Não tenhais medo! - Centenário das Aparições de Fátima. 1917-2017
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Dêmos razões da nossa esperança<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus. Mas em nome do humanismo, ao qual Henri<br />
<strong>de</strong> Lubac chama humanismo ateu, a Europa tornou-se num matadouro,<br />
com duas guerras mundiais e duas ditaduras assassinas<br />
chefia<strong>das</strong> por Hitler e Stalin.<br />
Mesmo quando lemos a Ilíada e a Odisseia e as comparamos<br />
com a Bíblia <strong>de</strong>scobrimos duas perspetivas opostas da divinda<strong>de</strong>. Nos<br />
clássicos gregos até os melhores mortais estão sujeitos ao capricho<br />
dos <strong>de</strong>uses, é na cultura grega clássica que é criada a palavra tragédia<br />
para significar essa mesma impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mesmo os melhores<br />
se libertarem dos caprichos divinos. E no nosso tempo tornamos a<br />
encontrar esta perspetiva trágica da nossa existência em séries <strong>de</strong> televisão<br />
como “The Wire” (A escuta) criada por David Simon entre<br />
2002 e 2008, “The Shield” criada por Shawn Ryan também entre<br />
2002 e 2008, ou mesmo “Lost” (Perdidos) criada por Jeffrey Lieber,<br />
J. J. Abrams e Damon Lin<strong>de</strong>lof nos anos 2004-2010. Também na<br />
literatura <strong>de</strong>sta época pós-mo<strong>de</strong>rna nos é apresentado esse sentido<br />
trágico da existência humana como por exemplo na trilogia dos “Jogos<br />
da Fome” (The Hunger Games) escrito por Suzanne Collins 4 .<br />
To<strong>das</strong> as histórias que nos contam, os filmes que vemos, as<br />
músicas que ouvimos, os romances que lemos nos falam da vitória<br />
do bem sobre o mal. Todos os contos <strong>de</strong> fa<strong>das</strong> nos dizem que o<br />
amor é o “feitiço” mais po<strong>de</strong>roso. Toda a nossa cultura está permeada<br />
da busca incansável do homem por alcançar a felicida<strong>de</strong>; a<br />
esperança surge como garantia <strong>de</strong>sse objetivo.<br />
S. Agostinho logo no início do seu livro “Confissões” escreve:<br />
“Nos criastes para Vós e o nosso coração vive inquieto, enquanto<br />
não repousar em Vós”. A vida humana só ganha verda<strong>de</strong>iro sentido<br />
quando nos aproximamos <strong>de</strong> Deus, nos elevamos da mediocrida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> uma vida vazia e sem futuro e abrimos os nossos horizontes.<br />
4 COLLINS, SUZANNEO, Os Jogos da Fome, Editorial Presença, Lisboa,<br />
2009; Em Chamas, Editorial Presença, Lisboa, 2010; A Revolta, Editorial<br />
Presença, Lisboa, 2011<br />
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