Os Sentidos da Democracia e da Participação - Polis
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fazer. Quando se tem o planejamento bem pensado, estratégico, se atravessa as<br />
crises. Porque governar é um negócio meio no ar, você tem que ter an<strong>da</strong>imes.<br />
Vai an<strong>da</strong>ndo para frente e construindo novos an<strong>da</strong>imes para segurar o governo,<br />
e o ideal é que ele vá sempre para cima. Eu sinto falta disso aqui em São<br />
Paulo, eu sinto falta no nosso governo federal. Tem um projeto em curso, mas<br />
talvez nós estejamos pecando. Quando o governo tem minoria na Assembléia,<br />
não adianta só chamar o povo para ir lá para frente e votar aquele projeto. A<br />
oposição não vai mu<strong>da</strong>r de opinião só por conta <strong>da</strong> pressão. Você não tem que<br />
se entregar e nem pôr a oposição dentro do governo. Eu nunca fiz loteamento<br />
do governo, mas criamos um diálogo, depois colocamos o povo, todo mundo,<br />
demos uma legitima<strong>da</strong> neles, e eles foram saindo. Hoje, nós temos a grande<br />
maioria na Assembléia, porque a ca<strong>da</strong> eleição fomos renovando. Mas foi um<br />
processo; não é feito <strong>da</strong> noite para o dia.<br />
Sobre o planejamento, no meu governo, eu an<strong>da</strong>va pessoalmente com a equipe,<br />
tinha envolvimento do pessoal, montamos um plano na prefeitura. Quando<br />
chegamos ao governo, fizemos isso, município por município. Não havia isso;<br />
construímos o plano, que nos guia, e tivemos mecanismos definidos com o<br />
conjunto <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, quer dizer, garantindo a participação. É criar mecanismos<br />
para estar perto <strong>da</strong>s pessoas que são indivíduos não-governamentais, para que<br />
possam participar também. Isso é muito legal e fácil de fazer, não é complicado.<br />
No meu caso é mais fácil ain<strong>da</strong>, são 22 municípios, e eu ando em todos eles,<br />
todo ano. Fui a todos, montamos um plano e estamos executando esse plano.<br />
Moisés, Nobre, Olin<strong>da</strong> e Arnaldo perguntaram sobre os movimentos sociais na<br />
Amazônia, por conta dos governadores que negam a idéia do governo sustentável.<br />
Isso de fato é um complicador. O Acre tinha que estar vinculado ao meio<br />
ambiente. Nós não elegemos o Chico Mendes, em 1986. Eu era coordenador<br />
<strong>da</strong> campanha do Chico e perdemos por 100 votos, porque achávamos que se<br />
ele ganhasse o man<strong>da</strong>to poderíamos salvar a vi<strong>da</strong> dele. Dois anos depois ele foi<br />
assassinado e parecia que era nossa derrota, nosso fim. Em 1990, eu fui candi<strong>da</strong>to<br />
ao governo. Era um grupo pequeno, o PT teve 2% dos votos na eleição<br />
de 1986. Foi um vexame, ninguém queria ser candi<strong>da</strong>to do PT ao governo e<br />
eu fui. Tive 60 mil votos. Foi a primeira vez que o PT foi para o segundo turno<br />
no Brasil. Em 1992, fui eleito prefeito. Em 1998, nós perdemos a sucessão de<br />
prefeitura porque estávamos arrogantes demais, muito donos <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de e um<br />
pouco distantes dos movimentos sociais.<br />
Aprendemos com isso. Em 1999 começamos um outro governo, sempre cultivando<br />
essa idéia de governar para todos, de ganhar confiança do conjunto,<br />
mas tendo claros a mu<strong>da</strong>nça e o projeto que queríamos. Hoje, defender o meio<br />
ambiente dá voto no Acre; mu<strong>da</strong>mos o conceito de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia para florestania,<br />
porque ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia parece coisa de ci<strong>da</strong>de. Criamos o governo <strong>da</strong> floresta e hoje<br />
todo mundo está vendo que esse governo está fazendo as mais importantes<br />
mu<strong>da</strong>nças estruturais no Estado.<br />
A reivindicação do movimento social não pode parar, mas tem que levar em<br />
conta que agora é um governo um pouco diferente. Vou <strong>da</strong>r um exemplo:<br />
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