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Os Sentidos da Democracia e da Participação - Polis

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ou de oposição, mas sim de reconhecer que nesse campo de disputas, em que<br />

se medem forças, o acúmulo depende <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de do campo político democrático<br />

e popular defender mu<strong>da</strong>nças e ser capaz de se mobilizar para isso.<br />

Quero ain<strong>da</strong> mencionar dois pontos. Nos parece ca<strong>da</strong> vez mais fun<strong>da</strong>mental<br />

tratar o núcleo duro <strong>da</strong>s políticas do governo, as questões econômicas. Se no<br />

modelo neoliberal existe dissociação entre a economia e o social, entre a política<br />

e a economia, exercer a crítica sobre esse modelo significa também questionar<br />

o inquestionável.<br />

Vocês leram o jornal ontem e hoje e está sinalizado um aumento nas tarifas<br />

dos telefones que é <strong>da</strong> ordem de 16%. Se observarmos a curva de elevação dos<br />

preços <strong>da</strong> energia elétrica, do gás de cozinha, do telefone, enfim, de coisas que<br />

são essenciais no mundo urbano, vamos verificar que essa curva é muito superior<br />

à elevação <strong>da</strong> inflação. Isso ocorre porque essas empresas privatiza<strong>da</strong>s fizeram<br />

contratos no momento <strong>da</strong> privatização que lhes asseguram rentabili<strong>da</strong>de, em<br />

dólar, dos seus investimentos. Essas empresas não correm risco algum em seus<br />

investimentos aqui no Brasil. Elas estão avaliza<strong>da</strong>s pelo governo e autoriza<strong>da</strong>s<br />

a aprofun<strong>da</strong>r a desigual<strong>da</strong>de social praticando preços que a grande maioria,<br />

nesse momento de desemprego e recessão, não tem como responder. É quando<br />

o ci<strong>da</strong>dão mais precisa <strong>da</strong>s políticas públicas. Isso precisa ser questionado.<br />

Tocar o núcleo duro <strong>da</strong> economia significa, por exemplo, entrar na discussão<br />

<strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> externa, que considero uma questão essencial. Temos alguns exemplos<br />

no mundo, Índia, China, agora a Argentina, que não se submeteram às<br />

imposições do Fundo Monetário Internacional (FMI). Recusaram que esta fosse<br />

a única alternativa. Acredito que tenhamos pela frente um cenário que, ca<strong>da</strong><br />

vez mais, sinalize para esse movimento de questionar o que estou chamando<br />

de inquestionável. Como é que se compôs essa dívi<strong>da</strong> externa? Por que esse<br />

montante de pagamento do seu serviço? Se não estancarmos a evasão desses<br />

recursos para fora do país, não há alternativa de desenvolvimento. Não é à toa<br />

que esse governo ain<strong>da</strong> não apresentou um projeto de desenvolvimento. Não<br />

há recurso para isso nesse modelo.<br />

O que estou querendo sinalizar é que, ao tocar na questão do núcleo duro,<br />

surgem campanhas que me parecem importantes. Por exemplo, a questão <strong>da</strong><br />

auditoria <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> externa. É preciso tornar públicas as posturas críticas a esse<br />

governo e apresentar alternativas. Como o próprio Chico de Oliveira enuncia<br />

em carta aberta ao Presidente <strong>da</strong> República divulga<strong>da</strong> nos jornais há pouco<br />

tempo, em que ele diz: “Senhor Presidente, reduza o superávit primário a 2% do<br />

PIB e, com o excedente – porque o superávit primário hoje já passa dos 5% –,<br />

invista no social, invista no desenvolvimento, invista na criação de um mercado<br />

interno, invista, enfim, no brasileiro”. Essas são questões que nós também não<br />

nos acostumamos a questionar.<br />

Devemos começar a discutir o papel <strong>da</strong>s agências reguladoras de serviços<br />

públicos, porque elas, de alguma maneira, estão captura<strong>da</strong>s pelos interesses <strong>da</strong>s<br />

grandes corporações que compraram as empresas públicas. E, de novo, eu acho

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