18.04.2013 Views

3º Ciclo

3º Ciclo

3º Ciclo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A estrutura dos textos narrativos<br />

Há uma diversidade de textos narrativos: a lenda, o conto,<br />

a fábula, … A narrativa, que é também um texto de estrutura<br />

narrativa, é provavelmente o tipo de texto que tem sido alvo<br />

de mais atenção e que suscitou maior número de pesquisas<br />

em educação os últimos 10 anos, razão pela qual as noções<br />

de gramática da narrativa e esquema da narrativa entraram<br />

há alguns anos no meio escolar.<br />

Enquanto que a gramática da narrativa tem a ver com a<br />

estrutura dos textos, o esquema da narrativa diz respeito ao<br />

leitor e pode ser definido como “uma representação interna<br />

idealizada das partes de uma narrativa típica” (Mandler e<br />

Johnson, 1977, p. 111). O esquema da narrativa é relativo a<br />

uma estrutura cognitiva geral no espírito do leitor, que este<br />

utiliza para tratar a informação da narrativa. O leitor utiliza<br />

este esquema para prever o que se vai passar, a seguir, na história,<br />

para determinar os elementos importantes da mesma, …<br />

A estrutura dos textos informativos<br />

Os alunos têm mais dificuldades em compreender os textos<br />

informativos do que os narrativos. Certos autores, entre<br />

os quais Muth (1987a), explicam esta situação pelo facto de os<br />

textos informativos conterem muitas vezes um conteúdo não<br />

familiar, conceitos novos, frases longas e estruturas sintáticas<br />

complexas. Outros, invocam, por outro lado, a falta de interesse<br />

e de motivação dos alunos perante este género de<br />

texto (Armbruster et al, 1987; Spiro e Taylor, 1987).<br />

O leitor hábil aborda o texto com um certo conhecimento do<br />

modo como os textos estão organizados e escolhe, do seu repertório<br />

de estruturas, a que corresponde melhor à estrutura<br />

do texto que vai ler. Certos aspetos do texto, certas marcas indicam-lhe<br />

o tipo de estrutura utilizada pelo autor. Apesar da<br />

habilidade de se servirem da estrutura do texto se desenvolver<br />

com o tempo, pode acontecer que os leitores não utilizem essa<br />

estrutura porque não sabem que é útil fazê-lo; daí, a importância<br />

de ensinar esta habilidade.<br />

Escrita<br />

Excertos de Jocelyne Giasson, A Compreensão na Leitura.<br />

Coleção “Práticas Pedagógicas”, Porto, Edições ASA, 2000.<br />

O texto escrito<br />

Segundo Ducrot e Schaeffer (1995: 494), “on définira le<br />

texte ici comme une chaîne linguistique parlée ou écrite formant<br />

une unité communicationnelle, peu importe qu’il s’agisse<br />

d’une séquence de phrases, d’une phrase unique, ou d’un<br />

fragment de phrase”. Neste sentido, o texto é entendido como<br />

Textos Para Reflexão<br />

objeto falado ou escrito e a unidade linguística de base que o<br />

caracteriza é dada como comunicacional (cf. Adam, 1990;<br />

Fonseca, 1992; Nerlich e Clarke, 1999).<br />

O objeto texto define-se pois em termos de conteúdo e de<br />

função, envolvendo-se aqui o nível semântico (significação<br />

global do texto) e o nível pragmático (função global, enquanto<br />

ato de linguagem). Estes dois níveis dizem respeito a dois<br />

tipos de coerência que se determinam mutuamente, e que<br />

correspondem às propriedades internas do texto (estruturas)<br />

e às externas (condições às quais estão submetidas as suas<br />

ocorrências em contextos específicos, as suas funções e os<br />

seus efeitos nesses mesmos contextos) (Van Dijk, 1981).<br />

No entanto, se se conceber o texto escrito numa materialidade,<br />

ou melhor, numa espacialidade (gráfica e visual) que<br />

lhe é própria e característica, diferente da materialidade do<br />

texto oral, ter-se-á que repensar os conceitos de escrita e de<br />

texto elaborados até ao presente. A organização do texto na<br />

página vai desde logo contribuir para a sua legibilidade. Entendo<br />

aqui por legibilidade a possibilidade de se ler e interpretar<br />

um texto através da ordenação (ou organização) visual<br />

de todos os seus elementos (no sentido de os colocar numa<br />

dada ordem e com uma determinada configuração significativas).<br />

Segundo Foucault (1966: 53), é uma tendência própria<br />

do homem, no espaço do saber, o ordenar e o configurar as<br />

diversas formas do conhecimento empírico.<br />

Com efeito, o texto escrito, embora admita variação estilística,<br />

é regido por um conjunto de regras espaciais, ortográficas,<br />

morfológicas, sintáticas e lexicais, válidas para a totalidade<br />

dos falantes do português europeu, por exemplo, e esse conjunto<br />

normativo é comummente designado por escrita padrão.<br />

É porque o sistema de escrita é normativo que se podem aferir<br />

correções ou incorreções na prática de escrita, isto é, desvios<br />

relativos a essa dita norma.<br />

O mesmo não se verifica em relação ao conceito de norma<br />

linguística (ou normas) apontado para uma dada língua falada,<br />

pertença de todos os indivíduos inseridos numa mesma<br />

comunidade linguística, daí que Coseriu (1978) tenha substituído<br />

os conceitos de correto/incorreto da tradição gramatical<br />

pelos conceitos de normal/anormal. Assim, segundo o<br />

autor, os “erros” no falar ocorrem, não porque “não se fale<br />

bem ou de maneira exemplar” numa comunidade linguística,<br />

mas sim porque determinados usos, embora admitidos pelo<br />

sistema linguístico de uma comunidade, não estão consagrados<br />

como “normais” nessa e por essa mesma comunidade. A<br />

viabilidade de um número infinito de escolhas linguísticas,<br />

por um qualquer falante, associada à aceitabilidade social,<br />

acarreta uma outra: um maior liberalismo gramatical, que<br />

é desejável, segundo Cunha e Cintra (1987). No caso do texto<br />

escrito, não é concedido espaço a esse liberalismo.<br />

Sintetizando, então, o que foi exposto, posso considerar<br />

o texto escrito como um objeto linguístico visual cujos<br />

71

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!