3º Ciclo
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Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Competências<br />
Competências nucleares<br />
Os níveis atingidos por cada sujeito na compreensão do<br />
oral, na leitura, na expressão oral, na expressão escrita e no<br />
conhecimento explícito determinam o seu nível de mestria linguística,<br />
pelo que elas constituem as competências nucleares<br />
a ter em conta no ensino da língua materna.<br />
A compreensão do oral é a competência responsável pela<br />
atribuição de significado a cadeias fónicas produzidas de<br />
acordo com a gramática de uma língua. Envolve a receção e a<br />
decifração da mensagem e implica o acesso à informação linguística<br />
registada permanentemente na memória. Sem tal registo<br />
não há compreensão, na medida em que não pode haver<br />
reconhecimento do significado das unidades ouvidas, sejam<br />
elas palavras, expressões ou frases.<br />
(…)<br />
Por leitura entende-se o processo interativo entre o leitor<br />
e o texto, através do qual o primeiro reconstrói o significado<br />
do segundo. A extração do significado e a consequente apropriação<br />
da informação veiculada pela escrita são os objetivos<br />
fundamentais da leitura, dependendo o nível de compreensão<br />
atingido do conhecimento prévio que o leitor tem sobre o assunto<br />
e do tipo de texto em presença.<br />
Ao contrário da compreensão do oral, a leitura não é nem<br />
uma atividade natural, nem de aquisição espontânea e universal.<br />
(…)<br />
A capacidade para produzir cadeias fónicas dotadas de significado<br />
e conformes à gramática de uma língua denomina-se<br />
expressão oral. Esta capacidade envolve o planeamento do<br />
que se pretende dizer, a formatação linguística do enunciado<br />
e a execução articulatória do mesmo.<br />
Compete à escola proporcionar aprendizagens conducentes<br />
a uma expressão fluente e adequada nos géneros formais<br />
e públicos do oral, que se caracterize por um vocabulário preciso<br />
e diversificado e por uma progressiva complexidade sintática.<br />
(…)<br />
Aprender a exprimir-se oralmente é, por isso, também,<br />
aprender a refletir sobre os vários géneros do oral, a conhecer<br />
as regras sociais que os regulam, a prever as reações dos<br />
interlocutores e a reformular o seu discurso em função das<br />
mesmas, a construir estratégias para informar, persuadir, explicar,<br />
argumentar com sucesso.<br />
(…)<br />
A expressão escrita consiste no processo complexo de produção<br />
de comunicação escrita. Tal como a leitura, não é uma<br />
atividade de aquisição espontânea e natural, exigindo, por isso,<br />
ensino explícito e sistematizado e uma prática frequente e supervisionada.<br />
Como modalidades secundárias da língua que partilham<br />
a necessidade do recurso à tradução do oral em gráfico,<br />
a leitura e a escrita usufruem reciprocamente do nível de mestria<br />
atingido em cada uma delas.<br />
A expressão escrita é um meio poderoso de comunicação e<br />
aprendizagem que requer o domínio apurado de técnicas e estratégias<br />
precisas, diversas e sofisticadas. As funções da escrita<br />
são múltiplas e variadas: escreve-se para identificar algo<br />
ou alguém, para mobilizar a ação, para recordar, para satisfazer<br />
pedidos ou exigências, para refletir, para aprender e para criar<br />
(Grabe & Kaplan, 1996).<br />
(…)<br />
Por conhecimento explícito entende-se a progressiva<br />
consciencialização e sistematização do conhecimento implícito<br />
no uso da língua.<br />
(…)<br />
[Assim,] na perspetiva da educação básica, é função da escola<br />
promover o desenvolvimento da consciência linguística<br />
dos alunos com o grau de sistematização necessário para que<br />
possam mobilizá-la com objetivos estritamente cognitivos e<br />
com objetivos instrumentais.<br />
Inês Sim-Sim et alii, A Língua Materna na Educação Básica. Competências<br />
Nucleares e Níveis de Desempenho.<br />
Ministério da Educação. Departamento da Educação Básica, Lisboa, 1997.<br />
Conhecimento Explícito da Língua<br />
Coerência e Coesão<br />
1. Coerência<br />
Os falantes, ao produzirem enunciados – orais ou escritos –,<br />
veiculam o seu conhecimento de factos, objetos, acontecimentos,<br />
estados de coisas, i.e., do mundo tal como o apreendem<br />
cognitivamente. Esta apreensão inteletiva encontra-se<br />
na base tanto da produção de frases, enunciados ou, sobretudo,<br />
de textos como da receção desses mesmos produtos linguísticos.<br />
Com efeito, um interlocutor (ouvinte/leitor) coloca<br />
o seu conhecimento do mundo ao serviço da interpretação<br />
dos enunciados, de forma a reconstruir os seus sentidos.<br />
Daqui se conclui que a comunicação, para se processar, exige<br />
um saber compartilhado por parte dos falantes envolvidos nas<br />
trocas verbais, enquanto fator fundamental para a construção<br />
de coerência.