Não tenhais medo! - Centenário das Aparições de Fátima. 1917-2017
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Abílio Pina Ribeiro<br />
A fé <strong>de</strong> Maria é um acto <strong>de</strong> amor e <strong>de</strong> docilida<strong>de</strong>, um ato<br />
livre, se bem que suscitado por Deus, misterioso como misterioso é<br />
todo o encontro entre a graça e a liberda<strong>de</strong>. Tal é a verda<strong>de</strong>ira gran<strong>de</strong>za<br />
pessoal <strong>de</strong> Maria, a sua bem-aventurança proclamada por Isabel<br />
(“Feliz aquela que acreditou no cumprimento <strong>das</strong> palavras do<br />
Senhor: Lc 1, 45) e confirmada pelo próprio Jesus (“Felizes aqueles<br />
que escutam a palavra <strong>de</strong> Deus e a realizam”: Lc 11, 27).<br />
Viveu a fé com uma intensida<strong>de</strong> singular, mas o seu caminho<br />
não foi iluminado e fácil, antes uma penosa travessia pela “noite<br />
escura”. Guardava no seu interior tudo o que acontecia, tudo o<br />
que via, tudo o que escutava (cf. Lc 2, 19. 51) e ia-o amadurecendo,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> as promessas aos “mistérios” que envolviam aquele Filho<br />
amado. As promessas diziam-lhe que Ele seria gran<strong>de</strong> e reinaria<br />
para sempre. O mistério a<strong>de</strong>nsava-se, porém, sempre que a dura<br />
realida<strong>de</strong> parecia <strong>de</strong>smentir as profecias e as promessas: assim acontecia,<br />
por exemplo, quando via Jesus pequeno e pobre, ou quando<br />
alguns parentes julgavam que Ele estava louco e, sobretudo, quando<br />
Ele agonizava no Calvário. O seu coração <strong>de</strong> Mãe partia-se <strong>de</strong><br />
dor e só a plena confiança em Deus a fazia manter-se “inteira”.<br />
Maria “progrediu na fé, ou seja, à medida que caminhava pela vida<br />
foi crescendo e aperfeiçoando-se na fé 5 .<br />
Maria é a primeira a quem se po<strong>de</strong> aplicar outra bem-aventurança:<br />
“Felizes os que crêem sem terem visto” (Jo 20, 29). Ela<br />
acreditava que o seu Filho era o Filho <strong>de</strong> Deus, mas não via senão<br />
um homem com uma história semelhante à <strong>de</strong> tantos outros. Só<br />
com os olhos dóceis da fé “via mais além”.<br />
Há duas brevíssimas palavras que Maria pronunciou na altura<br />
da Anunciação: “Eis-me aqui” e “Faça-se” (ou “Amen”, “Sim”<br />
(cf.Lc 1, 38). São as duas palavras que todo o peregrino <strong>de</strong>ve proferir<br />
ao chegar ao Santuário <strong>de</strong> <strong>Fátima</strong>: “Eis-me aqui, ó Mãe, disposto<br />
a dizer “sim”, como Tu, à vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus.<br />
5 Cf. CONC. VATICANO II, Ib, 58.<br />
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