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Não tenhais medo! - Centenário das Aparições de Fátima. 1917-2017

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«A vossa face Senhor eu procuro!» – O paradoxo <strong>de</strong> Deus velado e revelado<br />

Deus Pai: falador no batismo, silencioso na cruz – também os<br />

Evangelhos dão nota <strong>de</strong> como Deus é palavra e é silêncio. Também<br />

Jesus Cristo, o Filho <strong>de</strong> Deus feito homem, fez essa experiência <strong>de</strong><br />

Deus ora próximo ora distante. No vale do Jordão, quando Jesus<br />

se faz batizar por João, o Pai faz ouvir a sua voz, faz ver a sua intimida<strong>de</strong>:<br />

«Tu és o meu Filho muito amado» (Mc 1, 11). É Deus<br />

revelando-se ao extremo, mostrando-se naquilo que é em si: uma<br />

comunhão amorosa <strong>de</strong> pessoas. Entre as oliveiras do Getsémani<br />

e sobre o cume do Calvário, porém, o Deus Pai <strong>de</strong> Jesus parece<br />

escon<strong>de</strong>r-se: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste»<br />

(Mc 15, 34)? A fé cristã acredita que a resposta a esta pergunta<br />

chegou três dias <strong>de</strong>pois. Mas durante esses três dias, o Pai parece<br />

mesmo ter-se calado.<br />

Deus Filho: o rosto transfigurado e <strong>de</strong>sfigurado – «Quem me vê,<br />

vê o Pai» (Jo 14, 8). Com estas palavras Jesus respondia não só a<br />

Filipe, nem somente ao clamor do salmista: «A vossa face, Senhor,<br />

eu procuro» (Sl 27, 8). Ele respondia a um anseio profundo do coração<br />

humano: ver a Deus. No rosto <strong>de</strong> Jesus se resolve essa incessante<br />

procura. Deus livremente mostra o que, há tanto, o homem<br />

buscava e lhe pedia. No alto do Tabor, Jesus revela o esplendor<br />

divino do seu rosto humano. Segundo S. Lucas, «o aspeto do seu<br />

rosto modificou-se» (Lc 9, 29). Transfigurando-se, o rosto <strong>de</strong> Jesus<br />

revela-se no tempo com os seus contornos <strong>de</strong> eternida<strong>de</strong>; revela-se<br />

na humanida<strong>de</strong> com os contornos da divinda<strong>de</strong>. O mesmo Jesus, o<br />

mesmo rosto, porém, surgem na cruz com todo um outro aspeto.<br />

Aí não resplan<strong>de</strong>ce a luminosa glória <strong>de</strong> Deus. Aí escandaliza-nos<br />

«o seu rosto <strong>de</strong>sfigurado», «sem figura nem beleza» e «diante do<br />

qual se tapa o rosto» (cf. Is 52, 13 - 53, 12). No sepulcro, o rosto<br />

<strong>de</strong> Cristo é escondido pelos panos com que se envolve aquele corpo<br />

agora arrefecido, porque morto.<br />

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