Não tenhais medo! - Centenário das Aparições de Fátima. 1917-2017
Não tenhais medo! - Centenário das Aparições de Fátima. 1917-2017
Não tenhais medo! - Centenário das Aparições de Fátima. 1917-2017
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Francisco Pereira<br />
Na Bíblia as coisas são muito diferentes: Deus criou o mundo,<br />
os homens e as mulheres que nele vivem, com uma ligação<br />
direta com o criador através do culto e da oração e por isso já não<br />
joguetes, mas livres e responsáveis. O Deus <strong>de</strong> Abraão, Isaac e Jacob<br />
entra na história e faz-se nosso companheiro na peregrinação<br />
da vida. Estar em comunhão com Ele era ser libertado do <strong>de</strong>stino,<br />
libertado para a liberda<strong>de</strong> e para a excelência humana.<br />
O que a Fé cristã apresenta como liberda<strong>de</strong>, o humanismo<br />
ateu apresenta como escravidão, mas foram as formas concretas <strong>de</strong><br />
realização <strong>de</strong>ste humanismo que acabaram por <strong>de</strong>struir bilhões <strong>de</strong><br />
vi<strong>das</strong> ao colocar as pessoas umas contra as outras em guerras e revoluções<br />
constantes à procura <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> tão perfeita que ia<br />
eliminando os sinais <strong>de</strong> imperfeição: as pessoas.<br />
Mas no meio <strong>das</strong> trevas surgem sempre pequenas luzes que<br />
alimentam a esperança: Maximiliano Kolbe e S. Teresa Benedita da<br />
Cruz (Edith Stein), judia, filósofa e carmelita que a dado passo da<br />
sua vida dizia que a alternativa a este humanismo ateu é o humanismo<br />
cristão, um humanismo fundado nas três virtu<strong>de</strong>s teologais da<br />
Fé, Esperança e Carida<strong>de</strong>. Este humanismo cristão foi bem explicado<br />
por Niebuhr: “Nada que mereça a pena fazer po<strong>de</strong> ser alcançado<br />
no <strong>de</strong>curso da nossa vida; por conseguinte, teremos <strong>de</strong> ser salvos<br />
pela esperança. Nada que seja verda<strong>de</strong>iro, ou belo ou bom faz pleno<br />
sentido no contexto imediato da história; por conseguinte, teremos<br />
<strong>de</strong> ser salvos pela fé. Nada que façamos, por muito virtuoso que<br />
seja, po<strong>de</strong> ser conseguido somente com as nossas forças; por conseguinte<br />
teremos <strong>de</strong> ser salvos pelo amor. Nenhum gesto <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong><br />
parece tão virtuoso do ponto <strong>de</strong> vista do nosso amigo quanto do<br />
nosso próprio ponto <strong>de</strong> vista. Por conseguinte teremos <strong>de</strong> ser salvos<br />
pela forma última do amor que é o perdão” 5 .<br />
5 Reinhold Niebhur (teólogo americano, 1892-†1971) citado por Wilfred<br />
McClay no ensaio “The new irony in american history”, First Things, Fevereiro<br />
<strong>de</strong> 2002.<br />
76