Os Sentidos da Democracia e da Participação - Polis
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a movimentação nesse espaço, nunca as vendo como opostas. Pelo contrário,<br />
a movimentação <strong>da</strong>s ruas pode em muito contribuir para que se construam<br />
esses espaços. Mas é preciso saber que, principalmente os conselhos que hoje<br />
existem, são instâncias em que a capaci<strong>da</strong>de de saber formular, e formular bem,<br />
e disputar argumentos com aqueles que estão no governo ou na socie<strong>da</strong>de com<br />
posições diversas, é absolutamente necessária, para fazer valer alguma coisa.<br />
Mário Sérgio Cortella Arnaldo, nessa mesma linha – o Chico falava <strong>da</strong> participação<br />
<strong>da</strong>s pessoas na rua, dos povos <strong>da</strong> floresta, <strong>da</strong>s pessoas dos rios – hoje tem uma<br />
socie<strong>da</strong>de civil que envolve classe média, empresários. Você vai dizer que antes<br />
também era assim, mas hoje tem uma participação na qual eles também são<br />
chamados. Como isso envolve o seu campo de ação? Com a presença desses<br />
novos grupos, que antes não tinham ativi<strong>da</strong>de tão contínua, a socie<strong>da</strong>de civil<br />
está prepara<strong>da</strong> para a efetivi<strong>da</strong>de na participação?<br />
José Arnaldo de Oliveira Há algumas coisas que vão se cristalizando como<br />
ideais. Uma delas é que a socie<strong>da</strong>de civil aprendeu a não ter o representante<br />
como uma figura auto-suficiente. O trabalho em rede, hoje, é um diferencial<br />
em relação ao período anterior. Analisa-se que é sempre insuficiente, quer<br />
dizer, há sempre barreiras de comunicação e não há espaço, em diversos tipos<br />
de mídia, para assuntos de desenvolvimento social. Às vezes muita gente não<br />
acessa a informação e não pode compartilhar o que está sendo discutido. Mas<br />
nesse ponto acho que a socie<strong>da</strong>de está muito mais capacita<strong>da</strong>. Como citei<br />
em exemplo anterior, muitas vezes um representante, hoje, nota que existem<br />
momentos em que não pode tomar uma decisão em nome de um coletivo<br />
tão grande. Há necessi<strong>da</strong>de de apoio para esses processos mais amplos, mais<br />
deliberativos, mais legítimos. Existem inúmeros exemplos. É um amadurecimento,<br />
inclusive de lideranças que estão vindo a ocupar lugar de muitos que<br />
foram cooptados pelo governo. Houve uma renovação automática de parte<br />
do movimento social como talvez nunca antes em nossa história. A partir<br />
do momento em que uma série de lideranças passou a ser Estado, passou a<br />
ser EPB, o estado. Então, o MAS, o movimento social, está se renovando e a<br />
busca por seu fortalecimento precisa considerar esse aspecto. É um fenômeno<br />
muito interessante.<br />
Mário Sérgio Cortella Beth, a socie<strong>da</strong>de civil está prepara<strong>da</strong>, está aproveitando os<br />
espaços? O governo, às vezes, parece que titubeia. E aí, nós que não somos governo<br />
estamos a postos para assumir o que nos cabe, o que é nosso direito?<br />
Beth Barros Acho difícil falar em socie<strong>da</strong>de civil prepara<strong>da</strong>. Nós temos ilhas. Em alguns<br />
temas, em algumas questões, já existe amadurecimento, nessa perspectiva<br />
que o Chico coloca de construção de política. Há amadurecimento em relação<br />
a caminhos, a propostas. E aí a interlocução fica mais complexa, mas também<br />
mais produtiva.<br />
Eu queria reforçar a questão que o Chico observa de não haver contradição.<br />
Diria que não só não há contradição, como também que é absolutamente indispensável<br />
para que a gente possa, enquanto representação de algum segmento,<br />
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