Os Sentidos da Democracia e da Participação - Polis
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a socie<strong>da</strong>de para que a possamos avançar nesses espaços, ocupando os que já<br />
foram conquistados pelo movimento e buscando outros canais que possam vir<br />
a fortalecer a nossa participação. Isso é um papel <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e precisa apenas<br />
ser fortalecido. Que consigamos levar para as ruas e elaborar propostas para<br />
que possamos sair desse impasse.<br />
Sérgio Had<strong>da</strong>d A meu ver não há ninguém, a não ser um pequeno grupo <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />
brasileira, que não reconheça a crise em que esse governo assumiu<br />
o poder e a necessi<strong>da</strong>de de ter uma política que pudesse superar, com <strong>da</strong>dos<br />
macroeconômicos, essa situação. A questão que se coloca é o tempo dessa<br />
política e o nível de profundi<strong>da</strong>de e de conseqüências sociais que ela pode<br />
ter. Sobre esse ponto de vista, talvez seja essa a grande crítica que se coloca<br />
à política econômica que se faz. Quer dizer, ser mais duro do que a própria<br />
recomen<strong>da</strong>ção do FMI é gostar muito <strong>da</strong> política econômica, é não pensar<br />
nela como transição. É pensar nela como uma política de governo. Essa é uma<br />
dificul<strong>da</strong>de real. Eu digo isso porque, talvez a grande questão para nós, como<br />
pressão social, é quando chegaremos nessa tal transição. No limite, se você<br />
olha em relação às perspectivas de planejamento para os próximos dois anos,<br />
o superávit fiscal é o mesmo.<br />
Eu fico feliz com o otimismo do Beto, e gostaria que fosse assim, efetivamente,<br />
mas não consigo ver aonde isso vem se realizando e de que maneira essa vulnerabili<strong>da</strong>de<br />
vem se <strong>da</strong>ndo. Você trouxe alguns <strong>da</strong>dos, mas o índice de dependência<br />
externa é extremamente elevado, quer dizer, nós não conseguimos resolver um<br />
problema que é essencial sob o ponto de vista econômico.<br />
Vocês estão aqui com a difícil missão de defender, e eu não queria estar no lugar<br />
de vocês, mas a ver<strong>da</strong>de é que podemos perceber o seguinte: <strong>da</strong> mesma forma<br />
que na carta aos brasileiros se colocava certas missões e certos compromissos<br />
com a socie<strong>da</strong>de brasileira, o presidente Lula também fez compromissos de outra<br />
natureza. Falou em 10 milhões de empregos, em superação do analfabetismo<br />
em 20 milhões, falou em Bolsa-Família, falou em reforma agrária, em metas que<br />
são de ordem social. É preciso reconhecer que as metas <strong>da</strong> Bolsa-Família vão<br />
ser atingi<strong>da</strong>s, aliás, vai se passar <strong>da</strong>s metas estabeleci<strong>da</strong>s, mas esse é o ponto<br />
de vista <strong>da</strong> política compensatória. Sem nenhum demérito, mas ao olharmos<br />
para uma política universal, como a educação, o problema do analfabetismo já<br />
não vai ser superado. Ou seja, os limites <strong>da</strong>dos por meio <strong>da</strong> política econômica<br />
limitam as políticas universais. Não estão limitando as políticas compensatórias,<br />
ou seja, há uma intencionali<strong>da</strong>de de se jogar força nas políticas compensatórias.<br />
E aquelas que são de natureza macroestrutural, que é o crescimento do<br />
emprego, estão muito tími<strong>da</strong>s. Aliás, para chegar aos 10 milhões, vai ser preciso<br />
um esforço muito grande.<br />
Quem defende o governo fala “são apenas 19 meses de governo”, mas eu fico<br />
pensando sob o ponto de vista <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil. Já passou 40% do tempo<br />
do governo Lula. Então, 18 meses tudo bem, mas 40%... Eu penso “bom, está<br />
acabando”, que compromissos sociais serão atingidos? Talvez, a grande questão,<br />
para nós, seja qual é a força dessa transição, que não conseguimos perceber e<br />
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