Não tenhais medo! - Centenário das Aparições de Fátima. 1917-2017
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“Sei em quem coloquei a minha confiança”<br />
A pergunta pelo sentido (não só <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados momentos<br />
e circunstâncias da vida, mas pela totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa mesma vida)<br />
reveste-se <strong>de</strong> traços que configuram uma inevitabilida<strong>de</strong> constitutiva<br />
da própria condição humana. Na verda<strong>de</strong>, o ser humano não só<br />
é e não se contenta só com viver. Ele quer ser bem e aspira a uma<br />
vida boa. Ele tem necessida<strong>de</strong> absoluta <strong>de</strong>ste ser bem e <strong>de</strong>sta vida<br />
boa para que o seu viver possa ser experimentado como verda<strong>de</strong>iramente<br />
humano, como algo que vale a pena e que tem sentido.<br />
É, mesmo, nesta pergunta pelo sentido que po<strong>de</strong>mos encontrar a<br />
primeira expressão <strong>de</strong> que o ser humano não é um facto meramente<br />
natural, estando constitutivamente aberto a realida<strong>de</strong>s e valores que<br />
po<strong>de</strong>m conferir dignida<strong>de</strong> e dimensão humana à sua vida 4 .<br />
A pergunta pelo sentido coloca-se, pois, num âmbito <strong>de</strong> totalida<strong>de</strong>.<br />
É toda a existência humana que é abrangida pelo sentido,<br />
é o ser humano todo que se sente interpelado e comprometido<br />
neste processo. Só neste contexto <strong>de</strong> totalida<strong>de</strong>, que abrange entendimento,<br />
vonta<strong>de</strong> e ação, po<strong>de</strong> a existência <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser um mero<br />
viver para passar a ser vida humana, a minha/nossa vida humana.<br />
Estamos, portanto, perante uma daquelas questões capazes <strong>de</strong> qualificar<br />
e tipificar o humano enquanto tal, <strong>de</strong>vendo, por isso, ser<br />
consi<strong>de</strong>rada como critério <strong>de</strong>terminante na distinção que po<strong>de</strong>mos<br />
estabelecer entre este e os restantes animais 5 , ou, para dizer <strong>de</strong> outra<br />
maneira, a pergunta pelo sentido configura uma dimensão constitutiva<br />
do ser humano 6 .<br />
Bastam estas pequenas referências para percebermos como<br />
na pergunta pelo sentido da vida resi<strong>de</strong> umas <strong>das</strong> expressões mais<br />
peculiares do viver humano e uma <strong>das</strong> formas mais originais e<br />
4 Cf. a este propósito Juan Martín Velasco, El hombre y la religión,<br />
PPC, Madrid 2002, 146.<br />
5 Ibi<strong>de</strong>m, 147.<br />
6 Esta é a opinião claramente <strong>de</strong>fendida por Juan Alfaro. Cf. De la<br />
cuestión <strong>de</strong>l hombre…, 13-14.<br />
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