e global estão transformando o contexto <strong>da</strong> ação política, criando um sistema<br />
de centros de poder múltiplo e esferas de autori<strong>da</strong>de sobrepostas, uma ordem<br />
pós-Westfália (HELD, 1999, p. 441).<br />
A luta dos atores para ampliar o debate democrático, mesmo quando surge<br />
no espaço global, baseia-se em experiências de organização e disputa nacionais<br />
e combina-se criativamente em uma plurali<strong>da</strong>de de marcos de significados <strong>da</strong><br />
ação e em diferentes contextos políticos, sejam eles globais, nacionais e locais.<br />
Contexto de múltiplos atores<br />
Quanto mais se expande o espaço <strong>da</strong> experiência social, mais se multiplicam<br />
os significados. Essa pluralização do sentido e <strong>da</strong> riqueza é um dos componentes<br />
mais instigantes <strong>da</strong>s geografias atuais.<br />
Como expressa Judith Butler, “diferentemente de uma visão que forja a<br />
operação de poder no campo político exclusivamente em termos de elementos<br />
separados, que competem entre si pelo controle <strong>da</strong>s questões políticas, a he-<br />
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